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COLUNISTAS

A História e funcionamento dos compressores analógicos

15/09/2023 - 17:17h
Atualizado em 18/09/2023 - 17:54h

 

Caro leitor.

Este mês vou falar sobre a História e funcionamento dos compressores de áudio. Os compressores de áudio se dividem em cinco tipos básicos de funcionamento. Os mais conhecidos são: Vari MU (controlado por válvula), o Óptico (controlado por uma fotocélula ), Compressor com diodos em ponte, o controlado por FET (Field Effect Transistor) e o Voltage Controlled Amplifier ( VCA).

 

Um pouco da História.

 

As primeiras transmissões de voz foram de uso militar para instalações militares e governamentais. Naquele momento não havia a necessidade de uma melhor qualidade de som, tampouco controle automático do ganho do microfone. O importante era a compreensão clara da mensagem. Com a abertura de emissoras de radio para fins comerciais, surgiu à necessidade de melhor qualidade do áudio. Podemos imaginar como seria desagradável uma transmissão de voz sem um processamento dinâmico automático, o que até então não existia. Só dependia da habilidade do operador em controlar o ganho do microfone manualmente.

 

O primeiro compressor de áudio foi projetado no inicio dos anos 30 pela Telefunken. O equipamento modelo U3 foi usado oficialmente pela primeira vez em 1936, na cerimônia de abertura dos jogos olímpicos em Berlin, para controlar o nível do PA.  Infelizmente não encontrei imagens do modelo U3. Poucas unidades foram produzidas e não deve ter sobrado nenhuma.

 

 



 

Em 1937 a Western Electric lançou o primeiro limitador de pico para uso em emissoras  comerciais: o modelo 110A. Em seguida a RCA lança o modelo RCA-96ª. Ambos eram grandes, pesados e de funcionamento simples. Basicamente eliminavam excessos da modulação. Naquela época foi um salto tecnológico. O limitador resolvia o problema dos operadores de áudio que não mais precisavam ajustar o ganho manualmente em tempo real.

 

Em 1940 na Europa a Telefunken lançava a próxima geração de compressores de áudio, o U13 e depois o U73, que foi o primeiro compressor de ponte de diodos. Dizem alguns historiadores que o U73 é a gênese dos compressores modernos. Do outro lado do atlântico na década de 50, a RCA produziu BA-6A. O compressor / Limitador, considerado revolucionário na época, foi um item essencial para o bom funcionamento de qualquer emissora ou estúdio de gravação. Tornou-se praticamente um padrão para cortes de discos, melhorando sensivelmente a relação sinal ruído dos produtos. Hoje o compressor Limitador BA-6A é um modelo histórico com alto valor financeiro.

 

 

 

 

Em 1958 a Teletronix lança o LA-2ª, ainda usando o circuito totalmente valvulado, mas com alguns componentes modernos pra época. Por exemplo, os diodos retificadores de silício e a sofisticada Foto Célula T4. O compressor Limitador com controle baseado em foto célula trouxe a capacidade de preservar a impressão dinâmica até quando usado em situação extrema. Com a popularização dos transistores, a empresa lança o LA-3. Um compressor totalmente transistorizado. Porem usando a bem sucedida electro optical cell T4. Na década de 60 tornou-se frequente o compressor por ponte de diodos. Tratava-se do uso de diodos configurados como uma ponte retificadora para converter o sinal de áudio AC em DC. O sinal já convertido em voltagem é usado para controlar o circuito de ganho. Os compressores que usam diodos em ponte (como o NEVE 33609) são mais rápidos que os óticos e tem menor distorção que os controlados por FET (como o 1176).

 

 

 

 

 

Entre o final dos 60´s e inicio dos 70´s começam a aparecer os compressores com resposta rápida. Os controlados por FETs da Urei (clássicos 1176) e o EMT 156, controlado por Pulse Width Modulation (PWM). O uso do PWM não se tornou tão popular com o controlado por FET. A partir de meados dos anos 70, David Blackmer, da DBX, desenvolveu o Voltage Controlled Amplifier ( VCA) no formato Black Can (montados com componentes discretos dentro de uma lata). Mais um grande salto foi dado pela engenharia eletrônica em favor da indústria do entretenimento. A aplicação do VCA foi gigantesca. Após isso foram criados consoles com Total Recall por exemplo. Nos anos 80 o projetista Bob Orbam criou os compressores multibanda híbridos digitalmente controlados  usados em Broadcast. Muitos fabricantes de consoles como

 

 

MCI, Sony e Yamaha apenas para citar alguns, também  aproveitaram  essa tecnologia. O uso do VCA fabricado em formato de circuito integrado pela THAT®  nos compressores, também possibilitou maior acesso ao equipamento. Desde os anos 90 é possível cada vez mais encontrar equipamentos de custo aceitável como consoles equipados com compressores em todos os canais.

 

 



Black Can feita pelo David Blackmer  instalada na placa de um DBX 165A

 

 

Os compressores / Limitadores continuam usando essas consagradas tecnologias. Nada eficiente apareceu desde então. Mas acho que nem precisa...  Desde o Vari MU até o VCA , os projetistas só têm melhorado seus projetos com o aumento das facilidades através dos anos. Imagine quanto custou para a RCA desenvolver o Limiter  BA-6A  nos anos 50 ?

 

 

 

 

 

Na segunda parte do artigo vou descrever em detalhes o funcionamento e características de cada um dos 5 tipos de compressores. Embora o conceito seja o mesmo, a diferença entre as topologias  e suas particularidades promovem grandes mudanças no resultado. Coisas do mundo analógico.

 

 

 

 

A História e funcionamento dos compressores analógicos
Cesar Portela

COMENTÁRIOS

O capacitor envelhece em um equipamento pouco usado também? Ou ele degrada principalmente com o uso? Por exemplo, um equipamento da década de 80 muito pouco usado precisaria de recap por desgaste do tempo?

- Henrique M

Ótimo, vai ajudar muito! Cesar é fantástico, ótima matéria!

- adriano vasque da

Saudades da Paranoia saudável que tínhamos no Freeeeeee Jazzzzzz Festival (imitando Zuza em suas apresentações magnificas) Parabéns Farat Forte abraço

- Ernani Napolitano

Artigo incrivel! Extremamente realista e necessário, obrigado mestre!

- Jennifer Rodrigues

Depois de 38 anos ouvindo o disco, eis q me deparo com a história dele. Multo bom!! Abrss

- Fernando Baptista Junqueira

Que maravilha de matéria, muito verdadeira é muito bem escrita, quem viveu como eu esta época, só pode agradecer pela oportunidade que Deus me concedeu. Vou ler todas, mas tinha que começar por esta… abraços…

- Caio Flávio

Só li verdades! Parabéns pela matéria Farat

- Guile

Ótimo texto Zé parabéns !!!!! Aguardando os próximos!!!

- Marco Aurélio

Adoro ver e rever as lives do Sá! Redescobri várias músicas da dupla valorizadas pela execução nas "Lives do Sá". Espero que esse trabalho volte de vez em quando. O Sá, juntamente com o Guilherme Arantes e o Tom Zé, está entre os melhores contadores de casos da MPB. Um livro com a história da dupla/trio escrito por ele seria muito interessante!

- Bruno Sander

Ontem foi um desses dias em que a intuição está atenta. Saí a caminhar pela Savassi sabendo que iria entrar naquela loja de discos onde sempre acho algo precioso em vinil. Já na loja, fui logo aos brasileiros e lá estavam o Nunca e o Pirão de Peixe em ótimo estado de conservação, o que é raríssimo. Comprei ambos. O 2º eu já tinha, meio chumbado. O Nunca eu conhecia de CD, e tem algumas das músicas que mais gosto da dupla, p. ex. Nuvens d'Água (acho perfeita), Coisa A-Toa (alusão à ditadura?), e outras. Me disseram que o F. Venturini é fã do Procol Harum, e realmente alguns solos de órgão dele fazem lembrar a banda inglesa.

- João Henrique Jr.

Que maravilha de matéria. Me transportei aos anos de ouro da música brasileira

- Sidney Ribeiro

Trabalho lindão. Parabéns à todos os envolvidos!

- Anderson Farias de Melo

O que dizer do melhor disco da música nacional(minha opinião). Tive o prazer em ver eles como dupla e a volta como trio em um shopping da zona leste de sampa. Lançamento do disco outra vez na estrada. Espero poder voltar a vê-los novamente, já que o Sa hoje mora fora do Brasil. E essa Pandemia, que isolou muito as pessoas. Obrigado por vocês existirem como músicos, poetas e instrumentistas. Vocês são F..., Obrigado, abracos

- Luiz antonio Rocha

Que maravilha Querido Paulinho Paulo Farat!! Obrigado por dividir conosco momentos tão lindos , pela maravilha de pessoa e imenso talento que Vc sempre teve, tem e terá, sempre estará no lugar certo e na hora certa ! Emocionante! Tive a honra de trabalhar muitas vezes com Vc, em especial na época do Zonazul , obrigado por tudo, parabéns pela brilhante carreira e que Deus Abençõe sempre . Bjbj

- Michel Freidenson

Mais uma vez um texto sensacional sobre a história da música e dos músicos brasileiros. Parabéns primo e obrigado por manter viva a memória dessas pessoas tão especiais para nós E vai gravar o vídeo desta semana! Kkkk

- Carlos Ronconi

Grande Farat!!! Bacana demais a coluna! Cheio de boas memorias pra compartilha!!!

- Luciana Lee

Valeu Paulo Farat por registrar nosso trabalho com tanto carinho e emoção sincera. Foram momentos profissionais muito importantes para todos nós. Inesquecíveis ! A todos os membros de nossa equipe,( e que equipe! ) Nosso Carinho e Saudades ! ???? ???????????????????? Guilherme Emmer Dias Gomes Mazinho Ventura Heitor TP Pereira Paulo Braga Renato Franco Walter Rocche Hamilton Griecco Micca Luiz Tornaghi Carlão Renato Costa Selma Silva Marilene Gondim Cláudia Zettel (in memoriam) Cristina Ferreira Neuza Souza

- Alberto Traiger

Depois de um ano de empresa 3M pude fazer o bendito carnê e comprei uma vitrolinha (em 12X) e na mesma hora levei Pirão, Quatro (Que era o novo), Es´pelho Cristalino e Vivo do Alceu, fiquei um ano ouvindo e pirando sem parar, depois vi o show do Quatro em Campinas. Considero o mais equilibrado de todos, sendo que sempre pendendo pro rural e nem tanto pro urbano, um disco atemporal podendo ser ouvido em qualquer situação, pois levanta o astral mesmo. No momento, Chuva no campo é ''a favorita'', mas depois passa e vem outra, igualzinho à aquela banda de Liverpool, manja????

- Ademilson Carlos de Sá

B R A V O!!! Paulo Farat não esqueça: “Afina isso aí moleque!” Hahahaha Tremendo profissional, sou teu fã, Grande abraço!

- Dudu Portes

Show é sensacional. Mas a s sensação intimista de parecer que a live é um show particular, dentro da sua casa, do seu quarto, é impagável. Parabéns família, incluindo Guarabyra e Tommy...

- Ricardo Amatucci

Paulo Farat vai esta nas lives do Papo Na Web a partir de amanha apresentando "Os Albuns Que Marcaram As Nossas Vidas"" Não percam, www.facebook.com/depaponaweb todas as terças-feiras as 20:00 horas

- Carlos Ronconi

Caro Luiz Carlos Sá, as canções que vocês fazem são maravilhosas, sinto a energia de cada uma. Tornei-me um admirador do trabalho de vocês no final dos anos 1970 com o LP Quatro e a partir de então saí procurando os discos de vocês, paguei um preço extorsivo pelo vendedor, os LP's "Casaco Marrom" do Guarabyra e "Passado, Presente e Futuro" (primeiro do Trio), mas valeu. tenho todos em LP's e CD's até o Antenas, depois desse só em CD's e o DVD "Outra Vez Na Estrada" exceto o mais recente "Cinamomo" mas em breve estarei com ele para curtir. A última vez que vi um show da dupla (nunca vi o trio em palco), foi no Recife no dia 16/04/2016 na Caixa Cultural, vi as duas apresentações. Levei dois bolos de rolo pra vocês, mas o Guarabyra não estava. Quero registrar que tenho até o LP "Vamos Por Aí", todos autografados, que foi num show feito no Teatro do Parque, as apresentações seriam nos 14,15 e 16/10/1992 mas o Guarabyra perdeu o voo e só foram dois dias, no dia do seu aniversário e outro no dia 16. Inesquecível. Agora estou lendo essas crônicas maravilhosas. Grande abraço forte e fraterno e muita saúde e sucesso pra vocês, sempre. P.S. O meu perfil no Facebook é Xavier de Brito e estou lá como Super Fã.

- Edison Xavier de Brito

Me lembro de ter lido algumas destas crônicas dos discos quando voce as publicou no Facebook em 2013, Sá. Muito emocionante reler e me emocionar de novo. Voces foram trilha sonora importantíssima dos últimos anos da minha vida. Sou de 1986, portanto de uma geração mais nova que escuta voces. Gratidão e vida longa a voces!

- Luiz Fernando Lopes

Salve!!! Que maravilha conhecer essas histórias de discos que fazem parte da minha vida. Parabéns `à Backstage e ao Sá! E, claro, esperando a crônica do Pirão. Esse disco me acompanha há mais de quarenta anos! Minhas filhas escutaram desde bebês e minha neta, que vai nascer agora em setembro, vai aprender a cantar todas as músicas!

- Maurício Cruz

com esse time de referências musicais (exatamente as minhas) mais o seu talento, não tem como não fazer música boa!!!! parabéns!!! com uma abraço de um fã que ouve seus discos desde essa época!

- nico figueiredo

Boa noite amigo, gostei muito das suas explicações, pois trabalho com mix gosto muito mesmo e assistindo você falando disso tudo gostei muito um abraço.

- Rubens Miranda Rodrigues

Obrigado Sá, obrigado Backstage, adoro essas histórias, muito bom, gostaria de ouvir histórias sobre as letras tbém, abç.

- Robson Marcelo ( Robinho de Guariba SP )

Esperando ansioso o Pirão de Peixe e o 4. Meu primeiro S&G

- Jeferson

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