Anuncio topo
COLUNISTAS

A História e o funcionamento da gravação magnética

15/08/2022 - 23:20h
Atualizado em 18/08/2022 - 06:14h


 

Caro leitor.

Hoje vamos falar sobre um dos meus assuntos preferidos. Desde os primórdios o homem tem a necessidade de contar e registrarhistórias. No inicio de tudo os homens das cavernas desenhavam nas paredes para registrar ou informar algo.  Anteriormenteà escrita, as pessoas passavam o conhecimento contando histórias, dos mais velhos para os mais jovens. O registro de uma imagem ou som só pôde ser sonhado depois de milhares de anos.

 

Adiantado nossa fita para o século 19, chegamos à Dinamarca, onde Valdemar Poulsen em 1898 desenvolve o Telegrafone. A primeira mídia magnética. O gravador usava um fio de aço como suporte de gravação.

 

 

Os estudos do Poulsen e do seu assistente Peder O. Pedersen continuaram.      E na primeira década do século 20,já estava disponível comercialmente um gravador de uso prático, mas com custo muito elevado. Isso o fez perder mercado em face ao melhor custo e qualidade sonora dos discos graváveis. Entretanto houve um crescimento no interesse para uso militar epor parte das empresas de radiofusão em função da possibilidade de um longo tempo de gravação.

 

 

 

Em 1937 o Marconi-Stille steel ribbon recorder era a melhor solução em temos de qualidade e duração de programa para a BBC de Londres. Mas na verdade o uso de fio ou fita de aço não era nada conveniente.

 

 

 

Nos anos 40, o uso do gravador de fio estava popularizado. O equipamento também conhecido como Electronic Memorytinhauso principalmente em escolas e escritórios da época.

 

 

 

O gravador de fita magnética

 

A ideia de usar uma fita de material macio com um pó de ferro impregnado na superfície foi proposta desde os anos 20 por A. Nasavischwily na Alemanha e Joseph A. O'Neill nos Estados Unidos, mas nenhum deles coseguiu pôr em prática. Foi então que, em 1928, o engenheiro alemão Fritz Pfleumer desenvolveu uma fita de papel revestida com oxido de ferro e fez o primeiro gravador de fita (não metálica) de rolo do mundo chamado de “Sound Paper Machine”. Mas ele falhou no resultado, não conseguindo produzir uma boa qualidade de som. O maior problema é que a camada de oxido não aderiu bem e soltou partículas nas cabeças e todos os guias. Devido a isso, tornou-se conhecida como“Sandpaper Machine”a Lixadeira.  Que maldade...

 

Em 1930 Pfleumer recebeu os direitos de patente e tentou comercializar com os principais fabricantes na Alemanha, mas não despertou muito interesse. Isto porque apesar do potencial da tecnologia, faltava o resultado prático. No entanto, em 1932,o presidente da Allgemeine Elektricitäts-Gesellschaft(AEG) mostrou interesse e comprou os direitos de patente do Pfleumer. AEG montou imediatamente um laboratório de pesquisaem gravação magnética e começou a melhorar o som. A AEG precisava de especialistas em química para melhorara fita magnética e procurou aIG Farben, (mais tarde BASF) que desenvolveu o projeto da fita magnética. Enquanto isso a AEG colocou seus esforços em pesquisa e desenvolvimento para melhorar a maquina do gravador. Então nasceu o “Magnetophon”. O gravador de fita como conhecemos.

 

 

 

 

Naqueles dias, os Estados Unidos e o Japão também desenvolviam pesquisas para melhorar os dispositivos de gravação. Seja para uso de radiodifusão ou comunicações militares. O exemplo disso: em 1936 os japoneses desenvolveram um fio mais eficiente para gravação chamado “Sendai Metal”(40% aço, 40% níquel e 20% cobre). Nos Estados Unidos, a Bell Labs realizava pesquisas sobre o efeito AC BIAS com o objetivo de melhor o desempenho dos gravadores de fio e fita de aço. A Bell Labs lança na Feira Mundial de Nova York de 1939, um gravador com transporte de fita em Loop, dotado de circuito AC BIASe estereofônico. A patente foi registrada em 1941 nos EUA.

 

Em meados 1945, poucos meses após a rendição da Alemanha,John Mullin do US Army Signal Corps encontrou ogravador modelo Magnetophon em uma estação de rádio nos arredores de Frankfurt.  Mullinestava pesquisando a tecnologia de comunicação alemã e ficou surpreso com o desempenho daquela maquina. Ao final do ano, ele havia recolhido vários gravadores e dezenas de fitas. O material foi enviado imediatamente para os Estados Unidos.

 

Chegando a San Francisco, com a ajuda de um amigo, Mullin começou a modificar o circuito dos gravadores para AC BIAS, pois se tratava de um modelo K4 que ainda usava DC BIAS. Com isso melhorou os MagnetophonsK4 confiscados. Após fazer testes com musica, Mullin ficou impressionado com a fidelidade do som e decidiu apresentar o equipamentoem uma reunião da IEEE na Califórnia.Com a acessória técnica do Mullin, a então pequena empresa Ampex Co. Ltd. conseguiu desenvolver em 1948 um novo gravador chamado Ampex 200. Dotado com uma cabeça de reprodução mais eficiente, circuito AC BIAS e cabeça de apagamento.

 

 

A era da gravação com fita magnética.

A partir de então se estabeleceu uma nova forma de produzir na indústria do entretenimento. Chegava ao fim da era do 100% ao vivo nas transmissões de radio. Agora os programas podiam ser gravados e distribuídos para todas as emissoras. Nas gravações, o erro não significava mais a perda de todo trabalho. Bastava só voltar a fitae retomar de onde errou. No cinema foi o grande salto com a edição de som. E claro, na produção musical, revolucionou a história e, por muitos, ela é usada até hoje.

 

Para finalizar o artigo, não poderia deixar de mencionar os grandes desenvolvedores que fizeram a História da gravação em fita. Na Europa com a Nagra,BASF, Studer, Philips e AEG. No Japão com Institute for Materials Research e Akai company, e nos Estados Unidos, com a Ampex. Na verdade não podemos creditar uma grande invenção a uma só pessoa, empresa ou povo. É fato que existe muita gente genial ao redor do globo buscando soluções para problemas e necessidade de cada época.

 

Na segunda parte do artigo falarei sobre o funcionamento e características dos gravadores e fitas magnéticas.

 

 

 

A História e o funcionamento da gravação magnética
Cesar Portela

COMENTÁRIOS

O capacitor envelhece em um equipamento pouco usado também? Ou ele degrada principalmente com o uso? Por exemplo, um equipamento da década de 80 muito pouco usado precisaria de recap por desgaste do tempo?

- Henrique M

Ótimo, vai ajudar muito! Cesar é fantástico, ótima matéria!

- adriano vasque da

Saudades da Paranoia saudável que tínhamos no Freeeeeee Jazzzzzz Festival (imitando Zuza em suas apresentações magnificas) Parabéns Farat Forte abraço

- Ernani Napolitano

Artigo incrivel! Extremamente realista e necessário, obrigado mestre!

- Jennifer Rodrigues

Depois de 38 anos ouvindo o disco, eis q me deparo com a história dele. Multo bom!! Abrss

- Fernando Baptista Junqueira

Que maravilha de matéria, muito verdadeira é muito bem escrita, quem viveu como eu esta época, só pode agradecer pela oportunidade que Deus me concedeu. Vou ler todas, mas tinha que começar por esta… abraços…

- Caio Flávio

Só li verdades! Parabéns pela matéria Farat

- Guile

Ótimo texto Zé parabéns !!!!! Aguardando os próximos!!!

- Marco Aurélio

Adoro ver e rever as lives do Sá! Redescobri várias músicas da dupla valorizadas pela execução nas "Lives do Sá". Espero que esse trabalho volte de vez em quando. O Sá, juntamente com o Guilherme Arantes e o Tom Zé, está entre os melhores contadores de casos da MPB. Um livro com a história da dupla/trio escrito por ele seria muito interessante!

- Bruno Sander

Ontem foi um desses dias em que a intuição está atenta. Saí a caminhar pela Savassi sabendo que iria entrar naquela loja de discos onde sempre acho algo precioso em vinil. Já na loja, fui logo aos brasileiros e lá estavam o Nunca e o Pirão de Peixe em ótimo estado de conservação, o que é raríssimo. Comprei ambos. O 2º eu já tinha, meio chumbado. O Nunca eu conhecia de CD, e tem algumas das músicas que mais gosto da dupla, p. ex. Nuvens d'Água (acho perfeita), Coisa A-Toa (alusão à ditadura?), e outras. Me disseram que o F. Venturini é fã do Procol Harum, e realmente alguns solos de órgão dele fazem lembrar a banda inglesa.

- João Henrique Jr.

Que maravilha de matéria. Me transportei aos anos de ouro da música brasileira

- Sidney Ribeiro

Trabalho lindão. Parabéns à todos os envolvidos!

- Anderson Farias de Melo

O que dizer do melhor disco da música nacional(minha opinião). Tive o prazer em ver eles como dupla e a volta como trio em um shopping da zona leste de sampa. Lançamento do disco outra vez na estrada. Espero poder voltar a vê-los novamente, já que o Sa hoje mora fora do Brasil. E essa Pandemia, que isolou muito as pessoas. Obrigado por vocês existirem como músicos, poetas e instrumentistas. Vocês são F..., Obrigado, abracos

- Luiz antonio Rocha

Que maravilha Querido Paulinho Paulo Farat!! Obrigado por dividir conosco momentos tão lindos , pela maravilha de pessoa e imenso talento que Vc sempre teve, tem e terá, sempre estará no lugar certo e na hora certa ! Emocionante! Tive a honra de trabalhar muitas vezes com Vc, em especial na época do Zonazul , obrigado por tudo, parabéns pela brilhante carreira e que Deus Abençõe sempre . Bjbj

- Michel Freidenson

Mais uma vez um texto sensacional sobre a história da música e dos músicos brasileiros. Parabéns primo e obrigado por manter viva a memória dessas pessoas tão especiais para nós E vai gravar o vídeo desta semana! Kkkk

- Carlos Ronconi

Grande Farat!!! Bacana demais a coluna! Cheio de boas memorias pra compartilha!!!

- Luciana Lee

Valeu Paulo Farat por registrar nosso trabalho com tanto carinho e emoção sincera. Foram momentos profissionais muito importantes para todos nós. Inesquecíveis ! A todos os membros de nossa equipe,( e que equipe! ) Nosso Carinho e Saudades ! ???? ???????????????????? Guilherme Emmer Dias Gomes Mazinho Ventura Heitor TP Pereira Paulo Braga Renato Franco Walter Rocche Hamilton Griecco Micca Luiz Tornaghi Carlão Renato Costa Selma Silva Marilene Gondim Cláudia Zettel (in memoriam) Cristina Ferreira Neuza Souza

- Alberto Traiger

Depois de um ano de empresa 3M pude fazer o bendito carnê e comprei uma vitrolinha (em 12X) e na mesma hora levei Pirão, Quatro (Que era o novo), Es´pelho Cristalino e Vivo do Alceu, fiquei um ano ouvindo e pirando sem parar, depois vi o show do Quatro em Campinas. Considero o mais equilibrado de todos, sendo que sempre pendendo pro rural e nem tanto pro urbano, um disco atemporal podendo ser ouvido em qualquer situação, pois levanta o astral mesmo. No momento, Chuva no campo é ''a favorita'', mas depois passa e vem outra, igualzinho à aquela banda de Liverpool, manja????

- Ademilson Carlos de Sá

B R A V O!!! Paulo Farat não esqueça: “Afina isso aí moleque!” Hahahaha Tremendo profissional, sou teu fã, Grande abraço!

- Dudu Portes

Show é sensacional. Mas a s sensação intimista de parecer que a live é um show particular, dentro da sua casa, do seu quarto, é impagável. Parabéns família, incluindo Guarabyra e Tommy...

- Ricardo Amatucci

Paulo Farat vai esta nas lives do Papo Na Web a partir de amanha apresentando "Os Albuns Que Marcaram As Nossas Vidas"" Não percam, www.facebook.com/depaponaweb todas as terças-feiras as 20:00 horas

- Carlos Ronconi

Caro Luiz Carlos Sá, as canções que vocês fazem são maravilhosas, sinto a energia de cada uma. Tornei-me um admirador do trabalho de vocês no final dos anos 1970 com o LP Quatro e a partir de então saí procurando os discos de vocês, paguei um preço extorsivo pelo vendedor, os LP's "Casaco Marrom" do Guarabyra e "Passado, Presente e Futuro" (primeiro do Trio), mas valeu. tenho todos em LP's e CD's até o Antenas, depois desse só em CD's e o DVD "Outra Vez Na Estrada" exceto o mais recente "Cinamomo" mas em breve estarei com ele para curtir. A última vez que vi um show da dupla (nunca vi o trio em palco), foi no Recife no dia 16/04/2016 na Caixa Cultural, vi as duas apresentações. Levei dois bolos de rolo pra vocês, mas o Guarabyra não estava. Quero registrar que tenho até o LP "Vamos Por Aí", todos autografados, que foi num show feito no Teatro do Parque, as apresentações seriam nos 14,15 e 16/10/1992 mas o Guarabyra perdeu o voo e só foram dois dias, no dia do seu aniversário e outro no dia 16. Inesquecível. Agora estou lendo essas crônicas maravilhosas. Grande abraço forte e fraterno e muita saúde e sucesso pra vocês, sempre. P.S. O meu perfil no Facebook é Xavier de Brito e estou lá como Super Fã.

- Edison Xavier de Brito

Me lembro de ter lido algumas destas crônicas dos discos quando voce as publicou no Facebook em 2013, Sá. Muito emocionante reler e me emocionar de novo. Voces foram trilha sonora importantíssima dos últimos anos da minha vida. Sou de 1986, portanto de uma geração mais nova que escuta voces. Gratidão e vida longa a voces!

- Luiz Fernando Lopes

Salve!!! Que maravilha conhecer essas histórias de discos que fazem parte da minha vida. Parabéns `à Backstage e ao Sá! E, claro, esperando a crônica do Pirão. Esse disco me acompanha há mais de quarenta anos! Minhas filhas escutaram desde bebês e minha neta, que vai nascer agora em setembro, vai aprender a cantar todas as músicas!

- Maurício Cruz

com esse time de referências musicais (exatamente as minhas) mais o seu talento, não tem como não fazer música boa!!!! parabéns!!! com uma abraço de um fã que ouve seus discos desde essa época!

- nico figueiredo

Boa noite amigo, gostei muito das suas explicações, pois trabalho com mix gosto muito mesmo e assistindo você falando disso tudo gostei muito um abraço.

- Rubens Miranda Rodrigues

Obrigado Sá, obrigado Backstage, adoro essas histórias, muito bom, gostaria de ouvir histórias sobre as letras tbém, abç.

- Robson Marcelo ( Robinho de Guariba SP )

Esperando ansioso o Pirão de Peixe e o 4. Meu primeiro S&G

- Jeferson

DEIXE SEU COMENTÁRIO

Escreva sua opinião abaixo*