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COLUNISTAS

A História e o funcionamento dos compressores analógicos - Parte II

01/11/2023 - 10:28h
Atualizado em 01/11/2023 - 11:38h


 

Caro leitor.

Nessa segunda parte do artigo, vou detalhar as características de funcionamento de cada um dos 5 tipos de compressores. Embora o conceito seja o mesmo, a diferença entre as topologias e suas particularidades promovem grandes mudanças no resultado. Daí a mágica do mundo analógico.

Bem, todos sabem que a função do compressor / limitador é comprimir ou limitar um sinal muito alto, evitando o achatamento da onda. Também podemos usá-lo para dar formato no timbre de algum instrumento, usando as variações de tempo dos comandos Attack e Release. O nível onde começa o efetivo funcionamento dependerá do Threshold. Já a curva de resposta da atenuação, dependerá do Ratio. Basicamente todos funcionam da mesma forma, mantendo o sinal dentro de uma faixa predeterminada de trabalho. A grande diferença está na topologia dos circuitos. Dito isso, vamos começar.

 

 O VARI MU.

O mais antigo dos compressores. Seu circuito é necessariamente valvulado. De uma forma simples,” Vari Mu” quer dizer Ganho Variável. Só para explicar melhor, o ganho dos estágios em pre-amps e amplificadores são fixos. O nível do sinal é controlado por um potenciômetro “Volume” de acordo com a necessidade do operador. Mas em um circuito “Vari Mu”, o ganho varia de acordo com uma tensão de controle aplicada na grade da válvula do estágio de entrada. Geralmente uma 12AX7 (duplo tríodo). Quando o sinal ultrapassa um certo nível predeterminado pelo ajuste do Threshold, o circuito amplificador do redutor de ganho “G.R” libera uma tensão mais negativa na grade, para reduzir o fluxo de elétrons entre o catodo e o ânodo da válvula, com isso reduzindo o ganho.

 

 

Compressor com ponte de diodos:

Para falar sobre compressor com ponte de diodos, usarei como exemplo o Neve 33609. A topologia desse circuito é bem mais elaborada. A redução de ganho acontece entre os transformadores de entrada (TR1) e intermediário (TR2). Entre eles existe um circuito com diodos retificadores, transistores de junção bipolar (TJB) e transistores de efeito de campo (FET). Na verdade, são os FETs em conjunto com os TJBs quem controlam o ganho do circuito. A ponte de diodos tem a função de retificar o sinal que vem do amplificador de redução de ganho (GR). Então, a tensão retificada fará o controle do sinal nos FETs. Tem como grande diferencial do projeto, o uso separado dos circuitos para o compressor e imitador. Cada um tem suas funções independente do outro. Inclusive o Side Chain. Uma grande mudança aconteceu a partir dos anos 80 com uso dos semicondutores em todo circuito de redução de ganho. Os tempos de Attack / Release ficaram bem mais flexíveis.

 

 

 

 

Compressores controlados por FETs

Quando pensamos em compressor controlado por Transistor de Efeito de Campo (FET), imediatamente lembramos do Universal Audio 1176. O modelo tornou-se um padrão da indústria já nos primeiros anos após o lançamento. Em minha opinião é o melhor exemplo a ser usado para explicar a topologia. Independente da versão do 1176, o dreno do FET estará diretamente conectado a linha de sinal do circuito intermediário, funcionando como um resistor variável por voltagem. Esse tipo arranjo minimiza severamente as distorções do sinal de áudio. O controle do sinal é dado pelo equilíbrio das tensões (+ / -) aplicadas no gate do FET. Enquanto o sinal de áudio não atingir o limiar pré-ajustado, a tensão no gate (Vgs) será negativa. Com isso a resistência interna do FET será bem alta, não atenuando o sinal de áudio. Mas quando o sinal ultrapassa o limiar, o circuito redutor de ganho enviará uma tensão positiva, que somada com a tensão de referência tenderá ao 0 volt no gate do FET. Nesse momento a resistência interna cairá, drenando o sinal. Na pratica o sinal será atenuado. Para que o circuito funcione perfeitamente o sinal é coletado antes do potenciômetro do output level e seguirá através do divisor de tensão (Ratio) para a entrada do amplificador do redutor de ganho. Também como característica do circuito com FETs, podemos explorar melhor os tempos de resposta no Attack e Release.   

 

 

 

 

Compressor Controlado por fotocélula:

Nesse caso vou tomar como base a filosofia de funcionamento dos compressores   LA-4 e LA-3 da Urei / Teletronix. Nessa topologia o ganho não é exatamente controlado, e sim o sinal de entrada que é atenuado por um resistor LDR (Linght Dependent Resistor) de acordo com a incidência de luz emitida pela placa fluorescente do conjunto fotocélula T4.

 

 

 

 

 Parte do sinal de entrada é desviado através do potenciômetro “PEAK” e ajustado para entrar no circuito do pre-amp / drive. No circuito pre-amp o sinal de áudio é amplificado e enviado para o drive, onde uma tensão será modulada para variar o brilho da placa fluorescente. Quanto maior o brilho na placa, menor a resistência elétrica no LDR. Com isso os picos do sinal serão atenuados. O LDR está ligado entre o sinal de áudio e o GND do circuito. Posteriormente nos anos 80  foi adotado o conjunto LED / LDR como forma produzir o conjunto fotocélula. Esta solução seria mais econômica e estável, pois o LED pode durar décadas sem danificar ou mesmo perder suas características elétricas. 

 

 

 

 

 

 

Compressor por Voltage Controlled Amplifier  (VCA)

O uso do VCA foi largamente adotado a partir da década de 80. A então nova tecnologia tornou acessível o uso em compressores multicanais. Como o nome sugere, o VCA é um circuito que permite a variação do sinal de áudio por uma tensão de controle. Isso resolveu vários problemas, como a automação e a compactação do circuito. A ideia do VCA parece simples se usarmos como referência o circuito redutor de ganho. Mas não é bem assim... Os circuitos de redução de ganho mais elaborados têm um problema de simetria e de distorção harmônica que não são tolerados para as aplicações em por exemplo, compressores para emissoras de rádio e TV. Bem diferente dos citados anteriormente, o compressor por VCA usa o circuito integrado como base. Apenas com exceção dos primeiros modelos da DBX que usavam um circuito discreto dentro de um invólucro de metal. Mas a filosofia do funcionamento é igual a todos os outros.

 

 

 

 

 

O que difere realmente os compressores em uso prático são os possíveis ajustes dos  tempos de Attack/Release, a curva de atenuação do sinal (Knee), o nível de distorção (principalmente da 2ª harmônica) e o quão bem elaborado é o pré-amplificador. ferramenta. E claro... Cada um funciona melhor para cada aplicação, daí é só saber escolher a ferramenta. 

 

 

 

 

A História e o funcionamento dos compressores analógicos - Parte II
Cesar Portela

COMENTÁRIOS

O capacitor envelhece em um equipamento pouco usado também? Ou ele degrada principalmente com o uso? Por exemplo, um equipamento da década de 80 muito pouco usado precisaria de recap por desgaste do tempo?

- Henrique M

Ótimo, vai ajudar muito! Cesar é fantástico, ótima matéria!

- adriano vasque da

Saudades da Paranoia saudável que tínhamos no Freeeeeee Jazzzzzz Festival (imitando Zuza em suas apresentações magnificas) Parabéns Farat Forte abraço

- Ernani Napolitano

Artigo incrivel! Extremamente realista e necessário, obrigado mestre!

- Jennifer Rodrigues

Depois de 38 anos ouvindo o disco, eis q me deparo com a história dele. Multo bom!! Abrss

- Fernando Baptista Junqueira

Que maravilha de matéria, muito verdadeira é muito bem escrita, quem viveu como eu esta época, só pode agradecer pela oportunidade que Deus me concedeu. Vou ler todas, mas tinha que começar por esta… abraços…

- Caio Flávio

Só li verdades! Parabéns pela matéria Farat

- Guile

Ótimo texto Zé parabéns !!!!! Aguardando os próximos!!!

- Marco Aurélio

Adoro ver e rever as lives do Sá! Redescobri várias músicas da dupla valorizadas pela execução nas "Lives do Sá". Espero que esse trabalho volte de vez em quando. O Sá, juntamente com o Guilherme Arantes e o Tom Zé, está entre os melhores contadores de casos da MPB. Um livro com a história da dupla/trio escrito por ele seria muito interessante!

- Bruno Sander

Ontem foi um desses dias em que a intuição está atenta. Saí a caminhar pela Savassi sabendo que iria entrar naquela loja de discos onde sempre acho algo precioso em vinil. Já na loja, fui logo aos brasileiros e lá estavam o Nunca e o Pirão de Peixe em ótimo estado de conservação, o que é raríssimo. Comprei ambos. O 2º eu já tinha, meio chumbado. O Nunca eu conhecia de CD, e tem algumas das músicas que mais gosto da dupla, p. ex. Nuvens d'Água (acho perfeita), Coisa A-Toa (alusão à ditadura?), e outras. Me disseram que o F. Venturini é fã do Procol Harum, e realmente alguns solos de órgão dele fazem lembrar a banda inglesa.

- João Henrique Jr.

Que maravilha de matéria. Me transportei aos anos de ouro da música brasileira

- Sidney Ribeiro

Trabalho lindão. Parabéns à todos os envolvidos!

- Anderson Farias de Melo

O que dizer do melhor disco da música nacional(minha opinião). Tive o prazer em ver eles como dupla e a volta como trio em um shopping da zona leste de sampa. Lançamento do disco outra vez na estrada. Espero poder voltar a vê-los novamente, já que o Sa hoje mora fora do Brasil. E essa Pandemia, que isolou muito as pessoas. Obrigado por vocês existirem como músicos, poetas e instrumentistas. Vocês são F..., Obrigado, abracos

- Luiz antonio Rocha

Que maravilha Querido Paulinho Paulo Farat!! Obrigado por dividir conosco momentos tão lindos , pela maravilha de pessoa e imenso talento que Vc sempre teve, tem e terá, sempre estará no lugar certo e na hora certa ! Emocionante! Tive a honra de trabalhar muitas vezes com Vc, em especial na época do Zonazul , obrigado por tudo, parabéns pela brilhante carreira e que Deus Abençõe sempre . Bjbj

- Michel Freidenson

Mais uma vez um texto sensacional sobre a história da música e dos músicos brasileiros. Parabéns primo e obrigado por manter viva a memória dessas pessoas tão especiais para nós E vai gravar o vídeo desta semana! Kkkk

- Carlos Ronconi

Grande Farat!!! Bacana demais a coluna! Cheio de boas memorias pra compartilha!!!

- Luciana Lee

Valeu Paulo Farat por registrar nosso trabalho com tanto carinho e emoção sincera. Foram momentos profissionais muito importantes para todos nós. Inesquecíveis ! A todos os membros de nossa equipe,( e que equipe! ) Nosso Carinho e Saudades ! ???? ???????????????????? Guilherme Emmer Dias Gomes Mazinho Ventura Heitor TP Pereira Paulo Braga Renato Franco Walter Rocche Hamilton Griecco Micca Luiz Tornaghi Carlão Renato Costa Selma Silva Marilene Gondim Cláudia Zettel (in memoriam) Cristina Ferreira Neuza Souza

- Alberto Traiger

Depois de um ano de empresa 3M pude fazer o bendito carnê e comprei uma vitrolinha (em 12X) e na mesma hora levei Pirão, Quatro (Que era o novo), Es´pelho Cristalino e Vivo do Alceu, fiquei um ano ouvindo e pirando sem parar, depois vi o show do Quatro em Campinas. Considero o mais equilibrado de todos, sendo que sempre pendendo pro rural e nem tanto pro urbano, um disco atemporal podendo ser ouvido em qualquer situação, pois levanta o astral mesmo. No momento, Chuva no campo é ''a favorita'', mas depois passa e vem outra, igualzinho à aquela banda de Liverpool, manja????

- Ademilson Carlos de Sá

B R A V O!!! Paulo Farat não esqueça: “Afina isso aí moleque!” Hahahaha Tremendo profissional, sou teu fã, Grande abraço!

- Dudu Portes

Show é sensacional. Mas a s sensação intimista de parecer que a live é um show particular, dentro da sua casa, do seu quarto, é impagável. Parabéns família, incluindo Guarabyra e Tommy...

- Ricardo Amatucci

Paulo Farat vai esta nas lives do Papo Na Web a partir de amanha apresentando "Os Albuns Que Marcaram As Nossas Vidas"" Não percam, www.facebook.com/depaponaweb todas as terças-feiras as 20:00 horas

- Carlos Ronconi

Caro Luiz Carlos Sá, as canções que vocês fazem são maravilhosas, sinto a energia de cada uma. Tornei-me um admirador do trabalho de vocês no final dos anos 1970 com o LP Quatro e a partir de então saí procurando os discos de vocês, paguei um preço extorsivo pelo vendedor, os LP's "Casaco Marrom" do Guarabyra e "Passado, Presente e Futuro" (primeiro do Trio), mas valeu. tenho todos em LP's e CD's até o Antenas, depois desse só em CD's e o DVD "Outra Vez Na Estrada" exceto o mais recente "Cinamomo" mas em breve estarei com ele para curtir. A última vez que vi um show da dupla (nunca vi o trio em palco), foi no Recife no dia 16/04/2016 na Caixa Cultural, vi as duas apresentações. Levei dois bolos de rolo pra vocês, mas o Guarabyra não estava. Quero registrar que tenho até o LP "Vamos Por Aí", todos autografados, que foi num show feito no Teatro do Parque, as apresentações seriam nos 14,15 e 16/10/1992 mas o Guarabyra perdeu o voo e só foram dois dias, no dia do seu aniversário e outro no dia 16. Inesquecível. Agora estou lendo essas crônicas maravilhosas. Grande abraço forte e fraterno e muita saúde e sucesso pra vocês, sempre. P.S. O meu perfil no Facebook é Xavier de Brito e estou lá como Super Fã.

- Edison Xavier de Brito

Me lembro de ter lido algumas destas crônicas dos discos quando voce as publicou no Facebook em 2013, Sá. Muito emocionante reler e me emocionar de novo. Voces foram trilha sonora importantíssima dos últimos anos da minha vida. Sou de 1986, portanto de uma geração mais nova que escuta voces. Gratidão e vida longa a voces!

- Luiz Fernando Lopes

Salve!!! Que maravilha conhecer essas histórias de discos que fazem parte da minha vida. Parabéns `à Backstage e ao Sá! E, claro, esperando a crônica do Pirão. Esse disco me acompanha há mais de quarenta anos! Minhas filhas escutaram desde bebês e minha neta, que vai nascer agora em setembro, vai aprender a cantar todas as músicas!

- Maurício Cruz

com esse time de referências musicais (exatamente as minhas) mais o seu talento, não tem como não fazer música boa!!!! parabéns!!! com uma abraço de um fã que ouve seus discos desde essa época!

- nico figueiredo

Boa noite amigo, gostei muito das suas explicações, pois trabalho com mix gosto muito mesmo e assistindo você falando disso tudo gostei muito um abraço.

- Rubens Miranda Rodrigues

Obrigado Sá, obrigado Backstage, adoro essas histórias, muito bom, gostaria de ouvir histórias sobre as letras tbém, abç.

- Robson Marcelo ( Robinho de Guariba SP )

Esperando ansioso o Pirão de Peixe e o 4. Meu primeiro S&G

- Jeferson

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