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COLUNISTAS

A importância dos cabos nos sistemas de áudio

19/06/2024 - 19:56h
Atualizado em 20/06/2024 - 10:26h


 

Caro leitor,

Hoje vamos falar um pouco sobre cabos em sistemas de áudio. Neste artigo, vou me concentrar nos cabos de sinal de áudio, deixando de fora os cabos elétricos e de transmissão de dados. O objetivo deste artigo é auxiliar o profissional na escolha dos cabos ao montar um sistema. Uma escolha sensata deve se basear em critérios técnicos, e não na simples recomendação de uma marca. A escolha dos cabos é crucial para aproveitar ao máximo o sistema. Uma escolha errada, motivada apenas pelo custo, pode impactar negativamente o resultado, mesmo com bons equipamentos no rack. Portanto, selecionei alguns critérios que considero mais importantes.

 

 

O primeiro critério é a qualidade da das matérias primas. Os cabos basicamente são compostos por um feixe fios cobre recoberto com um material isolante. Mas não é tão simples assim. Vamos começar pelo revestimento que é conhecido como a capa do cabo. Normalmente é construída em PVC flexível (Poly Vinyl Chloride). A capa é o acabamento do cabo que tem como  principal função  proteger a malha e os condutores.

 

 

Uma capa de PVC de baixa qualidade é frágil e porosa. Em pouco tempo vai expor o cobre á humidade do ambiente levando à oxidação prematura. Outro grande problema é a baixa resistência à tração. Em aplicações como cabo para microfone ou guitarra  as coisas são mais críticas. Dependendo da qualidade do PVC, cada vez que alguém pisa no cabo, diminui a vida útil dele.

 

 

Os condutores também são protegidos por uma cobertura de PVC que segue os memos critérios da capa. Perceba que, em cabos de baixa qualidade, a isolação do condutor (via) derrete facilmente quando aquecida por ferro de solda no momento da montagem do conector (plug).  Por outro lado, as capas dos cabos de alta qualidade são feitas com PVC de densidade mais alta (não porosa ) e superior resistência à tração, sem perder a maleabilidade.

 

 

Qualidade do Cobre:

A qualidade do cobre é premissa fundamental para a construção de um cabo de alta qualidade. O cobre como matéria prima passa por um processo até atingir o grau de pureza conhecido como cobre puro. Mesmo assim, ainda resta um pequeno resíduo de impurezas em torno de 0,4%. Com o uso de técnicas de refino mais elaboradas, se consegue atingir o grau máximo (comercialmente), conhecido como  fio livre de oxigênio ( Oxygen Free), chegando a 0,05% em total de impurezas e menos de 0,003% em oxigênio. Com isso pode se produzir um cabo com condutividade superior (menor resistência elétrica).

 

 

Fios e cabos:

Por definição, o cabo é uma porção de fios de cobre num mesmo condutor que pode ser composto por uma ou mais vias, e coberto por uma malha de blindagem.

 

 

Efeito Skin:

Não por acaso um cabo de alta qualidade é formado por um número bem maior de fios por mm2. Isso melhora muito a maleabilidade do cabo. Mas o principal motivo é mitigar as perdas pelo efeito skin. Vou explicar de forma bem simples, rápida  e prática.: o efeito skin, ou efeito pelicular, concentra a maior densidade de corrente elétrica (em AC) circulando pela periferia do fio. Ou seja, pela “pele” do fio e não pelo centro. Daí o nome. É importante lembrar que o efeito não acontece em correte contínua (DC), pois a corrente contínua circula por toda seção transversal efetiva. Não havendo interação entre campo magnético e correntes parasitas.  A profundidade “dessa pele” (A) é variável

 

 

 

 

Por exemplo, um sinal em 60Hz poderá perder mais de 25% num cabo com comprimento de 1Km. Considerando que o cabo tenha uma bitola suficiente para a corrente requerida, a área da seção transversal efetiva varia de acordo com a frequência. Os  sinais de áudio são em corrente alternada (AC). Teoricamente com a largura de banda entre 20Hz a 20KHz. Quanto maior a frequência, menor a área efetiva. Usando a formula da resistência elétrica  (R = p.I / A)  observamos que ao reduzir a área efetiva do condutor, a resistência aumenta, gerando perdas no nível dos sinais em frequências mais altas.

 

 

 

 

Construção do cabo:

Já sabemos da importância da qualidade da matéria prima. Agora vamos entender a importância  da qualidade na fabricação. Nas últimas décadas os fabricantes têm investido massivamente em novas tecnologias do processo fabricação de cabos de áudio para atender as normas internacionais e diminuir o efeito colateral gerado pelo aumento expressivo das redes de dados e redes de comunicação por Radio Frequência (RF) e outros distúrbios eletromagnéticos. Os sistemas de áudio são vulneráveis a todo tipo de ruido eletromagnético por operar em impedâncias altas - como entradas de instrumentos - e com níveis elevados de ganho. Estas interferências influenciam dentro e fora da faixa teórica (20hz-20Khz) causando ruídos audíveis e distorções harmônicas. Imagine quantas vezes é amplificado o sinal de um instrumento ou microfone até chegar no monitor.

 

 

 

 

 

A fabricação de cabos de áudio é um trabalho muito minucioso, repleto de detalhes. A maioria desses são segredos industriais.

 

Temos dois bons exemplos de cabos com construção superior. Podemos observar os fios de PVC flexível dispostos ao longo, para aumentar a resistência à tração. Outro importante detalhe de construção é a torção dos condutores. Quanto mais torcido os cabos centrais, maior o número de cruzamentos por metro. Isso melhora o cancelamento do ruido eletromagnético adquirido ao longo do cabo. Também deve ser considerada a capacitância entre os condutores e a malha do cabo. Os valores devem ficar preferencialmente abaixo de 85pF/m entre a malha e o condutor. Se o valor capacitivo for maior, mudará o timbre da fonte de sinal. Principalmente instrumentos ou microfones. Para finalizar, temos a malha ou blindagem, cuja sua  eficiência se dá pela área total de cobertura do cabo. Cabos bem fabricados tem ao menos a malha com  98% de abrangência.

 

 

Hoje em dia existe uma gigantesca gama de opções no mercado. Dentre elas algumas devem ser evitadas...  

 

Em minha opinião, não se deve economizar em cabos. Eles são a  base para um perfeito funcionamento do sistema de áudio.

 

 

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A importância dos cabos nos sistemas de áudio
Cesar Portela

COMENTÁRIOS

O capacitor envelhece em um equipamento pouco usado também? Ou ele degrada principalmente com o uso? Por exemplo, um equipamento da década de 80 muito pouco usado precisaria de recap por desgaste do tempo?

- Henrique M

Ótimo, vai ajudar muito! Cesar é fantástico, ótima matéria!

- adriano vasque da

Saudades da Paranoia saudável que tínhamos no Freeeeeee Jazzzzzz Festival (imitando Zuza em suas apresentações magnificas) Parabéns Farat Forte abraço

- Ernani Napolitano

Artigo incrivel! Extremamente realista e necessário, obrigado mestre!

- Jennifer Rodrigues

Depois de 38 anos ouvindo o disco, eis q me deparo com a história dele. Multo bom!! Abrss

- Fernando Baptista Junqueira

Que maravilha de matéria, muito verdadeira é muito bem escrita, quem viveu como eu esta época, só pode agradecer pela oportunidade que Deus me concedeu. Vou ler todas, mas tinha que começar por esta… abraços…

- Caio Flávio

Só li verdades! Parabéns pela matéria Farat

- Guile

Ótimo texto Zé parabéns !!!!! Aguardando os próximos!!!

- Marco Aurélio

Adoro ver e rever as lives do Sá! Redescobri várias músicas da dupla valorizadas pela execução nas "Lives do Sá". Espero que esse trabalho volte de vez em quando. O Sá, juntamente com o Guilherme Arantes e o Tom Zé, está entre os melhores contadores de casos da MPB. Um livro com a história da dupla/trio escrito por ele seria muito interessante!

- Bruno Sander

Ontem foi um desses dias em que a intuição está atenta. Saí a caminhar pela Savassi sabendo que iria entrar naquela loja de discos onde sempre acho algo precioso em vinil. Já na loja, fui logo aos brasileiros e lá estavam o Nunca e o Pirão de Peixe em ótimo estado de conservação, o que é raríssimo. Comprei ambos. O 2º eu já tinha, meio chumbado. O Nunca eu conhecia de CD, e tem algumas das músicas que mais gosto da dupla, p. ex. Nuvens d'Água (acho perfeita), Coisa A-Toa (alusão à ditadura?), e outras. Me disseram que o F. Venturini é fã do Procol Harum, e realmente alguns solos de órgão dele fazem lembrar a banda inglesa.

- João Henrique Jr.

Que maravilha de matéria. Me transportei aos anos de ouro da música brasileira

- Sidney Ribeiro

Trabalho lindão. Parabéns à todos os envolvidos!

- Anderson Farias de Melo

O que dizer do melhor disco da música nacional(minha opinião). Tive o prazer em ver eles como dupla e a volta como trio em um shopping da zona leste de sampa. Lançamento do disco outra vez na estrada. Espero poder voltar a vê-los novamente, já que o Sa hoje mora fora do Brasil. E essa Pandemia, que isolou muito as pessoas. Obrigado por vocês existirem como músicos, poetas e instrumentistas. Vocês são F..., Obrigado, abracos

- Luiz antonio Rocha

Que maravilha Querido Paulinho Paulo Farat!! Obrigado por dividir conosco momentos tão lindos , pela maravilha de pessoa e imenso talento que Vc sempre teve, tem e terá, sempre estará no lugar certo e na hora certa ! Emocionante! Tive a honra de trabalhar muitas vezes com Vc, em especial na época do Zonazul , obrigado por tudo, parabéns pela brilhante carreira e que Deus Abençõe sempre . Bjbj

- Michel Freidenson

Mais uma vez um texto sensacional sobre a história da música e dos músicos brasileiros. Parabéns primo e obrigado por manter viva a memória dessas pessoas tão especiais para nós E vai gravar o vídeo desta semana! Kkkk

- Carlos Ronconi

Grande Farat!!! Bacana demais a coluna! Cheio de boas memorias pra compartilha!!!

- Luciana Lee

Valeu Paulo Farat por registrar nosso trabalho com tanto carinho e emoção sincera. Foram momentos profissionais muito importantes para todos nós. Inesquecíveis ! A todos os membros de nossa equipe,( e que equipe! ) Nosso Carinho e Saudades ! ???? ???????????????????? Guilherme Emmer Dias Gomes Mazinho Ventura Heitor TP Pereira Paulo Braga Renato Franco Walter Rocche Hamilton Griecco Micca Luiz Tornaghi Carlão Renato Costa Selma Silva Marilene Gondim Cláudia Zettel (in memoriam) Cristina Ferreira Neuza Souza

- Alberto Traiger

Depois de um ano de empresa 3M pude fazer o bendito carnê e comprei uma vitrolinha (em 12X) e na mesma hora levei Pirão, Quatro (Que era o novo), Es´pelho Cristalino e Vivo do Alceu, fiquei um ano ouvindo e pirando sem parar, depois vi o show do Quatro em Campinas. Considero o mais equilibrado de todos, sendo que sempre pendendo pro rural e nem tanto pro urbano, um disco atemporal podendo ser ouvido em qualquer situação, pois levanta o astral mesmo. No momento, Chuva no campo é ''a favorita'', mas depois passa e vem outra, igualzinho à aquela banda de Liverpool, manja????

- Ademilson Carlos de Sá

B R A V O!!! Paulo Farat não esqueça: “Afina isso aí moleque!” Hahahaha Tremendo profissional, sou teu fã, Grande abraço!

- Dudu Portes

Show é sensacional. Mas a s sensação intimista de parecer que a live é um show particular, dentro da sua casa, do seu quarto, é impagável. Parabéns família, incluindo Guarabyra e Tommy...

- Ricardo Amatucci

Paulo Farat vai esta nas lives do Papo Na Web a partir de amanha apresentando "Os Albuns Que Marcaram As Nossas Vidas"" Não percam, www.facebook.com/depaponaweb todas as terças-feiras as 20:00 horas

- Carlos Ronconi

Caro Luiz Carlos Sá, as canções que vocês fazem são maravilhosas, sinto a energia de cada uma. Tornei-me um admirador do trabalho de vocês no final dos anos 1970 com o LP Quatro e a partir de então saí procurando os discos de vocês, paguei um preço extorsivo pelo vendedor, os LP's "Casaco Marrom" do Guarabyra e "Passado, Presente e Futuro" (primeiro do Trio), mas valeu. tenho todos em LP's e CD's até o Antenas, depois desse só em CD's e o DVD "Outra Vez Na Estrada" exceto o mais recente "Cinamomo" mas em breve estarei com ele para curtir. A última vez que vi um show da dupla (nunca vi o trio em palco), foi no Recife no dia 16/04/2016 na Caixa Cultural, vi as duas apresentações. Levei dois bolos de rolo pra vocês, mas o Guarabyra não estava. Quero registrar que tenho até o LP "Vamos Por Aí", todos autografados, que foi num show feito no Teatro do Parque, as apresentações seriam nos 14,15 e 16/10/1992 mas o Guarabyra perdeu o voo e só foram dois dias, no dia do seu aniversário e outro no dia 16. Inesquecível. Agora estou lendo essas crônicas maravilhosas. Grande abraço forte e fraterno e muita saúde e sucesso pra vocês, sempre. P.S. O meu perfil no Facebook é Xavier de Brito e estou lá como Super Fã.

- Edison Xavier de Brito

Me lembro de ter lido algumas destas crônicas dos discos quando voce as publicou no Facebook em 2013, Sá. Muito emocionante reler e me emocionar de novo. Voces foram trilha sonora importantíssima dos últimos anos da minha vida. Sou de 1986, portanto de uma geração mais nova que escuta voces. Gratidão e vida longa a voces!

- Luiz Fernando Lopes

Salve!!! Que maravilha conhecer essas histórias de discos que fazem parte da minha vida. Parabéns `à Backstage e ao Sá! E, claro, esperando a crônica do Pirão. Esse disco me acompanha há mais de quarenta anos! Minhas filhas escutaram desde bebês e minha neta, que vai nascer agora em setembro, vai aprender a cantar todas as músicas!

- Maurício Cruz

com esse time de referências musicais (exatamente as minhas) mais o seu talento, não tem como não fazer música boa!!!! parabéns!!! com uma abraço de um fã que ouve seus discos desde essa época!

- nico figueiredo

Boa noite amigo, gostei muito das suas explicações, pois trabalho com mix gosto muito mesmo e assistindo você falando disso tudo gostei muito um abraço.

- Rubens Miranda Rodrigues

Obrigado Sá, obrigado Backstage, adoro essas histórias, muito bom, gostaria de ouvir histórias sobre as letras tbém, abç.

- Robson Marcelo ( Robinho de Guariba SP )

Esperando ansioso o Pirão de Peixe e o 4. Meu primeiro S&G

- Jeferson

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