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COLUNISTAS

À luz das possibilidades: shows em tempos de pandemia

11/08/2020 - 11:15h
Atualizado em 11/08/2020 - 15:24h



 

A indústria do entretenimento parou completamente nos primeiros cento e vinte dias do decreto de pandemia decorrente da disseminação da Covid-19. Surgiram alguns ensaios para a flexibilização econômica e social, mas as aglomerações proporcionadas por diversas atividades do setor – como shows – são temerárias nesse momento. Algumas alternativas como lives e shows em Drive-Ins também surgiram como maneiras interessantes e divertidas para a aproximação com o público, virtual ou presencialmente. Nesta conversa, novas expectativas para os últimos estudos e pesquisas para a volta dos shows, com presença e público e naturalmente, da iluminação cênica.

 

Nas recentes conversas sobre os impactos da pandemia na indústria do entretenimento, destacaram-se as lives como alternativas de aproximação de artistas, bandas, orquestras, atores/atrizes, além de palestras e outras modalidades de eventos como formas de entretenimento, diversão, trabalho, atualização e capacitação. O próprio termo ‘live’ foi estabelecido como uma marca associada a apresentações e eventos predominantemente on-line, mesmo que que em algumas situações com a geração de vídeos pré-gravados.

 

No contexto musical, essas lives propiciaram apresentações em formatos únicos e inusitados, seja pelo distanciamento dos músicos, mesmo que no mesmo local físico presencial, ou à distância, na qual cada músico participou de uma gravação – ou mesmo transmissão – da própria residência. Isso proporcionou shows acústicos, estruturas intimistas e vídeos de bandas icônicas, como uma inusitada reunião virtual da formação original da banda progressiva britânica Gentle Giant dia 15 de julho de 2020, cujos componentes não eram vistos juntos desde o início da década de 1980, com o fim da banda. No vídeo, a execução da canção Proclamation (do álbum The Power and The Glory, de 1974) realizada pelos músicos da banda e por dezenas de fãs.

 


Figura 1: Reunião virtual da banda progressiva britânica Gentle Giant. Fonte: Gentle Giant Music

 

Destaca-se que com as lives, houve estímulo para o distanciamento social e atendimento ao isolamento social, atribuído àqueles que, de maneira solitária, por motivos de força maior, são forçados a evitarem contato com a sociedade nesse momento em que passam por uma pandemia. Nessa forma de transmissão, as limitações estão relacionadas aos dispositivos de acesso, aos aplicativos e websites e à disponibilização de internet.

 

Além das lives, uma alternativa complementar foi atualizar e ressignificar os Drive-Ins. Esses espaços facilitadores para projeções de filmes e serviços de alimentação (sendo esse o objetivo inicial, quando surgiram, em 1921), marcados como símbolos da cultura americana com mais representatividade na década de 1950, voltaram a ser reconfigurados com as tecnologias vigentes e com a oferta de novos produtos. Nesse novo contexto, credita-se ao Irã o primeiro país a adotar os Drive-Ins no período da pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2).

 

Com isso, a indústria do entretenimento rapidamente se adaptou e buscou a atualização para esse formato de diversão, tanto para o cinema quanto para outros tipos de eventos. Protocolos sanitários foram rapidamente formulados para o acesso aos eventos exclusivamente por veículos com limitação de ocupantes, restrições com agendamento para o uso dos sanitários e comercialização de alimentos, além de rigorosos protocolos sanitários para funcionários e artistas.

 


Figura 2: Show em Drive-In: distanciamento social e protocolos sanitários. Fonte: Billboard

 

No Brasil, destaca-se o Allianz Parque, estádio do Palmeiras (na cidade de São Paulo), como arena multiuso que se adaptou para receber público para eventos diversos tais como sessões de cinema, palestras, eventos religiosos e shows. Sendo o projeto denominado “Arena Sessions Allianz Parque”, na programação de shows, vários estavam esgotados no fim de julho (na elaboração deste texto). Protocolos sanitários vinculados aos cuidados exigidos para esses tipos de eventos, o que inclui a verificação da temperatura de cada participante, além de reduzir a capacidade pela acomodação dos veículos (no caso desse espaço, em torno de 250 carros) também para garantir o distanciamento mínimo, restringem o acesso ao público, uma vez que a posse ou locação de veículo se torna uma exigência de participação.

 

 

Outros espaços com serviços de Drive-In já estão disponíveis no território nacional, oferecendo produtos similares (cinema, música, palestras). Com essas demandas e mais especificamente em relação aos shows, pode-se paliativamente oferecer opções como também fomentar a produção desses eventos, criando mais nichos para o setor e assim oportunidades para os múltiplos profissionais que trabalham no setor de shows e espetáculos. No que se refere à iluminação cênica, há uma luz sobre esse tema. Essas produções necessitam de estrutura de capturas de imagens e projeção, tais como os shows tradicionais, assim como iluminação para vídeo e para o espetáculo. Com a ampliação das agendas de atrações, predominantemente locais, será estimulado o setor, mesmo que em menor escala.

 


Figura 3: Show da banda Jota Quest no Allianz Parque (27/06/2020). Fonte: Kaio Lakaio/VEJA

 

Novas perspectivas surgem pela iniciativa de um grupo de pesquisadores da Universitätsmedizin Halle (Saale) (Universidade de Medicina e Hospital Universitário de Halle, no estado Sachsen-Anhalt, Alemanha) para o projeto “Restart-19” a ser executado no dia 22 de agosto de 2020 por meio de um show do cantor pop alemão Tim Bendzko.

 

Para a execução desse projeto, serão recrutados quatro mil voluntários saudáveis, com faixa etária entre 18 e 50 anos, para a realização de uma apresentação musical a ser realizada na Arena Leipzig, espaço indoor multiuso na cidade de Leipzig. O objetivo principal do evento é elaborar um modelo matemático para o retorno seguro de eventos com grande público. Cada voluntário deverá ser testado para a Covid-19 previamente e ter apresentado resultado negativo.

 

 

Nesse evento, cada participante receberá uma máscara de proteção do tipo FFP2 (N95), sendo esse um equipamento de proteção individual que reduz os riscos de infecção. O kit individual entregue aos voluntários ainda conterá um spray desinfetante fluorescente, que além de proteger contra o SARS-CoV-2 permitirá a visualização das superfícies que receberam mais contato e toque das pessoas no evento. Isso possibilitará um mapeamento dos agentes de contágio que ocorreram com mais incidência e de maneira natural e inconsciente, pois há evidências que a contaminação tende a ocorrer também por descuido.

 

Um diferencial para essa pesquisa será um sistema de rastreamento dos deslocamentos também entregues aos voluntários. Como um dispositivo medidor de distância entre cada pessoa e as próximas, será possível avaliar as dinâmicas de contaminação social. Como esse experimento, foram estabelecidos três cenários: no primeiro, acesso ao local do show por duas portas diferentes e sem controle de distanciamento; no segundo, serão disponibilizadas mais portas para o acesso e com restrições sanitárias; no último, participação do público com acomodação nas arquibancadas e distanciamento de 1,5m entre cada pessoa (nesse último cenário, o público será reduzido à metade, ou seja, somente dois mil participantes).

 


Figura 5: Festivais de música: novos protocolos estimados para eventos de massa. Fonte: Time Out

 

Naturalmente esse será um primeiro passo, pois as restrições para os eventos com possibilidade de aglomerações como shows e competições esportivas, por exemplo, estão proibidos na Alemanha até 30 de setembro de 2020. No entanto, essa iniciativa reforça ainda mais a necessidade de soluções para a segurança das pessoas, que é irremediavelmente a prioridade máxima em quaisquer condições, e a possibilidade de retorno das atividades artísticas, culturais e esportivas, permitindo a realização de eventos e espetáculos para o atendimento das necessidades sociais, culturais e econômicas, que também merecem atenção, desde que viáveis.

 

Que os próximos capítulos sejam ainda mais promissores em novidades otimistas e repletos de notícias de esperança. Abraços e até a próxima conversa!!!

 

 

À luz das possibilidades: shows em tempos de pandemia
Cezar Galhart

COMENTÁRIOS

O capacitor envelhece em um equipamento pouco usado também? Ou ele degrada principalmente com o uso? Por exemplo, um equipamento da década de 80 muito pouco usado precisaria de recap por desgaste do tempo?

- Henrique M

Ótimo, vai ajudar muito! Cesar é fantástico, ótima matéria!

- adriano vasque da

Saudades da Paranoia saudável que tínhamos no Freeeeeee Jazzzzzz Festival (imitando Zuza em suas apresentações magnificas) Parabéns Farat Forte abraço

- Ernani Napolitano

Artigo incrivel! Extremamente realista e necessário, obrigado mestre!

- Jennifer Rodrigues

Depois de 38 anos ouvindo o disco, eis q me deparo com a história dele. Multo bom!! Abrss

- Fernando Baptista Junqueira

Que maravilha de matéria, muito verdadeira é muito bem escrita, quem viveu como eu esta época, só pode agradecer pela oportunidade que Deus me concedeu. Vou ler todas, mas tinha que começar por esta… abraços…

- Caio Flávio

Só li verdades! Parabéns pela matéria Farat

- Guile

Ótimo texto Zé parabéns !!!!! Aguardando os próximos!!!

- Marco Aurélio

Adoro ver e rever as lives do Sá! Redescobri várias músicas da dupla valorizadas pela execução nas "Lives do Sá". Espero que esse trabalho volte de vez em quando. O Sá, juntamente com o Guilherme Arantes e o Tom Zé, está entre os melhores contadores de casos da MPB. Um livro com a história da dupla/trio escrito por ele seria muito interessante!

- Bruno Sander

Ontem foi um desses dias em que a intuição está atenta. Saí a caminhar pela Savassi sabendo que iria entrar naquela loja de discos onde sempre acho algo precioso em vinil. Já na loja, fui logo aos brasileiros e lá estavam o Nunca e o Pirão de Peixe em ótimo estado de conservação, o que é raríssimo. Comprei ambos. O 2º eu já tinha, meio chumbado. O Nunca eu conhecia de CD, e tem algumas das músicas que mais gosto da dupla, p. ex. Nuvens d'Água (acho perfeita), Coisa A-Toa (alusão à ditadura?), e outras. Me disseram que o F. Venturini é fã do Procol Harum, e realmente alguns solos de órgão dele fazem lembrar a banda inglesa.

- João Henrique Jr.

Que maravilha de matéria. Me transportei aos anos de ouro da música brasileira

- Sidney Ribeiro

Trabalho lindão. Parabéns à todos os envolvidos!

- Anderson Farias de Melo

O que dizer do melhor disco da música nacional(minha opinião). Tive o prazer em ver eles como dupla e a volta como trio em um shopping da zona leste de sampa. Lançamento do disco outra vez na estrada. Espero poder voltar a vê-los novamente, já que o Sa hoje mora fora do Brasil. E essa Pandemia, que isolou muito as pessoas. Obrigado por vocês existirem como músicos, poetas e instrumentistas. Vocês são F..., Obrigado, abracos

- Luiz antonio Rocha

Que maravilha Querido Paulinho Paulo Farat!! Obrigado por dividir conosco momentos tão lindos , pela maravilha de pessoa e imenso talento que Vc sempre teve, tem e terá, sempre estará no lugar certo e na hora certa ! Emocionante! Tive a honra de trabalhar muitas vezes com Vc, em especial na época do Zonazul , obrigado por tudo, parabéns pela brilhante carreira e que Deus Abençõe sempre . Bjbj

- Michel Freidenson

Mais uma vez um texto sensacional sobre a história da música e dos músicos brasileiros. Parabéns primo e obrigado por manter viva a memória dessas pessoas tão especiais para nós E vai gravar o vídeo desta semana! Kkkk

- Carlos Ronconi

Grande Farat!!! Bacana demais a coluna! Cheio de boas memorias pra compartilha!!!

- Luciana Lee

Valeu Paulo Farat por registrar nosso trabalho com tanto carinho e emoção sincera. Foram momentos profissionais muito importantes para todos nós. Inesquecíveis ! A todos os membros de nossa equipe,( e que equipe! ) Nosso Carinho e Saudades ! ???? ???????????????????? Guilherme Emmer Dias Gomes Mazinho Ventura Heitor TP Pereira Paulo Braga Renato Franco Walter Rocche Hamilton Griecco Micca Luiz Tornaghi Carlão Renato Costa Selma Silva Marilene Gondim Cláudia Zettel (in memoriam) Cristina Ferreira Neuza Souza

- Alberto Traiger

Depois de um ano de empresa 3M pude fazer o bendito carnê e comprei uma vitrolinha (em 12X) e na mesma hora levei Pirão, Quatro (Que era o novo), Es´pelho Cristalino e Vivo do Alceu, fiquei um ano ouvindo e pirando sem parar, depois vi o show do Quatro em Campinas. Considero o mais equilibrado de todos, sendo que sempre pendendo pro rural e nem tanto pro urbano, um disco atemporal podendo ser ouvido em qualquer situação, pois levanta o astral mesmo. No momento, Chuva no campo é ''a favorita'', mas depois passa e vem outra, igualzinho à aquela banda de Liverpool, manja????

- Ademilson Carlos de Sá

B R A V O!!! Paulo Farat não esqueça: “Afina isso aí moleque!” Hahahaha Tremendo profissional, sou teu fã, Grande abraço!

- Dudu Portes

Show é sensacional. Mas a s sensação intimista de parecer que a live é um show particular, dentro da sua casa, do seu quarto, é impagável. Parabéns família, incluindo Guarabyra e Tommy...

- Ricardo Amatucci

Paulo Farat vai esta nas lives do Papo Na Web a partir de amanha apresentando "Os Albuns Que Marcaram As Nossas Vidas"" Não percam, www.facebook.com/depaponaweb todas as terças-feiras as 20:00 horas

- Carlos Ronconi

Caro Luiz Carlos Sá, as canções que vocês fazem são maravilhosas, sinto a energia de cada uma. Tornei-me um admirador do trabalho de vocês no final dos anos 1970 com o LP Quatro e a partir de então saí procurando os discos de vocês, paguei um preço extorsivo pelo vendedor, os LP's "Casaco Marrom" do Guarabyra e "Passado, Presente e Futuro" (primeiro do Trio), mas valeu. tenho todos em LP's e CD's até o Antenas, depois desse só em CD's e o DVD "Outra Vez Na Estrada" exceto o mais recente "Cinamomo" mas em breve estarei com ele para curtir. A última vez que vi um show da dupla (nunca vi o trio em palco), foi no Recife no dia 16/04/2016 na Caixa Cultural, vi as duas apresentações. Levei dois bolos de rolo pra vocês, mas o Guarabyra não estava. Quero registrar que tenho até o LP "Vamos Por Aí", todos autografados, que foi num show feito no Teatro do Parque, as apresentações seriam nos 14,15 e 16/10/1992 mas o Guarabyra perdeu o voo e só foram dois dias, no dia do seu aniversário e outro no dia 16. Inesquecível. Agora estou lendo essas crônicas maravilhosas. Grande abraço forte e fraterno e muita saúde e sucesso pra vocês, sempre. P.S. O meu perfil no Facebook é Xavier de Brito e estou lá como Super Fã.

- Edison Xavier de Brito

Me lembro de ter lido algumas destas crônicas dos discos quando voce as publicou no Facebook em 2013, Sá. Muito emocionante reler e me emocionar de novo. Voces foram trilha sonora importantíssima dos últimos anos da minha vida. Sou de 1986, portanto de uma geração mais nova que escuta voces. Gratidão e vida longa a voces!

- Luiz Fernando Lopes

Salve!!! Que maravilha conhecer essas histórias de discos que fazem parte da minha vida. Parabéns `à Backstage e ao Sá! E, claro, esperando a crônica do Pirão. Esse disco me acompanha há mais de quarenta anos! Minhas filhas escutaram desde bebês e minha neta, que vai nascer agora em setembro, vai aprender a cantar todas as músicas!

- Maurício Cruz

com esse time de referências musicais (exatamente as minhas) mais o seu talento, não tem como não fazer música boa!!!! parabéns!!! com uma abraço de um fã que ouve seus discos desde essa época!

- nico figueiredo

Boa noite amigo, gostei muito das suas explicações, pois trabalho com mix gosto muito mesmo e assistindo você falando disso tudo gostei muito um abraço.

- Rubens Miranda Rodrigues

Obrigado Sá, obrigado Backstage, adoro essas histórias, muito bom, gostaria de ouvir histórias sobre as letras tbém, abç.

- Robson Marcelo ( Robinho de Guariba SP )

Esperando ansioso o Pirão de Peixe e o 4. Meu primeiro S&G

- Jeferson

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