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COLUNISTAS

Divindades Luminosas - Sons Of Apollo no Teatro Ópera de Arame, em Curitiba

22/08/2022 - 22:25h
Atualizado em 07/09/2022 - 20:27h

 

Nos palcos, a iluminação cênica, dentre diversas abordagens, pode assumir três papéis: protagonista, coadjuvante ou complemento, integrada a um contexto mais amplo. É justamente nesta última atribuição que se encaixa a iluminação do show da superbanda Sons Of Apollo, realizado no dia 09 de agosto no Teatro Ópera de Arame em Curitiba. Nesta conversa, alguns aspectos da iluminação serão apresentados para justificar tal complementaridade.

 

 

Superbandas (ou supergrupos) são, na maioria das vezes, projetos musicais consistentes, alguns paralelos e temporários, desenvolvidos por músicos reverenciados por diversos atributos e de diferentes bandas que, quando reunidos, proporcionam álbuns e apresentações memoráveis e que se tornam referência na história da música, principalmente no Rock’n’Roll. Bandas como The Yardbirds, Cream, The Traveling Wilburys, TempleOf The Dog, Fantômas, Chickenfoot, Audioslave, The Winery Dogs, entre outras que poderiam ser destacadas, e mais recentemente, Sons Of Apollo.

 

 

Esta última, formada em 2017 pela iniciativa do tecladista Derek Sherinian(Dream Theater, Planet X, Black Country Communion, entre outros) e o baterista e backing vocalsMike Portnoy(Dream Theater, Transatlantic, LiquidTensionExperiment, Neal Morse, OSI, AdrenalineMob, FlyingColors, The Winery Dogs, entre outros), inicialmente tratava-se de um projetoformado para alguns shows com o guitarrista Tony MacAlpine (Planet X, Vinnie Moore), mas que se consolidou em uma banda de tempo integral, finalmente concretizada com o baixista Billy Sheehan (Talas, David Lee Roth band, Mr. Big, Niacin, The Winery Dogs, entre outros), Jeff Scott Soto(Yngwie Malmsteen, Trans-Siberian Orchestra, W.E.T., S.O.T.O., entre outros) para os vocais e, na guitarra e backing vocals,Ron "Bumblefoot" Thal(Guns N' Roses, ArtofAnarchy, entre outros).

 

 


Figura 1: Show da banda Sons of Apollo - MMXXII Tour (Ópera de Arame, Curitiba, 09/08/2022). Fonte: Igor Miranda/João Renato Alves

 

 

Com dois álbuns de estúdio, Psychotic Symphony(2017) e MMXX(2020), esta superbanda estadunidense com sonoridade alinhada ao Metal Progressivo, e que já esteve no Brasil em 2018 para três shows (em Porto Alegre, São Paulo e Belo Horizonte),realizou uma série de quatro shows em agosto de 2022, previamente agendados para abril de 2021 e depois janeiro deste ano (postergados em decorrência da pandemia da Covid-19 – ainda vigente), incluindo na atual turnê, além de São Paulo, as cidades de Brasília, Rio de Janeiro e Curitiba, sendo a primeira apresentação e que iniciou esta segunda passagem no território nacional na capital paranaense.

 

 

Para esta turnê, intitulada MMXXII Tour (referindo-se ao ano de 2022 em algarismos romanos), e que ainda contempla Santiago (Chile) e Buenos Aires (Argentina), uma mudança na formação da banda nesta série de apresentações na América do Sul. Em decorrência de restrições de viagem, pelos protocolos vigentes para a vacinação necessária e exigida contra a Covid-19, Billy Sheehan foi substituído pelo excelente baixista brasileiro Felipe Andrioli (Angra, Kiko Loureiro, Karma, Almah, entre outros).

 

 


Figura 2: Bumblefoot e Felipe Andrioli com a superbanda Sons Of Apollo - MMXXII Tour (Ópera de Arame, Curitiba, 09/08/2022). Fonte: Partiu Rolê CWB

 

 

Com essa formação, e em uma noite gelada e chuvosa, a estreia da atual turnê no Brasil ocorreu no Teatro Ópera de Arame, em Curitiba, no dia 9 de agosto de 2022. Coube à ótima banda também estadunidense Lufeh (mas formada também por músicos brasileiros) a abertura do espetáculo.

 

 

Desde 2018, a direção de iluminação dos shows da banda Sons Of Apollo fica sob a condução do Lighting Designer estadunidense Jerry Sell (The Neal Morse Band, The Contortionist, entre outros), que acompanha a banda nas turnês, festivais e outras realizações. Para um show intenso e dinâmico, Sell configurou a iluminação em basicamente quatro linhas, sendo uma de backlighting, duas do centro para a frente do palco em downlightinge uma emfrontlighting, prezando pela diversificação de luminárias, de maneira a produzir uma iluminação uniforme e difusa acompanhada por follow-spots e mini-brutspara os contrastes de intensidade e as dinâmicas de sincronismo e movimentos.

 

 

No todo, destacou-se uma iluminação cênica que se integrava às canções, de modo funcional e estrategicamente projetada para enaltecer cada um dos protagonistas nos seus momentos dos solos e de destaque individual, mesmo que isso tenha ocorrido por repetidas vezes em praticamente todas as canções. Em outras palavras não havia uma hierarquia entre os músicos, pois todos são igualmente solistas e basilares para a sonoridade, coesa e sólida.

 

 


Figura 3: Aspecto do show da banda Sons Of Apollo - MMXXII Tour (Ópera de Arame, Curitiba, 09/08/2022). Fonte: TopLinkMusic/André Tedim

 

 

Isso faz com que a iluminação seja absorvida pelo espetáculo em uma conjunção sonora e visual, sem uma distinção mais destacada. A complementaridade não protagoniza a luz, como também não reduz sua importância. Do contrário, adiciona novos elementos, como cores ou dinâmicas, proporcionando e adicionando sensações, pela iluminação, visuais, e valorizando as condicionantes do espetáculo.

 

 

Desde a canção de abertura, GoodbyeDivinity, nos momentos de relativa calmaria à mais vibrante e pesada subdivisão rítmica, a iluminação se integraliza, seja pelas dispersões monocromáticas às interpolações de cores dominantes, com destaques para os fachos azuis e âmbares. Somados a esses aspectos, acontecem distribuições simétricas e concentradas principalmente nos músicos, como recortes mais específicos reveladores.

 

Para as canções “FalltoAscend” e “Signsofthe Time”, composições luminosas com matizes marcantes e cores análogas evidenciavam as sutilezas das canções e o virtuosismo dos músicos, que se revezavam entre linhas uníssonas – guitarra, bateria, baixo - e solos – principalmente guitarra e teclado -, com perfeccionismo e êxtase. Como uma explosão sonora e visual, o sincronismo entre iluminação e música evidenciaram também os cuidados técnicos do espetáculo.

 

 


Figura 4: Aspecto do show da banda Sons Of Apollo - MMXXII Tour (Ópera de Arame, Curitiba, 09/08/2022). Fonte: Partiu Rolê CWB

 

 

Na sequência formada pelas cançõesWitherto Black, Alive, Asphyxiation e Lost in Oblivion, fachos mais definidos e acentuados, sincronizados com os elementos rítmicos e sonoros, também valorizaram as texturas selecionadas e definidas por Jerry Sell para as narrativas musicais, densas e atormentadas.

 

 

Para os momentos mais emocionantes e introspectivos, especificamente nas canções seguintes, Desolate July (dedicada aDavid Z. e Jane Train, respectivamente baixista e manager da banda estadunidenseAdrenalineMob, ambos mortos em um trágico acidente ocorrido em 2017) e King OdDelusion, a iluminação, em um preenchimento cênico uniforme e mais sombrio, também enaltecia as temáticas de perdas abordadas pelas letras, trazendo padrões visuais com cores complementares.

 

 

A última seção, com as canções New World Today, Figaro'sWhore (solo de teclado) e Coming Home, princípios de dramaticidade e humor se mesclavam com doses de energia e serenidade, antecipando o fim do show com o Bis, finalizando o espetáculo com a empolgante GodOf The Sun.

 

 


Figura 5: Show da banda Sons of Apollo - MMXXII Tour (Ópera de Arame, Curitiba, 09/08/2022). Fonte: Reprodução Twitter/@MikePOrtnoy

 

 

Em pouco mais de uma hora e meia,e com canções dos dois álbuns, a banda Sons Of Apollo (ou “filhos de Apolo”, deus grego cuja mitologia o associa como divindade das artes, poesia, música e cura), proporcionaram um espetáculo com profissionalismo admirável, abrilhantado pelas performances musicais magistrais de músicos reverenciados, ídolos em condições de divindades, e pela iluminação cênica categórica, equilibrada e sensível, valorizando o show pela integralização dos elementos visuais – dinâmicos e notáveis!

 

 

Abraços e até a próxima conversa!!!

 

 

Divindades Luminosas - Sons Of Apollo no Teatro Ópera de Arame, em Curitiba
Cezar Galhart

COMENTÁRIOS

O capacitor envelhece em um equipamento pouco usado também? Ou ele degrada principalmente com o uso? Por exemplo, um equipamento da década de 80 muito pouco usado precisaria de recap por desgaste do tempo?

- Henrique M

Ótimo, vai ajudar muito! Cesar é fantástico, ótima matéria!

- adriano vasque da

Saudades da Paranoia saudável que tínhamos no Freeeeeee Jazzzzzz Festival (imitando Zuza em suas apresentações magnificas) Parabéns Farat Forte abraço

- Ernani Napolitano

Artigo incrivel! Extremamente realista e necessário, obrigado mestre!

- Jennifer Rodrigues

Depois de 38 anos ouvindo o disco, eis q me deparo com a história dele. Multo bom!! Abrss

- Fernando Baptista Junqueira

Que maravilha de matéria, muito verdadeira é muito bem escrita, quem viveu como eu esta época, só pode agradecer pela oportunidade que Deus me concedeu. Vou ler todas, mas tinha que começar por esta… abraços…

- Caio Flávio

Só li verdades! Parabéns pela matéria Farat

- Guile

Ótimo texto Zé parabéns !!!!! Aguardando os próximos!!!

- Marco Aurélio

Adoro ver e rever as lives do Sá! Redescobri várias músicas da dupla valorizadas pela execução nas "Lives do Sá". Espero que esse trabalho volte de vez em quando. O Sá, juntamente com o Guilherme Arantes e o Tom Zé, está entre os melhores contadores de casos da MPB. Um livro com a história da dupla/trio escrito por ele seria muito interessante!

- Bruno Sander

Ontem foi um desses dias em que a intuição está atenta. Saí a caminhar pela Savassi sabendo que iria entrar naquela loja de discos onde sempre acho algo precioso em vinil. Já na loja, fui logo aos brasileiros e lá estavam o Nunca e o Pirão de Peixe em ótimo estado de conservação, o que é raríssimo. Comprei ambos. O 2º eu já tinha, meio chumbado. O Nunca eu conhecia de CD, e tem algumas das músicas que mais gosto da dupla, p. ex. Nuvens d'Água (acho perfeita), Coisa A-Toa (alusão à ditadura?), e outras. Me disseram que o F. Venturini é fã do Procol Harum, e realmente alguns solos de órgão dele fazem lembrar a banda inglesa.

- João Henrique Jr.

Que maravilha de matéria. Me transportei aos anos de ouro da música brasileira

- Sidney Ribeiro

Trabalho lindão. Parabéns à todos os envolvidos!

- Anderson Farias de Melo

O que dizer do melhor disco da música nacional(minha opinião). Tive o prazer em ver eles como dupla e a volta como trio em um shopping da zona leste de sampa. Lançamento do disco outra vez na estrada. Espero poder voltar a vê-los novamente, já que o Sa hoje mora fora do Brasil. E essa Pandemia, que isolou muito as pessoas. Obrigado por vocês existirem como músicos, poetas e instrumentistas. Vocês são F..., Obrigado, abracos

- Luiz antonio Rocha

Que maravilha Querido Paulinho Paulo Farat!! Obrigado por dividir conosco momentos tão lindos , pela maravilha de pessoa e imenso talento que Vc sempre teve, tem e terá, sempre estará no lugar certo e na hora certa ! Emocionante! Tive a honra de trabalhar muitas vezes com Vc, em especial na época do Zonazul , obrigado por tudo, parabéns pela brilhante carreira e que Deus Abençõe sempre . Bjbj

- Michel Freidenson

Mais uma vez um texto sensacional sobre a história da música e dos músicos brasileiros. Parabéns primo e obrigado por manter viva a memória dessas pessoas tão especiais para nós E vai gravar o vídeo desta semana! Kkkk

- Carlos Ronconi

Grande Farat!!! Bacana demais a coluna! Cheio de boas memorias pra compartilha!!!

- Luciana Lee

Valeu Paulo Farat por registrar nosso trabalho com tanto carinho e emoção sincera. Foram momentos profissionais muito importantes para todos nós. Inesquecíveis ! A todos os membros de nossa equipe,( e que equipe! ) Nosso Carinho e Saudades ! ???? ???????????????????? Guilherme Emmer Dias Gomes Mazinho Ventura Heitor TP Pereira Paulo Braga Renato Franco Walter Rocche Hamilton Griecco Micca Luiz Tornaghi Carlão Renato Costa Selma Silva Marilene Gondim Cláudia Zettel (in memoriam) Cristina Ferreira Neuza Souza

- Alberto Traiger

Depois de um ano de empresa 3M pude fazer o bendito carnê e comprei uma vitrolinha (em 12X) e na mesma hora levei Pirão, Quatro (Que era o novo), Es´pelho Cristalino e Vivo do Alceu, fiquei um ano ouvindo e pirando sem parar, depois vi o show do Quatro em Campinas. Considero o mais equilibrado de todos, sendo que sempre pendendo pro rural e nem tanto pro urbano, um disco atemporal podendo ser ouvido em qualquer situação, pois levanta o astral mesmo. No momento, Chuva no campo é ''a favorita'', mas depois passa e vem outra, igualzinho à aquela banda de Liverpool, manja????

- Ademilson Carlos de Sá

B R A V O!!! Paulo Farat não esqueça: “Afina isso aí moleque!” Hahahaha Tremendo profissional, sou teu fã, Grande abraço!

- Dudu Portes

Show é sensacional. Mas a s sensação intimista de parecer que a live é um show particular, dentro da sua casa, do seu quarto, é impagável. Parabéns família, incluindo Guarabyra e Tommy...

- Ricardo Amatucci

Paulo Farat vai esta nas lives do Papo Na Web a partir de amanha apresentando "Os Albuns Que Marcaram As Nossas Vidas"" Não percam, www.facebook.com/depaponaweb todas as terças-feiras as 20:00 horas

- Carlos Ronconi

Caro Luiz Carlos Sá, as canções que vocês fazem são maravilhosas, sinto a energia de cada uma. Tornei-me um admirador do trabalho de vocês no final dos anos 1970 com o LP Quatro e a partir de então saí procurando os discos de vocês, paguei um preço extorsivo pelo vendedor, os LP's "Casaco Marrom" do Guarabyra e "Passado, Presente e Futuro" (primeiro do Trio), mas valeu. tenho todos em LP's e CD's até o Antenas, depois desse só em CD's e o DVD "Outra Vez Na Estrada" exceto o mais recente "Cinamomo" mas em breve estarei com ele para curtir. A última vez que vi um show da dupla (nunca vi o trio em palco), foi no Recife no dia 16/04/2016 na Caixa Cultural, vi as duas apresentações. Levei dois bolos de rolo pra vocês, mas o Guarabyra não estava. Quero registrar que tenho até o LP "Vamos Por Aí", todos autografados, que foi num show feito no Teatro do Parque, as apresentações seriam nos 14,15 e 16/10/1992 mas o Guarabyra perdeu o voo e só foram dois dias, no dia do seu aniversário e outro no dia 16. Inesquecível. Agora estou lendo essas crônicas maravilhosas. Grande abraço forte e fraterno e muita saúde e sucesso pra vocês, sempre. P.S. O meu perfil no Facebook é Xavier de Brito e estou lá como Super Fã.

- Edison Xavier de Brito

Me lembro de ter lido algumas destas crônicas dos discos quando voce as publicou no Facebook em 2013, Sá. Muito emocionante reler e me emocionar de novo. Voces foram trilha sonora importantíssima dos últimos anos da minha vida. Sou de 1986, portanto de uma geração mais nova que escuta voces. Gratidão e vida longa a voces!

- Luiz Fernando Lopes

Salve!!! Que maravilha conhecer essas histórias de discos que fazem parte da minha vida. Parabéns `à Backstage e ao Sá! E, claro, esperando a crônica do Pirão. Esse disco me acompanha há mais de quarenta anos! Minhas filhas escutaram desde bebês e minha neta, que vai nascer agora em setembro, vai aprender a cantar todas as músicas!

- Maurício Cruz

com esse time de referências musicais (exatamente as minhas) mais o seu talento, não tem como não fazer música boa!!!! parabéns!!! com uma abraço de um fã que ouve seus discos desde essa época!

- nico figueiredo

Boa noite amigo, gostei muito das suas explicações, pois trabalho com mix gosto muito mesmo e assistindo você falando disso tudo gostei muito um abraço.

- Rubens Miranda Rodrigues

Obrigado Sá, obrigado Backstage, adoro essas histórias, muito bom, gostaria de ouvir histórias sobre as letras tbém, abç.

- Robson Marcelo ( Robinho de Guariba SP )

Esperando ansioso o Pirão de Peixe e o 4. Meu primeiro S&G

- Jeferson

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