Anuncio topo
COLUNISTAS

Fatores e primórdios na iluminação cênica dos shows (Parte 1)

06/01/2022 - 22:19h
Atualizado em 07/01/2022 - 12:11h

 

Os shows musicais, da forma que são concebidos, produzidos e realizados na atualidade, e, principalmente, a iluminação cênica, são consequentes da evolução tecnológica, conceitual, cultural e social ocorrida nas últimas seis décadas. Houve um momento em que as apresentações musicais passaram de eventos locais, ocasionais e restritos, para grandes realizações, no âmbito global e com regularidade. Nesta conversa, serão identificados alguns dos principais fatores que influenciaram o surgimento das turnês musicais e os primeiros passos da iluminação cênica desses espetáculos.

 

 

No ano de 2022 serão celebrados diversos acontecimentos e eventos, tais como o centenário da Semana de Arte Moderna, realizada no Teatro Municipal de São Paulo, e que foi uma manifestação que, ao propor uma nova visão de arte, buscava renovação social e artística para o Brasil; mais contemporaneamente, oquinquagésimo aniversário de obras literárias influentes, pelosbrilhantes filósofosfrancesesGilles DeleuzeeFélix Guattari (este, também psicanalista); filmes impecáveis como “O Poderoso Chefão” e “Cabaret”; discos extraordinários;e turnês lendárias, como “The Ziggy Stardust Tour”,de uma das mais emblemáticas personasdo genial cantor, compositor e multi-instumentista David Bowie, “The Dark Side of the Moon Tour” da esplêndida banda inglesa Pink Floyd, “Close To The Edge Tour” da magistral banda inglesa Yes, entre outras comemorações.

 

 

No entanto, mesmo para a celebração desses shows e turnês (que serão abordadas nesta coluna), essa conversa retomará um momento histórico anterior àquele dessas importantes produções realizadas no início da década de 1970, mas que foram determinantes para aquelas realizações. Se o ano de 1972 traz para esses espetáculos marcas significativas referências para todas as produções da posteridade, sabe-se com convicção de que esses modelos foram moldados a partir de determinados fatores, em momentos históricos anteriores.

 

 

Assim, torna-se impossível pensar nas produções dos espetáculos realizados nos últimos cinquenta anos sem retomar aos fatos que suscitaram o desenvolvimento da iluminação cênica dos shows como uma consequência da evolução tecnológica, conceitual, cultural e social, que potencializou esses eventos com magnitudes quantitativas e qualitativas que anteriormente não haviam sido experienciadas. Para melhor compreender isso, será necessário voltar, pelo menos, duas décadas desse período.

 

 

Figura 1: Padrão cultural e de consumo de uma família americana (década de 1950). Fonte: Study Breaks Magazine.

 

 

Deve-se então voltar no tempo tendo como base os anos posteriores ao término da segunda guerra mundial (1939-1945) que foi decisivamente marcado pela produção industrial e cultural, pela necessidade de construção e reconstrução (em todos os aspectos), fazendo emergir uma sociedade fortemente estimulada por novos hábitos de consumo.Este (consumo) deveria estimular a economia e consolidar ideais de autonomia e autoafirmação cultural em contraposição às ideias propagadas na primeira metade da década de 1940.

 

 

O entretenimento passou a ser formatado em um padrão atrelado ao consumo eausência de uma perspectiva crítica, justificada por uma necessidade de superação e descontração. Isso impactou diretamente na criação do artista pop americano, protagonista destacado no cinema e no palco e neste último deslocado da banda (de apoio), que projetou Frank Sinatra no fim dos anos de 1940 e Elvis Presley nasegunda metade da década de 1950, entre outros, a um novo patamar de idolatria – e à frente do palco, criando a ideia do “frontman”. Esse deveria ser também o “foco” da iluminação cênica.

 

 

Foi com o advento da televisão naquele período pós-guerra, principalmente dos programas de variedades– ou também, de auditório - que surgiria então a primeira referência da iluminação cênica para os shows e espetáculos que seriam realizados na segunda metade dos anos de 1950 e na primeira metade da década de 1960.

 

Figura 2: Elvis Presley em apresentação no Dorsey Stage Show (CBS) em 1956. Fonte: Elvis History Blog.

 

 

Nesse período que, sob influência da linguagem visual e fotográfica adaptada para o cinema e depois para a TV que os shows sairiam dos bares, teatros e pequenos anfiteatros para os “ballrooms” (salões de festas e eventos comunitários predominantes nas décadas de 1950-1960). Era necessário transpor para os palcos a mesma vibração das apresentações que começavam a interessar um público cada vez mais ávido por compactos, LPs e shows. Surgia um padrão de consumo e um formato de um novo produto de entretenimento.

 

 

Se a maioria dos artistas, bandas, orquestras que já realizavam espetáculos de uma hora (em média) conduziam a trilha sonora perfeita para os salões de dança, com a criação dos “frontmen” (aqui, no plural) exigia-se um cuidado e a utilização de followspots (canhões seguidores) para atender a uma demanda cada vez maior que já não ia aos espetáculos e saraus para dançar, mas para estar em contato visual, pessoalmente, frente a frente, com os ídolos.

 

 

Para o elegante e mais contido ator e cantor estadunidense Frank Sinatra (1915-1998), entre outros crooners do Jazz, do Blues e da canção popular americana (Billie Holiday, Sarah Lois Vaughan,Bing Crosby, Dean Martin)isso não representava nenhum desafio. Mas, para os emergentes cantores de Rock’n’Roll, principalmente o cantor, músico e ator estadunidenseElvis Presley (1935-1977), a frenética movimentação de palco exigia atenção, pois as ações, mesmo que já conhecidas, no palco, eram imprevisíveis.

 

Figura 3: Apresentação de Billie Holiday no Sugar Hill, Newark, New Jersey (abril de 1957). Fonte: Smithorian/Jerry Dantzic

 

 

As turnês, mesmo para Elvis, eram regionais, nacionais ou com limitações continentais, similares às “Petit Tours” da Ópera do século XIX (fora dos Estados Unidos, Elvis fez somente cinco shows em 1957, no Canadá)e começavam a ficar mais e mais limitadas a partir da segunda metade da década de 1950, pelos deslocamentos dificultosos, estruturas precárias e naturais desgastes, físicos e emocionais. Raras exceções devem ser destacadas, mesmo para Elvis com mais de quinhentas apresentações em três anos, como a banda Bill Haley & His Comets, liderada pelo cantor e músico estadunidenseWillian “Bill” John Clifton“Haley” (1925-1981) que em 1957 fez uma turnê mundial (“Grand Tour”) com passagens pelo Brasil para shows em São Paulo e Rio de Janeiro.

 

 

No início da década de 1960, Elvis já se dedicava quase que exclusivamente ao cinema e muitos dos precursores do Rock’n’Roll passavam por mudanças, dedicando-se a outros estilos ou mais focados nos programas de TV (que atingia a uma parcela maior da população com a mesma qualidade sonora e visual e ajudava muito na venda de discos). O estilo musical batizado pelo DJ estadunidense Alan Freed (1921-1965) já não era o mesmo.

 

 

Figura 4: Show de Little Richard e banda no Hamburg Star Club, em 1962. Fonte: Sven Simon/El País Online

 

 

Em 1962, o músico, compositor e impressionante cantor Richard Wayne Penniman (1932-2020), conhecido como “Little Richard”, que já migrava do Rock’n’Roll para canções Gospel, foi convencido pelo agente musical e promotor de shows inglês Don Arden (1926-2007) a realizar uma turnê pela Europa, pois seus discos ainda tinham signioficativas vendas naquele continente. Por sua vez, Little Richard influenciou o cantor de Soul, músico e empresário estadunidense Sam Cooke (1931-1964) a abrir alguns dos shows.

 

 

Sabendo dessa novidade, e identificando uma expressiva oportunidade, o empresário inglês Brian Epstein (1934-1967), que agenciava uma banda inglesa chamada “The Beat Brothers”, que mais tarde mudou o nome para“The Beatles”, pediu a Don Arden uma chance para queessa banda abrisse para Richard em algumas datas da turnê, recebendo a concordância do empresário e do próprio artista. O primeiro show de abertura que The Beatles fez para Little Richard foi no Tower Ballroom de New Brighton (Inglaterra) em outubro de 1962. Richard gostou muito da banda e não economizou em conselhos e dicas que foram seriamente consideradas na maioria das faixas de “Please Please Me”, álbum finalizado em 11 de fevereiro de 1963. O resto é história.

 

 

Mesmo com as raras imagens desses shows nesse período, evidencia-se a iluminação frontal proveniente de canhões seguidores, complementada por outra também frontal, seja por upload (refletores ou ribalta) ou download (principalmente em teatros), cuja ideia do frontman seria diluída com o surgimento de bandas como os próprios The Beatles ou por grupos vocais (The Supremes, The Crystals, The Ronettes), o trio folk estadunidense Peter, Paul & Mary, entre outros, que exigiam mais de um ponto focal, uma vez que não havia uma hierarquia, mesmo com evidentes destaques para Diana Ross, Veronica Bennett e Mary Travers.

 

Figura 5: The Ronettes no programa de auditório”Shindig” em 1964. Fonte: Vintage Everyday.

 

 

A TV, principalmente em programas tais como “The Ed Sullivan Show” (1948-1974), “The Fred Waring Television Show”(1949-1954) (este patrocinado pela indústria estadunidense General Electric), ainda era referência para esses espetáculos, e mesmo que houvesse uma iluminação estática com função exclusiva de visibilidade, e com vários refletores, foi em programas como “Shindig!” (1964-1966) que a iluminação cênica para apresentações musicais atingiria uma qualidade dramática, com cenas criadas com close-ups extremos e cortes rápidos, influenciando gerações de diretores e Lighting Designers que viriam a criar e produzir espetáculos, principalmente na década de 1970.

 

 

Com isso, celebrar turnês e shows marcantes, principalmente neste ano em que são comemoradas influentes e impactantes realizações destacadas no início desta conversa, é também reverenciar os primórdios, e precursores em todas as áreas, e que decisivamente contribuíram para o desenvolvimento conceitual e tecnológico da iluminação cênica.

 

 

Abraços,com votos de um 2022 repleto de esperança, muita Luz e prosperidade, e até a próxima conversa!!!

 

Fatores e primórdios na iluminação cênica dos shows (Parte 1)
Cezar Galhart

COMENTÁRIOS

O capacitor envelhece em um equipamento pouco usado também? Ou ele degrada principalmente com o uso? Por exemplo, um equipamento da década de 80 muito pouco usado precisaria de recap por desgaste do tempo?

- Henrique M

Ótimo, vai ajudar muito! Cesar é fantástico, ótima matéria!

- adriano vasque da

Saudades da Paranoia saudável que tínhamos no Freeeeeee Jazzzzzz Festival (imitando Zuza em suas apresentações magnificas) Parabéns Farat Forte abraço

- Ernani Napolitano

Artigo incrivel! Extremamente realista e necessário, obrigado mestre!

- Jennifer Rodrigues

Depois de 38 anos ouvindo o disco, eis q me deparo com a história dele. Multo bom!! Abrss

- Fernando Baptista Junqueira

Que maravilha de matéria, muito verdadeira é muito bem escrita, quem viveu como eu esta época, só pode agradecer pela oportunidade que Deus me concedeu. Vou ler todas, mas tinha que começar por esta… abraços…

- Caio Flávio

Só li verdades! Parabéns pela matéria Farat

- Guile

Ótimo texto Zé parabéns !!!!! Aguardando os próximos!!!

- Marco Aurélio

Adoro ver e rever as lives do Sá! Redescobri várias músicas da dupla valorizadas pela execução nas "Lives do Sá". Espero que esse trabalho volte de vez em quando. O Sá, juntamente com o Guilherme Arantes e o Tom Zé, está entre os melhores contadores de casos da MPB. Um livro com a história da dupla/trio escrito por ele seria muito interessante!

- Bruno Sander

Ontem foi um desses dias em que a intuição está atenta. Saí a caminhar pela Savassi sabendo que iria entrar naquela loja de discos onde sempre acho algo precioso em vinil. Já na loja, fui logo aos brasileiros e lá estavam o Nunca e o Pirão de Peixe em ótimo estado de conservação, o que é raríssimo. Comprei ambos. O 2º eu já tinha, meio chumbado. O Nunca eu conhecia de CD, e tem algumas das músicas que mais gosto da dupla, p. ex. Nuvens d'Água (acho perfeita), Coisa A-Toa (alusão à ditadura?), e outras. Me disseram que o F. Venturini é fã do Procol Harum, e realmente alguns solos de órgão dele fazem lembrar a banda inglesa.

- João Henrique Jr.

Que maravilha de matéria. Me transportei aos anos de ouro da música brasileira

- Sidney Ribeiro

Trabalho lindão. Parabéns à todos os envolvidos!

- Anderson Farias de Melo

O que dizer do melhor disco da música nacional(minha opinião). Tive o prazer em ver eles como dupla e a volta como trio em um shopping da zona leste de sampa. Lançamento do disco outra vez na estrada. Espero poder voltar a vê-los novamente, já que o Sa hoje mora fora do Brasil. E essa Pandemia, que isolou muito as pessoas. Obrigado por vocês existirem como músicos, poetas e instrumentistas. Vocês são F..., Obrigado, abracos

- Luiz antonio Rocha

Que maravilha Querido Paulinho Paulo Farat!! Obrigado por dividir conosco momentos tão lindos , pela maravilha de pessoa e imenso talento que Vc sempre teve, tem e terá, sempre estará no lugar certo e na hora certa ! Emocionante! Tive a honra de trabalhar muitas vezes com Vc, em especial na época do Zonazul , obrigado por tudo, parabéns pela brilhante carreira e que Deus Abençõe sempre . Bjbj

- Michel Freidenson

Mais uma vez um texto sensacional sobre a história da música e dos músicos brasileiros. Parabéns primo e obrigado por manter viva a memória dessas pessoas tão especiais para nós E vai gravar o vídeo desta semana! Kkkk

- Carlos Ronconi

Grande Farat!!! Bacana demais a coluna! Cheio de boas memorias pra compartilha!!!

- Luciana Lee

Valeu Paulo Farat por registrar nosso trabalho com tanto carinho e emoção sincera. Foram momentos profissionais muito importantes para todos nós. Inesquecíveis ! A todos os membros de nossa equipe,( e que equipe! ) Nosso Carinho e Saudades ! ???? ???????????????????? Guilherme Emmer Dias Gomes Mazinho Ventura Heitor TP Pereira Paulo Braga Renato Franco Walter Rocche Hamilton Griecco Micca Luiz Tornaghi Carlão Renato Costa Selma Silva Marilene Gondim Cláudia Zettel (in memoriam) Cristina Ferreira Neuza Souza

- Alberto Traiger

Depois de um ano de empresa 3M pude fazer o bendito carnê e comprei uma vitrolinha (em 12X) e na mesma hora levei Pirão, Quatro (Que era o novo), Es´pelho Cristalino e Vivo do Alceu, fiquei um ano ouvindo e pirando sem parar, depois vi o show do Quatro em Campinas. Considero o mais equilibrado de todos, sendo que sempre pendendo pro rural e nem tanto pro urbano, um disco atemporal podendo ser ouvido em qualquer situação, pois levanta o astral mesmo. No momento, Chuva no campo é ''a favorita'', mas depois passa e vem outra, igualzinho à aquela banda de Liverpool, manja????

- Ademilson Carlos de Sá

B R A V O!!! Paulo Farat não esqueça: “Afina isso aí moleque!” Hahahaha Tremendo profissional, sou teu fã, Grande abraço!

- Dudu Portes

Show é sensacional. Mas a s sensação intimista de parecer que a live é um show particular, dentro da sua casa, do seu quarto, é impagável. Parabéns família, incluindo Guarabyra e Tommy...

- Ricardo Amatucci

Paulo Farat vai esta nas lives do Papo Na Web a partir de amanha apresentando "Os Albuns Que Marcaram As Nossas Vidas"" Não percam, www.facebook.com/depaponaweb todas as terças-feiras as 20:00 horas

- Carlos Ronconi

Caro Luiz Carlos Sá, as canções que vocês fazem são maravilhosas, sinto a energia de cada uma. Tornei-me um admirador do trabalho de vocês no final dos anos 1970 com o LP Quatro e a partir de então saí procurando os discos de vocês, paguei um preço extorsivo pelo vendedor, os LP's "Casaco Marrom" do Guarabyra e "Passado, Presente e Futuro" (primeiro do Trio), mas valeu. tenho todos em LP's e CD's até o Antenas, depois desse só em CD's e o DVD "Outra Vez Na Estrada" exceto o mais recente "Cinamomo" mas em breve estarei com ele para curtir. A última vez que vi um show da dupla (nunca vi o trio em palco), foi no Recife no dia 16/04/2016 na Caixa Cultural, vi as duas apresentações. Levei dois bolos de rolo pra vocês, mas o Guarabyra não estava. Quero registrar que tenho até o LP "Vamos Por Aí", todos autografados, que foi num show feito no Teatro do Parque, as apresentações seriam nos 14,15 e 16/10/1992 mas o Guarabyra perdeu o voo e só foram dois dias, no dia do seu aniversário e outro no dia 16. Inesquecível. Agora estou lendo essas crônicas maravilhosas. Grande abraço forte e fraterno e muita saúde e sucesso pra vocês, sempre. P.S. O meu perfil no Facebook é Xavier de Brito e estou lá como Super Fã.

- Edison Xavier de Brito

Me lembro de ter lido algumas destas crônicas dos discos quando voce as publicou no Facebook em 2013, Sá. Muito emocionante reler e me emocionar de novo. Voces foram trilha sonora importantíssima dos últimos anos da minha vida. Sou de 1986, portanto de uma geração mais nova que escuta voces. Gratidão e vida longa a voces!

- Luiz Fernando Lopes

Salve!!! Que maravilha conhecer essas histórias de discos que fazem parte da minha vida. Parabéns `à Backstage e ao Sá! E, claro, esperando a crônica do Pirão. Esse disco me acompanha há mais de quarenta anos! Minhas filhas escutaram desde bebês e minha neta, que vai nascer agora em setembro, vai aprender a cantar todas as músicas!

- Maurício Cruz

com esse time de referências musicais (exatamente as minhas) mais o seu talento, não tem como não fazer música boa!!!! parabéns!!! com uma abraço de um fã que ouve seus discos desde essa época!

- nico figueiredo

Boa noite amigo, gostei muito das suas explicações, pois trabalho com mix gosto muito mesmo e assistindo você falando disso tudo gostei muito um abraço.

- Rubens Miranda Rodrigues

Obrigado Sá, obrigado Backstage, adoro essas histórias, muito bom, gostaria de ouvir histórias sobre as letras tbém, abç.

- Robson Marcelo ( Robinho de Guariba SP )

Esperando ansioso o Pirão de Peixe e o 4. Meu primeiro S&G

- Jeferson

DEIXE SEU COMENTÁRIO

Escreva sua opinião abaixo*