Detalhes, Excelência, Glória, Influência e Relevância

 

Meus amigos e leitores, escrevo a coluna neste mês em situação diferente de todas as anteriores. Após uma semana detalhando parte de um projeto, viagem e 6 dias intensos de implantação numa igreja em outro estado, cheguei de viagem, troquei de mala e saí com a família em nossas primeiras férias após 30 meses. A lista de conteúdo que tracei para esta série ficou no HD e estou lhes escrevendo no iPad.

 

 

Neste momento contrastante, ainda sentindo os efeitos de acumular 130 horas em 2 semanas, na prazeirosa atividade de lidar com equipamentos de alta qualidade, me encontro no extremo oposto, usufruindo da presença da família, em local agradável, com boa comida e sem a pressão do tempo ditando os afazeres. Enquanto recarrego energias e me dedico a esta, também prazeirosa, atividade de escrever sobre o que amo, sinto que brota do coração este conteúdo que será naturalmente mais breve, porém mais profundo por resumir alguns conceitos já abordados e alcançar mais as raízes do que fazemos em termos conceituais e práticos.

 

 

Como tenho dito, é a nossa atenção aos detalhes que permite alcançar a excelência. Nossa experiência e conhecimento nos ajudam a filtrar os detalhes significantes dos insignificantes, indicando o que devemos priorizar para alcançar a alta qualidade em nossas produções. A excelência não se trata de perfeição,  mas, parafraseando a definição proposta anos atrás pela equipe técnica da Willow Creek:

 

 

Excelência é

um nível de detalhes e qualidade

que honram a Deus

e inspiram o nosso próximo.

 

 

De 1646 a 1647, a liderança das Igrejas da Inglaterra e da Escócia se reuniu para produzir documentos que resumissem os principais conceitos da fé cristã, alinhando e aproximando as igrejas dos seus países e as da Irlanda.  Em 28/07/1648, foi aprovado o Breve Catequismo de Westminster que se inicia por responder a pergunta:

 

 

Qual o propósito principal do ser humano?

 

O propósito principal do ser humano

é glorificar a Deus

e usufruir eternamente

da comunhão com Ele.

 

 

Glorificar a Deus:

 

Vocês foram comprados por alto preço. Portanto, glorifiquem a Deus com o seu próprio corpo. 1 Co6.20

 

Portanto, quer vocês comam, quer bebam, quer façam qualquer outra coisa, façam para a glória de Deus. 1Co 10.31

 

 Pois todas as coisas vêm dele, existem por meio dele e são para ele. A ele seja toda a glória para sempre! Amém. Ro11.36

 

Usufruir da comunhão com Ele.

 

… Estou sempre contigo, e tu me seguras pela mão. Tu me guias com os teus conselhos e no fim me receberás com honras. No céu, eu só tenho a ti. E, se tenho a ti, que mais poderia querer na terra? Ainda que a minha mente e o meu corpo enfraqueçam, Deus é a minha força, ele é tudo o que sempre preciso. Sl73.23-26

(Palavras do salmista)

 

 

A natureza divina que tu me deste eu reparti com eles a fim de que possam ser um, assim como tu e eu somos um. Eu estou unido com eles, e tu estás unido comigo, para que eles sejam completamente unidos, a fim de que o mundo saiba que me enviaste e que amas os meus seguidores como também me amas. — Pai, quero que, onde eu estiver, aqueles que me deste estejam comigo a fim de que vejam a minha natureza divina, que tu me deste; pois me amaste antes da criação do mundo.Jo17.22-24

(Palavras de Cristo)

 

 

Vemos, então, que nosso propósito é glorificar a Deus e usufruir da Sua presença por meio do nosso relacionamento com Ele uma caminhada que tem seu início aqui e se estenderá por toda a eternidade.

 

Vivemos em meio a uma sociedade em que valores e princípios fundamentais se dobram ao relativismo. Para muitos, passa a valer o que se entende prover vantagem para si próprio. Nesse caos, uma fundamentação segura, embasada nos princípios imutáveis, estabelecidos pelo Deus que criou a raça humana, se apresenta como a única esperança capaz de guiar a sociedade a um futuro estável, se já não for tarde demais. Compreendo ser aqui que os esforços da igreja, implementadas por meio das suas equipes de produção musical e técnica, para fazer um pedaço da glória divina experimentável em meio ao tanto de mediocridade e pobreza de conteúdo que imperam no dia-a-dia, são essenciais para destacar a mensagem que impacta o destino eterno das pessoas.

 

Como isto acontece na prática?

 

O início é prover um ambiente de culto em que o som e acústica possibilitam ir além do básico de proporcionar uma mensagem inteligível, alcançando o nível em que são percebidas as nuances musicais. Isto abrange desde os mais delicados harmônicos produzidos por um violoncelo ou instrumento de percussão até os mais profundos graves de um contrabaixo ou bumbo, que chegam a ser sentidos fisicamente pelo ouvinte. Não estou falando de exageros em níveis sonoros, mas de um equilíbrio que dá suporte à música com suas variações dinâmicas, sem causar distração à mensagem comunicada por ela.

 

Entenda que um desempenho neste nível não resulta somente da qualidade técnica. A qualidade do projeto e dos equipamentos é fundamental, assim como é o nível de conhecimento técnico dos operadores. Mas para chegar neste nível, é preciso haver, ainda, a co-operação dos músicos e dirigentes provendo aos operadores o tempo e as informações necessárias para produzir uma mix com estes detalhes e a entregarem ao sistema que os transmitirá aos ouvintes.

 

Indo além do som, a iluminação precisa ser coerente em produzir cores e movimentos na tonalidade e intensidade corretas, transmitindo, por meio da sua linguagem, o apoio a mensagem que está sendo exposta. Igualmente importante é a operação das áreas de vídeo e projeção para apresentarem o seu conteúdo no tempo certo, semobrigar aquem cultuaaguardar a sequência da letra da música (que não espera) eapresentar imagens e vídeos sem atrasos que distraem ao invés de apoiar a mensagem.

 

Apesar de já ter feito referência a esta analogia diversas vezes, a sua importância não me permite omitir reforçar o conceito de que

 

 

Todas as áreas

técnicas, musicais e de

ministração da Palavra

precisam estar integradas

para proporcionar uma experiência

de nível que permita

um vislumbre da glória divina.

 

 

Isto pode ser exemplificado pelo desempenho de um atleta de primeira linha que disciplina os membros do seu corpo, treinando-os para coordenar os seus movimentos até conseguir realizaras suas funçõescom precisão e erros mínimos. O apóstolo Paulo nos indicou este caminho para a excelência no conceito da igreja-corpo, séculos antes de haver qualquer elemento tecnológico nos cultos!  É atuando neste nível que conseguimos efetivamente glorificar a Deus e inspirar o próximo através dos nossos dons, talentos e recursos tecnológicos na igreja.

 

 

Existe outro conceito importante que não pode ser ignorado nesta consideração. Ele nos retorna ao princípio básico de que

 

 

A comunicação precisa ser

adequada

à capacidade de compreensão

dos ouvintes.

 

 

A partir disto, não é difícil entender que os sistemas deprodução técnicade uma igreja em um contexto metropolitano ou urbano nas Américas, serãosignificantemente diferentes daqueles empregados numa comunidade rural ou indígena.

 

 

Porém é preciso também levar em conta que a glória de Deus pode ser transmitidapela simplicidade. Sofisticar demais a produção pode, além de desperdiçar recursos sacrificialmente oferecidos ao avanço do Reino de Deus, ser contraproducente causando distração na transmissão da mensagem!

 

 

Novamente se faz necessária uma co-operação entre os membros da igreja local, em que buscam conhecer a vontade, visão e propósito de Deus paraa igreja.Estes estarão naturalmente alinhados com a linguagem local e as habilidades da equipee com base neles serão balizadosos investimentos em proporção coerente.

 

 

Vale destacar que para proceder de forma responsável com os recursos ofertados, o discernimento do nível de tecnologia a ser implantada não deve ser delegado a voluntários, mas, sim, a consultores experientes em projetos de igrejas. Estes saberão escutar as lideranças de ministérios da igreja e os voluntários da produção para compreender a visão, a demanda e os recursos. Com base nesta compreensão,aplicarão a sua experiência e conhecimento para elaborar o projeto e implantaros sistemas que atenderão à visão que Deus deu a igreja.Normalmente um projeto bem sucedido é guiadopor5 parâmetros principais:

 

 

1- Disponibilidade de recursos

2- Visão e linguagem que serãoaditadas na comunicação da igreja local

3- Qualidade, durabilidade de equipamentos

4- Operabilidadedossistemas pelos voluntários

5- Uma reserva de flexibilidade (para queum aumento previsível na demanda da igreja possa ser atendido sem requerer a substituição dos sistemas)

 

 

Fica evidente que o nível de tecnologia que consideramos coerente para uma comunicação de qualidade urbana/metropolitana seria inadequado em contextos mais simples. Por trás disto está a premissa exposta por Marshall McLuhan há quase um século:

 

O meio é a mensagem

 

Traduzindo em termos práticos:

 

 

O cuidado que temos em apresentar a nossa mensagem fala mais alto do que as nossas palavras, comunicandoaos ouvintesa nossa seriedade e a importância que atribuímos à mensagem.

 

 

Daí entende-se queem nosso contexto metropolitano ou urbano, quem apresentauma hora de mensagem faladasem significante apoio visual, perderá o focode quem o escuta. Isto porque a maioria dos presentes costuma consumir suas informações em vídeos editados para concentrar o máximo de impacto em tempo mínimo. Não estou querendo implicar que quem cultua não deve se esforçar para concentrar na mensagem que Deus tem para seu coração, apenas que quem ministra esta mensagem precisa estar atento às linguagens pelas quais a sociedade acaba se acostumando a assimilar conteúdo.

 

 

Por outro lado,se ainda existe uma sociedade em que o vídeo ainda não tenha penetração significante, buscar comunicar por meio de imagens projetadas ou transmitidas pode comunicar menos que uma pessoa falando pessoalmente ao grupo. Mais uma vez, vale dar atenção ao apóstolo Paulo que demonstroucompreender e praticar a importância de adequar a sua comunicação aos ouvintesao afirmar:

 

 

Quando estou entre os fracos na fé, eu me torno fraco também a fim de ganhá-los para Cristo. Assim eu me torno tudo para todos a fim de poder, de qualquer maneira possível, salvar alguns.1Co9.22

 

 

Abrindo um pouco o zoom para uma perspectiva mais abrangente, percebemos que o funcionamento correto e bem integrado de todas as ferramentas técnicas não é auto-suficiente. Dependemos de haver uma mensagem relevante que influencie os ouvintes. As equipes de produção técnica apenas otimizam o que recebem para que seja melhor transmitido e recebido. Focar apenas nos elementos de produção sem haver uma mensagem relevante desvia os esforçospela transmissão do Evangelho em direção ao entretenimento, colocando-os mais para o extremo das produções de Hollywood que gera milhares de horas de conteúdo emocionante e impactante sem priorizar a relevância cultural ou espiritual.

 

 

Neste sentido, me impressiona a assertividade dos textos bíblicos quanto a essencialidade do amor, a decisão de agir em função do bem do próximo, neste processo. Assim como sabemos que de nada adianta dar presentes aos filhos  para compensar a falta de presença dos pais, também de pouco adianta se investir em equipamentos de alta qualidade se as lideranças das áreas da igreja não fornecerem às equipes de produção o tempo e comunicações necessárias para que os sistemas sejam bem operados. E na ausência do amor, Paulo aponta a futilidade dos talento e conhecimento:

 

 

Se eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, mas não tivesse amor, seria como um sino que ressoa ou um címbalo que retine. 1Co 13.1

 

 

Com isto, chegamos às questões de influência e relevância. Quando decidimos subir o volume de uma voz ou instrumento na nossa mix, quando se troca a cor ou intensidade da iluminação cênica ou se define por usar uma cor, fonte tipográfica ou arte ou, ainda, se escolhe um corte ou transição de um ângulo de cobertura de câmera para outro, o propósito deve ser o de manter coerência com uma linguagem artística definida para comunicar e, portanto, influenciar a quem participa do culto presencialmente ou online.

 

 

Nós que participamos da produção técnica dos cultos exercemos influência sobre quemcultua! Como temos o privilégio de atuar na atividade santa (exclusiva e separada) da adoração comunitária a Deus, é imprescindível que nossas ações sejam focadas em dar suporte à adoração da melhor forma ao nosso alcance - o que valida a preocupação constante com a qualidade - e que a influência que exercemos através desta linguagem, esteja alinhada com os princípios e propósitos de Deus. Para quem não entende a essencialidade desta última consideração, confira o resultado de dois camaradas vocacionados e autorizados a servir no culto a Deus que resolveram usar os equipamentos do culto como eles queriam, ignorando as ordens de Deus.

 

 

Nadabe e Abiú, filhos de Arão, colocaram brasas em seus incensários e as salpicaram com incenso. Com isso, trouxeram fogo estranho diante do Senhor, diferente do que ele havia ordenado. Por isso, fogo saiu da presença do Senhor e os devorou, e eles morreram diante do Senhor.Lv 10.1-2

 

 

Exercer influência no processo de adoração a Deus e na comunicação da mensagem que impacta o destino eterno das pessoas é um privilégio a ser exercido com a maior seriedade. Não tenho dúvida de que muitas vezes Deus deixa de manifestar a Sua glória em nossos cultos por haver desalinhamento ou "fogo estranho" sendo produzido ou proferido neles. Por estarmos na época da graça, Ele não envia fogo do céu para consumir os que transgridem, mas seus esforços são fúteis agora e receberão as consequências devidas da justiça divina na eternidade.

 

 

Quem estuda e se mantém informado sobre conceitos de liderança sabe que Influenciar é liderar. Liderar é ir à frente, usando do nosso conhecimento e experiência para preparar o caminho para os que lideramos, provendo-lhes com o melhor ao nosso alcance, de acordo com o nosso exemplo maior, Cristo, exemplificado como pastor de rebanhos, como já vimos.

 

 

Este ir à frente envolve muito mais que cumprir escala, aparecendo em cima da hora marcada, sem o preparo prévio para montar e operar extraindo o melhor dos equipamentos de produção do culto. Requer conhecer ao máximo possível os elementos que envolverão o nosso serviço a Deus e aos que O cultuam para que entendamos quais dos detalhes sob o nosso controle poderemos usar para alcançar a máxima qualidade.

 

 

Na prática do som, isto se traduz por meio de elementos como: conhecer as músicas que serão apresentadas (para entender a sua linguagem e o que valorizar na mix), conhecer os músicos (sabendo os pontos fortes e fracos da sua técnica e o que iremos valorizar ou precisar contornar da sonoridade dos seus instrumentos), conhecer a voz e e técnica de uso de microfone do pastor e vocalistas (para escolher os microfones mais adequados e não perder tempo nos ajustes da equalização - evitando precisar fazer ajustes radicais durante o culto). Perceba que todos estes detalhes dependem de conhecimento prévio daquilo que faremos.  Estou exemplificando apenas as características do som, mas é igualmente, ou até mais importante, haver a comunicação com ampla antecedência nas áreas da iluminação e projeção para poderem oferecer o melhor da sua técnica e talento no culto. A qualidade se manifesta por meio dos detalhes – e detalhes tomam tempo!

 

 

Indo além da liderança das equipes técnicas, vemos ser importantíssima a colaboração dos que lideram a igreja nas áreas de música e direção do culto. É preciso que exerçam a sua responsabilidade de ir à frente provendo com antecedência as informações para que as equipes de produção técnica possam servir comseus dons e talentos,proporcionando a máxima qualidade dentro do culto.

 

 

Apenas um parênteses colhido de anos de experiência. Quando as equipes técnicas são forçadas a servir sem as informações essenciais ao seu trabalho, reagindo ao invés de ter conhecimento prévio daquilo que acontecerá, o natural e coerente élimitarem-se ao mas básico, evitando arriscar-se em realizar coisas que promoveriam maior qualidade. Pois, na falta de conhecimento prévio, as tentativas de produzir com maior criatividade podem facilmente resultar em erros que causam distrações quebrandoo fluxo de andamento do culto.

 

 

É preciso pontuar o conceito de que quem serve como voluntário está abrindo mão do tempo e energia que poderia dedicar a outras coisas. Portanto, nada mais lógico do que desejar atingir a máxima qualidade através dos esforços que dedica. Quando uma equipe técnica é obrigada a servir sem as informações necessárias, mantendo sua produção no nível básico para minimizar os erros e ainda sendo cobradado palco quando eventuais erros ocorrem, a situação de moral na equipe acaba sendo a mais baixa e frustrante imaginável. Aqui vale reforçar o princípio básico de liderança:

 

 

Corrija ou critique

em particular

e elogie

em público!

 

 

Lembrete aos líderes: se os membros da suas equipes técnicas foram bem selecionados, eles desejam, de coração, fazer o melhor! Portanto, antes de reclamar de falhas, analise o seu próprio grau de responsabilidade no processo e analise como agirem reciprocamente para alcançar a qualidade que todos desejam dentro do culto a Deus.

 

 

Permitir que o ambiente da produção técnica se torne uma rotina desgastante não tem nada a ver com os princípios de excelência e frescor aos quais a palavra de Deus nos inspira. Anos antes de haver qualquer elemento tecnológico no culto, as instruções do salmista já destacavam a importância de havervariedade e qualidade no culto a Deus:

 

 

Louvem o Senhor com harpa […] Cantem-lhe uma nova canção; toquem com habilidade ao aclamá-lo.Sl33.2-3

 

 

Prover aquilo que é necessário aos outros membros da igreja-corpo para que cultuem servindo a Deus com qualidade é o mínimo essencial! O chamado da igreja e incumbência da sua liderança é ir além das suas paredes refletindo a luz e glória de Deus em meio à sociedade. Se não existe cuidado nem para com os da família da fé, fica evidente a incapacidade para cumprir o chamado de Deus de alcançar o mundo. Ocupar um cargo sem se aplicar diligentemente a cumprir os seus encargos, posiciona o líder na irrelevância. Existem inúmeros exemplos de irrelevância em todas as esferas de atividade humana, partindo da  política, e passando pela indústria, comércio, comunicação e prestação de serviços. Mas a igreja é chamada a ser diferente! Um certo grau de incapacidade humana pode ser superado pela sujeição e suprimento de capacitação de Deus. Porém isto não acontece de um dia para o outro sendo importante a igreja avaliar cuidadosamente aqueles que colocará em posições de liderança.

 

 

A influência e relevância da igreja precisam começar de dentro, se não fizermos a "lição de casa" expor-se à sociedade é trazer vergonha a nós mesmos e, pior, ao testemunho que devemos dar de Deus. Relevância é prover àquele que carece aquilo que ele necessita. No quadro mais amplo, é levar a mensagem da redenção de Cristo que resgata o destino eterno das pessoas. Porém não há como ignorar o conceito do copo de água que Cristo ensinou;

 

 

Eles também responderão: ‘Senhor, quando te vimos com fome ou com sede ou estrangeiro ou necessitado de roupas ou enfermo ou preso, e não te ajudamos?’ “Ele responderá: ‘Digo a verdade: O que vocês deixaram de fazer a alguns destes mais pequeninos, também a mim deixaram de fazê-lo’. “E estes irão para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna”.Mt25.44-46

 

 

Voltando à perspectiva das equipes de produção técnica, a qualidade do serviço, do culto que estes "mais pequeninos" que servem no som, iluminação, vídeo, projeção, cenografia, teatro, e coreografia oferecem a Deus em serviço aos seus irmãos e irmãs da igreja-corpo depende diretamente daquilo que recebem da sua liderança que ao lhes fornecer estes elementos está fazendo o mínimo, quando levado em conta a sua incumbência de servir e alcançar a sociedade que carece de Cristo.

 

 

Sinto que décadas de não cumprimento disto por tantos lideres preocupados em apenas pregar e ensinar tem nos trazido ao estado atual de pouca relevância da igreja, pois as suas ações, ou a ausência delas, grita muito mais alto que suas palavras, a começar de dentro das suas paredes.

 

 

Há cerca de 2700 anos, o profeta Isaías foi inspirado por Deus a registrar as palavras abaixo:

 

 

O Senhor diz: “Eu não quero todos esses sacrifícios que vocês me oferecem. Estou farto […] estou enjoado […] Quando vocês vêm até a minha presença, quem foi que pediu todo esse corre-corre nos pátios do meu Templo? Não adianta nada me trazerem ofertas […] Não suporto […] festas religiosas, pois os pecados de vocês estragam tudo isso […] dias santos me enchem de nojo; já estou cansado de suportá-los. “Quando vocês levantarem as mãos para orar, eu não olharei para vocês. Ainda que orem muito, eu não os ouvirei […] Parem de fazer o que é mau e aprendam a fazer o que é bom. Tratem os outros com justiça; socorram os que são explorados, defendam os direitos dos órfãos e protejam as viúvas.”Is 1.11-17

 

 

Três séculos depois outro profeta, Malaquias, foi inspirado a escrever palavras semelhantes:

 

 

“Ah, se um de vocês fechasse as portas do templo! Assim ao menos não acenderiam o fogo do meu altar inutilmente. Não tenho prazer em vocês”, diz o Senhor dos Exércitos, “e não aceitarei as suas ofertas.Ml 1.10

 

 

A igreja de Cristo esteve por séculos na liderança das artes. Escritores como Francis Schaeffer, seu filho Frank e Hans Rookmaaker direcionam a nossa atenção para as falhas da igreja em reconhecer, abraçar e fomentar a arte e criatividade. Se seguimos o Deus Criador do universo, que conferiu a cada um uma porção do seu DNA criativo, é uma falta de coerência e falha grave não cuidarmos de refletir a Sua imagem através da produção de arte com excelência.

 

 

Portanto, vamos buscar a máxima qualidade ao nosso alcance, com cada área de ministério da igreja cooperando no desenvolvendo dos seus dons e habilidades ao seu mais elevado potencial para não impedirmos os vislumbres da glória Divina em nossas produções. Que sejamos abençoados por  lideranças que estão em sintonia com o coração de Deus para transmitirmos mensagens relevantes à sociedade que Deus nos chama para alcançar. Lembrando que Deus não depende de nós para isto. Antes, Ele nos concede o privilégio de participar da Sua missão de redenção da raça humana, nos tornando canais pelos quais fluirão o Seu amor e redenção!

 

 

Que Deus nos abençoe ao buscarmos servi-Lo com a qualidade capaz de refletir a Sua glória, honrando-O e inspirando ao nosso próximo.