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COLUNISTAS

Ninguém nota o que funciona - Parte 3

21/12/2021 - 16:14h
Atualizado em 22/12/2021 - 10:51h


 

Ilustrações: Freepik / Macrovector


 

Aprendendo das nossas “Histórias de Guerra”

 

 

Na última postagem, tratávamos de evitar fazer configurações e receber materiais de última hora por isto contrariar as práticas recomendáveis, elevando o potencial de incidentesque quebram a qualidade no fluir dos momentos do culto.



A prática de nos trazerem materiais em cima da hora é antiga. Me recordo estar mixando um culto há uns 35 anos quando chegaram na House, me entregaram uma fita cassete sem nada impresso dizendo, o pastor pediu para eu cantar a terceira música, logo após os avisos. Quando saíam correndo, perguntei, a fita está no ponto para tocar?   Responderam, não sei.

 

Atitudes como estas nos permitem aprender diversas coisas sobre as pessoas que as praticam:

1. Elas não têm experiência e desconhecem o potencial que estão gerando de algo dar errado.

2. Elas ignoram que logo após o pastor, no culto, são os operadores de som e mídia que estão em maior evidência.E, diferente do pastor, a qualidade produzida pela equipe técnica, depende muito da atuação, comunicação e preparo dos outros!

3. Os propósitos, motivações e definição de sucesso delas estão focados em qualquer outra coisa, menos em cooperarem (operarem conjuntamente) para que a atenção e glória do culto sejam destinados a Deus.  (A postura bíblica é a definida por João Batista em João 3.30 Ele [Cristo] tem de ficar cada vez mais importante, e eu, menos importante.)

 

A analogia que o apóstolo Paulo faz da igreja como um corpo é riquíssima aqui. Os membros do corpo (as pessoas que servem no corpo) precisam estar alinhados em visão e propósito. Se uma parte do corpo lançar o corpo todo para praticar parkour alturas extremas, sem os demais membros do corpo estarem muito bem treinados e coordenados, a expectativa de vida deste corpo será reduzida a meros segundos!  

 

Volto a uma quente noite de domingo em fevereiro de 2016. Nossa equipe vinha motivada após ter recebido nota máxima na produção de um evento de liderança internacional, caracterizado por trazer ao seu conteúdo em vídeos. Estes eram intercalados com inserções ao vivo numa rotina semelhante à das emissoras de TV. Naquele domingo, receberíamos uma artista gospel que teria, na época, quase 3,2 milhões de álbuns vendidos entre áudio, vídeo e compilações.

 

Assim que soube da sua participação, pedi que a secretaria da igreja fizesse contato para me passar as informações necessárias, mas não conseguiam resposta. Faltando uns 10 dias, pedi o contato para que eu corresse atrás. Já dentro da semana anterior ao culto, recebi resposta de que não viria banda, e que seria “tranquilo” por ser playback. Pedi então que me enviassem as faixas para testar e carregar em nosso sistema. E recebi a resposta. “Eu as levarei no meu toca MP3” Indaguei sobre o modelo do aparelho e não obtive resposta. Quando insisti, pontuando que poderia causar problemas, fui informado que a artista traria “operador” e, assim, fiquei mais tranquilo.

 

Na noite do culto com auditório superlotado, a artista chega 15 minutos antes do início do culto. O “operador” era uma amiga dela que nunca havia visto o tal aparelho, um minúsculo clone de iPod. Minutos antes de caminharmos para o auditório, pontuei: Com a minha experiência de 35 anos em sonorização preciso deixar claro que proceder com esse aparelho pode dar problemas.

 

A artista, indiferente, retrucou “Então use os seus 35 anos de experiência para que eles não aconteçam. Vocês vão querer que a minha amiga passe as faixas?”

 

Obviamente não queríamos. Encontramos um segundo membro da equipe técnica, operador experiente, para “pilotar” o MP3, a artista passou meia música para acertar o retorno e saiu do palco para o culto se iniciar.



Ela também se reservou o direito de não seguir a sequência das músicas na playlist e, ainda, disse que talvez fosse pedir uma ou outra música que não constavam nem na relação manuscrita que nos entregou na hora e nem na lista recebida 10 dias antes, obrigando o operador da projeção a correr para encontrar as letras online durante o culto.

 

Abro um parênteses para deixar claro que o que descreverei não tem absolutamente nada a ver com uma postura de orgulho da minha parte. Eu preferia, em muito, ter errado e visto o culto fluir sem enroscos do que a vergonhosa situação que se configurou, roubando a atenção da glória devida a Deus e colocando a minha equipe debaixo de uma carga absurda de estresse desnecessário.

 

Após duas ou três músicas seguidas, a artista pede para avançar algumas faixas. O operador imediatamente atende ao pedido, mas a música que iniciou estava errada. A artista diz não ser esta e pede para voltar, depois para avançar e assim se seguiu o resto da apresentação, até que, no finalzinho da participação, nosso operador descobriu que se o botão de avanço fosse pressionado por mais de uma fração de segundo, o dispositivo avançava pulando mais de uma faixa.

 

Algo tão simples quanto uma pasta de arquivos MP3, que eu havia pedido com ampla antecedência, teria resultado num tempo sem intercorrências, poupando a artista, a minha equipe de staff e voluntários e a própria congregação, dos momentos vergonhosos naquele espaço que seria dedicado a glorificar a Deus. Entre uma música e outra, a artista ainda tentava remendar dizendo que não deveria ter acatado a sugestão de usar o tocador de MP3... Para fechar a performance, ela pediu para sair por uma porta dos fundos deixando mais de uma centena de pessoas enfileiradas esperando seu autógrafo no CD que adquiriram.

 

Anos antes, ocorreu outra situação em um congresso. Eu vinha produzindo som de qualidade há vários dias, quando um artista renomado chegou minutos antes do início da reunião, passou o som do seu violão correndo e depois, durante a apresentação, ficou a pedir mais retorno do instrumento. Quando o retorno chegou a um determinado nível, o violão começou a emitir um som diferente de qualquer coisa que eu, com uns 25 anos de estrada na época, havia escutado.

 

 

 

 

Não bastasse esta distração no que seria um momento destinado ao louvor a Deus, o artista passou a “brincar,” aproximando o violão do retorno para provocar o ruído enquanto citava o meu nome perguntando o que seria aquilo. Assim que voltei do evento, digitalizei a gravação do ruído e enviei ao meu mentor nos EUA para aprender o que seria. Ele respondeu que deveria haver algo solto no violão que ressonava e realimentava quando aproximado do retorno. Meses depois, o tal artista apareceu em um outro congresso que eu sonorizava e fui perguntar se ele se lembrava do incidente. Ele disse que sim. Quando lhe contei o diagnóstico dado pelo meu mentor e perguntei se seria possível ele ter algo solto no violão ele respondeu: Sim, eu já sabia...

 

Por viajar pelo Brasil em projetos e workshops, sei que cada um que serve nesta área tem histórias como estas. Meu propósito aqui vai muito além de expor as minhas, criticar artistas ou fazer alguém se sentir melhor por eu já ter passado por isto.

 

Expus estas situações para reforçar o que disse no início, sobre aprendermos das pessoas que apresentam atitudes como estas. Nestes exemplos com artistas renomados, as situações obviamente não surgiram da sua inexperiência.

 

No segundo exemplo, o artista sabia da falha no seu instrumento, mas usava-o para questionar, do palco, o trabalho que eu produzia com qualidade desde o início do congresso. Fica claro que não havia a mínima preocupação ou consideração com a minha pessoa, a quem ele usava para se divertir levando a plateia aos risos enquanto provocava os ruídos. Assim, podemos excluir o segundo item citado no início.

 

Por exclusão chegamos ao terceiro: aprender que o propósito, as motivações e definição de sucesso destas pessoas não estão alinhadas com aquilo que resulta em glória a Deus!

 

Deus trouxe dois textos à minha atenção por meio de outras experiências como estas:

Na primeira,as ordens do apóstolo Paulo apresentam o caminho para evitar a maioria destes momentos vergonhosos no espaço dedicado ao culto a Deus.

 

... Completem minha alegria concordando sinceramente uns com os outros, amando-se mutuamente e trabalhando juntos com a mesma forma de pensar e um só propósito. Não sejam egoístas, nem tentem impressionar ninguém. Sejam humildes e considerem os outros mais importantes que vocês. Não procurem apenas os próprios interesses, mas preocupem-se também com os interesses alheios.                                                             Filipenses 2.2-4 NVT

 

Como estas ordens foram escritas há uns 1960 anos e ainda vemos nas igrejas muitos que as desconhecem ou ignoram, vamos ao segundo texto, proferido pelo próprio Cristo.

 

‘Digo a verdade: O que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram’.

Mateus 25.40 NVI

 

A algum dos meus menores irmãos... Isto não é incrível? Aqui Deus abraça aquele voluntário ou voluntária que servem fielmente na técnica da igreja, sendo o primeiro da chegar e último a sair e Ele chama para Si próprio todo o mal e bem que lhes fizerem! E diferentemente da justiça humana, Ele reivindicará qualquer coisa que tivermos perdido. Não incluo os versículos 41 a 46 deste capítulo 25 por questão de espaço, mas se eu estivesse na pele de muitos artistas e líderes chamados evangélicos, eu certamente me preocuparia comas consequências para os quais estes 5 versículos finais do capítulo apontam.

 

Para fechar, deixo uma recomendação das “melhores práticas,” que considero a opção mais segura para playback, em situações que precisamos mixar sem conhecer bem o material. Exija receber o arquivo com antecedência. Confira a qualidade. Se for necessário, converta-o para um formato em que você possa abri-lo num aplicativo editor de ondas. Daí, quando mixar, deixe o zoom da tela do editor aberta na música inteira para acompanhar o cursor enquanto a música toca. Assim, o desenho da onda indicará o ponto da música com passagens muito fortes ou suaves permitindo você saber antecipadamente e estar pronto para ajustá-los sem atrasos.

 

Até a próxima!

 

 

Ninguém nota o que funciona - Parte 3
David Distler

COMENTÁRIOS

O capacitor envelhece em um equipamento pouco usado também? Ou ele degrada principalmente com o uso? Por exemplo, um equipamento da década de 80 muito pouco usado precisaria de recap por desgaste do tempo?

- Henrique M

Ótimo, vai ajudar muito! Cesar é fantástico, ótima matéria!

- adriano vasque da

Saudades da Paranoia saudável que tínhamos no Freeeeeee Jazzzzzz Festival (imitando Zuza em suas apresentações magnificas) Parabéns Farat Forte abraço

- Ernani Napolitano

Artigo incrivel! Extremamente realista e necessário, obrigado mestre!

- Jennifer Rodrigues

Depois de 38 anos ouvindo o disco, eis q me deparo com a história dele. Multo bom!! Abrss

- Fernando Baptista Junqueira

Que maravilha de matéria, muito verdadeira é muito bem escrita, quem viveu como eu esta época, só pode agradecer pela oportunidade que Deus me concedeu. Vou ler todas, mas tinha que começar por esta… abraços…

- Caio Flávio

Só li verdades! Parabéns pela matéria Farat

- Guile

Ótimo texto Zé parabéns !!!!! Aguardando os próximos!!!

- Marco Aurélio

Adoro ver e rever as lives do Sá! Redescobri várias músicas da dupla valorizadas pela execução nas "Lives do Sá". Espero que esse trabalho volte de vez em quando. O Sá, juntamente com o Guilherme Arantes e o Tom Zé, está entre os melhores contadores de casos da MPB. Um livro com a história da dupla/trio escrito por ele seria muito interessante!

- Bruno Sander

Ontem foi um desses dias em que a intuição está atenta. Saí a caminhar pela Savassi sabendo que iria entrar naquela loja de discos onde sempre acho algo precioso em vinil. Já na loja, fui logo aos brasileiros e lá estavam o Nunca e o Pirão de Peixe em ótimo estado de conservação, o que é raríssimo. Comprei ambos. O 2º eu já tinha, meio chumbado. O Nunca eu conhecia de CD, e tem algumas das músicas que mais gosto da dupla, p. ex. Nuvens d'Água (acho perfeita), Coisa A-Toa (alusão à ditadura?), e outras. Me disseram que o F. Venturini é fã do Procol Harum, e realmente alguns solos de órgão dele fazem lembrar a banda inglesa.

- João Henrique Jr.

Que maravilha de matéria. Me transportei aos anos de ouro da música brasileira

- Sidney Ribeiro

Trabalho lindão. Parabéns à todos os envolvidos!

- Anderson Farias de Melo

O que dizer do melhor disco da música nacional(minha opinião). Tive o prazer em ver eles como dupla e a volta como trio em um shopping da zona leste de sampa. Lançamento do disco outra vez na estrada. Espero poder voltar a vê-los novamente, já que o Sa hoje mora fora do Brasil. E essa Pandemia, que isolou muito as pessoas. Obrigado por vocês existirem como músicos, poetas e instrumentistas. Vocês são F..., Obrigado, abracos

- Luiz antonio Rocha

Que maravilha Querido Paulinho Paulo Farat!! Obrigado por dividir conosco momentos tão lindos , pela maravilha de pessoa e imenso talento que Vc sempre teve, tem e terá, sempre estará no lugar certo e na hora certa ! Emocionante! Tive a honra de trabalhar muitas vezes com Vc, em especial na época do Zonazul , obrigado por tudo, parabéns pela brilhante carreira e que Deus Abençõe sempre . Bjbj

- Michel Freidenson

Mais uma vez um texto sensacional sobre a história da música e dos músicos brasileiros. Parabéns primo e obrigado por manter viva a memória dessas pessoas tão especiais para nós E vai gravar o vídeo desta semana! Kkkk

- Carlos Ronconi

Grande Farat!!! Bacana demais a coluna! Cheio de boas memorias pra compartilha!!!

- Luciana Lee

Valeu Paulo Farat por registrar nosso trabalho com tanto carinho e emoção sincera. Foram momentos profissionais muito importantes para todos nós. Inesquecíveis ! A todos os membros de nossa equipe,( e que equipe! ) Nosso Carinho e Saudades ! ???? ???????????????????? Guilherme Emmer Dias Gomes Mazinho Ventura Heitor TP Pereira Paulo Braga Renato Franco Walter Rocche Hamilton Griecco Micca Luiz Tornaghi Carlão Renato Costa Selma Silva Marilene Gondim Cláudia Zettel (in memoriam) Cristina Ferreira Neuza Souza

- Alberto Traiger

Depois de um ano de empresa 3M pude fazer o bendito carnê e comprei uma vitrolinha (em 12X) e na mesma hora levei Pirão, Quatro (Que era o novo), Es´pelho Cristalino e Vivo do Alceu, fiquei um ano ouvindo e pirando sem parar, depois vi o show do Quatro em Campinas. Considero o mais equilibrado de todos, sendo que sempre pendendo pro rural e nem tanto pro urbano, um disco atemporal podendo ser ouvido em qualquer situação, pois levanta o astral mesmo. No momento, Chuva no campo é ''a favorita'', mas depois passa e vem outra, igualzinho à aquela banda de Liverpool, manja????

- Ademilson Carlos de Sá

B R A V O!!! Paulo Farat não esqueça: “Afina isso aí moleque!” Hahahaha Tremendo profissional, sou teu fã, Grande abraço!

- Dudu Portes

Show é sensacional. Mas a s sensação intimista de parecer que a live é um show particular, dentro da sua casa, do seu quarto, é impagável. Parabéns família, incluindo Guarabyra e Tommy...

- Ricardo Amatucci

Paulo Farat vai esta nas lives do Papo Na Web a partir de amanha apresentando "Os Albuns Que Marcaram As Nossas Vidas"" Não percam, www.facebook.com/depaponaweb todas as terças-feiras as 20:00 horas

- Carlos Ronconi

Caro Luiz Carlos Sá, as canções que vocês fazem são maravilhosas, sinto a energia de cada uma. Tornei-me um admirador do trabalho de vocês no final dos anos 1970 com o LP Quatro e a partir de então saí procurando os discos de vocês, paguei um preço extorsivo pelo vendedor, os LP's "Casaco Marrom" do Guarabyra e "Passado, Presente e Futuro" (primeiro do Trio), mas valeu. tenho todos em LP's e CD's até o Antenas, depois desse só em CD's e o DVD "Outra Vez Na Estrada" exceto o mais recente "Cinamomo" mas em breve estarei com ele para curtir. A última vez que vi um show da dupla (nunca vi o trio em palco), foi no Recife no dia 16/04/2016 na Caixa Cultural, vi as duas apresentações. Levei dois bolos de rolo pra vocês, mas o Guarabyra não estava. Quero registrar que tenho até o LP "Vamos Por Aí", todos autografados, que foi num show feito no Teatro do Parque, as apresentações seriam nos 14,15 e 16/10/1992 mas o Guarabyra perdeu o voo e só foram dois dias, no dia do seu aniversário e outro no dia 16. Inesquecível. Agora estou lendo essas crônicas maravilhosas. Grande abraço forte e fraterno e muita saúde e sucesso pra vocês, sempre. P.S. O meu perfil no Facebook é Xavier de Brito e estou lá como Super Fã.

- Edison Xavier de Brito

Me lembro de ter lido algumas destas crônicas dos discos quando voce as publicou no Facebook em 2013, Sá. Muito emocionante reler e me emocionar de novo. Voces foram trilha sonora importantíssima dos últimos anos da minha vida. Sou de 1986, portanto de uma geração mais nova que escuta voces. Gratidão e vida longa a voces!

- Luiz Fernando Lopes

Salve!!! Que maravilha conhecer essas histórias de discos que fazem parte da minha vida. Parabéns `à Backstage e ao Sá! E, claro, esperando a crônica do Pirão. Esse disco me acompanha há mais de quarenta anos! Minhas filhas escutaram desde bebês e minha neta, que vai nascer agora em setembro, vai aprender a cantar todas as músicas!

- Maurício Cruz

com esse time de referências musicais (exatamente as minhas) mais o seu talento, não tem como não fazer música boa!!!! parabéns!!! com uma abraço de um fã que ouve seus discos desde essa época!

- nico figueiredo

Boa noite amigo, gostei muito das suas explicações, pois trabalho com mix gosto muito mesmo e assistindo você falando disso tudo gostei muito um abraço.

- Rubens Miranda Rodrigues

Obrigado Sá, obrigado Backstage, adoro essas histórias, muito bom, gostaria de ouvir histórias sobre as letras tbém, abç.

- Robson Marcelo ( Robinho de Guariba SP )

Esperando ansioso o Pirão de Peixe e o 4. Meu primeiro S&G

- Jeferson

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