Anuncio topo
COLUNISTAS

O encontro, finalmente remarcado!

26/07/2022 - 05:37h
Atualizado em 26/07/2022 - 06:50h

 

Depois de um longo hiato pandêmico, reencontro meus amigos do Encontro Marcado, show que reúne Sá & Guarabyra, Flavio Venturini e 14 Bis. Reestreamos em Belo Horizonte, com casas lotadas no Palácio das Artes, um dos melhores lugares do Brasil pra se apresentar. Agora então, mais ainda: camarins reformados e confortáveis, equipe profissional e atenciosa, acústica perfeita. Nunca me cansarei de tocar ali.

 

Costumo dizer que esse é um show diferente, porque parte não só de uma identidade musical entre os componentes, mas também -e não menos – do desejo de estarmos juntos, viajando , tocando, ensaiando e nos reconhecendo depois de quase 50 anos de amizade econvivência, essa em particular interrompida inúmeras vezes pelas agendas divergentes. Não vou negar que pensamos dez vezes, todos nós sete , se aquilo ia dar certo. Mas Carlos Alberto Xaulim e Gegê Lara, os dois empresários mineiros que sugeriram esse verdadeiro ovo de colombo musical, puseram mãos à obra e afinal chegamos à estreia, que, acredite, foi um caos completo...

 

Isso porque a estrutura inicial do show era dividida em três apresentações diferentes: nós – na época ainda um trio, com Zé Rodrix vivo -  e Flávio, com nossas respectivas bandas, e o 14 Bis, coroados por um confuso grand finalecom três músicas tocadas por todos. Imaginem: dois baixistas, dois bateristas, dois guitarristas, quatro violonistas... Resultado: quinze músicos, oito pessoas na técnica, seis na produção, quase trinta pessoas viajando. Entendendo a inviabilidade provocada pelos custos elevadíssimos e pela dificuldade em coordenar três bandas com músicos de diversas escolas e tendências, Gegê e Xaulim apresentaram a solução salvadora: não podíamos ser três entidades isoladas: éramos, isso sim, uma quarta banda, o Encontro Marcado, que executava o repertório de Sá & Guarabyra, Flávio Venturini e 14Bis.

 

Daí em diante a coisa fluiu. Acertar o setlist ficou mais fácil, tocar então, nem se fala.

 

O melhor disso é que percebemos logo que a amizade resistira ao tempo e à  distância imposta pelas agendas durante as décadas em que seguimos nossos diferentes caminhos. Claro que discordamos, que queremos sempre uma solução para arranjos que satisfaçam a sete músicos, que temos que resolver quem vai cantar o que e onde, num grupo onde todos queremos fazer o máximo e o mais perto possível da perfeição. Compreendemos que às vezes temos que sacrificar nossos egos em prol do bem comum. Sabemos que temos que entregar ao público um grupo unido e sem dissensões, que o palco tem sempre que ser preenchido por sete amigos e não por poucos uns querendo atropelar muitos outros.

 

Mas acredite, isso não foi difícil. Entendemos rapidamente que para fazer soar as notas às vezes divergentes que povoam nossas cabeças há necessidade de harmonia. Harmonia musical, harmonia pessoal... por isso mesmo, à medida que o trabalho foi se desenvolvendo, vi com satisfação que nossa tendência era absolutamente gregária, que estávamos aos poucos entrando na mesma órbita e rumando para um objetivo único: fazer desse show não só um espetáculo de sucesso como também um veículo de aprendizado e troca de ideias entre seus integrantes. Isso não está declarado. Não conversamos sobre isso. Apenas sentimos a transformação que se processa em nós.

 

A gratificação pela maturidade necessária para que o Encontro Marcado aconteça de fato vem ao final dos shows, com o público aplaudindo de pé em teatros lotados, coisa que jamais aconteceria se – apesar dos hits do repertório como Sobradinho, Todo Azul do Mar, Caçador de Mim, Canção da América, Mestre Jonas, Espanhola, Dona, Noites com Sol, Planeta Sonho, Sonhando o Futuro, Linda Juventude, Roque Santeiro e doze outras músicas que estão na memória e fazem parte da história de vida de uma imensa quantidade de pessoas – não ficasse ali demonstrado que não é apenas a sobrevivência da nossa arte que nos move. A essa inconteste necessidade soma-se o prazer evidente que essas sete pessoas têm em estar juntas num palco, dando o seu melhor para que aquilo tenha um significado mais abrangente, que fale de vida, amizade e desapego a valores que não tenham influencia positiva sobre o que tocamos, cantamos e sonhamos.

 

Senão não seria um Encontro com “E” maiúsculo. E nem estaria marcado.

 

 

O encontro, finalmente marcado!
Luiz Carlos Sá

COMENTÁRIOS

O capacitor envelhece em um equipamento pouco usado também? Ou ele degrada principalmente com o uso? Por exemplo, um equipamento da década de 80 muito pouco usado precisaria de recap por desgaste do tempo?

- Henrique M

Ótimo, vai ajudar muito! Cesar é fantástico, ótima matéria!

- adriano vasque da

Saudades da Paranoia saudável que tínhamos no Freeeeeee Jazzzzzz Festival (imitando Zuza em suas apresentações magnificas) Parabéns Farat Forte abraço

- Ernani Napolitano

Artigo incrivel! Extremamente realista e necessário, obrigado mestre!

- Jennifer Rodrigues

Depois de 38 anos ouvindo o disco, eis q me deparo com a história dele. Multo bom!! Abrss

- Fernando Baptista Junqueira

Que maravilha de matéria, muito verdadeira é muito bem escrita, quem viveu como eu esta época, só pode agradecer pela oportunidade que Deus me concedeu. Vou ler todas, mas tinha que começar por esta… abraços…

- Caio Flávio

Só li verdades! Parabéns pela matéria Farat

- Guile

Ótimo texto Zé parabéns !!!!! Aguardando os próximos!!!

- Marco Aurélio

Adoro ver e rever as lives do Sá! Redescobri várias músicas da dupla valorizadas pela execução nas "Lives do Sá". Espero que esse trabalho volte de vez em quando. O Sá, juntamente com o Guilherme Arantes e o Tom Zé, está entre os melhores contadores de casos da MPB. Um livro com a história da dupla/trio escrito por ele seria muito interessante!

- Bruno Sander

Ontem foi um desses dias em que a intuição está atenta. Saí a caminhar pela Savassi sabendo que iria entrar naquela loja de discos onde sempre acho algo precioso em vinil. Já na loja, fui logo aos brasileiros e lá estavam o Nunca e o Pirão de Peixe em ótimo estado de conservação, o que é raríssimo. Comprei ambos. O 2º eu já tinha, meio chumbado. O Nunca eu conhecia de CD, e tem algumas das músicas que mais gosto da dupla, p. ex. Nuvens d'Água (acho perfeita), Coisa A-Toa (alusão à ditadura?), e outras. Me disseram que o F. Venturini é fã do Procol Harum, e realmente alguns solos de órgão dele fazem lembrar a banda inglesa.

- João Henrique Jr.

Que maravilha de matéria. Me transportei aos anos de ouro da música brasileira

- Sidney Ribeiro

Trabalho lindão. Parabéns à todos os envolvidos!

- Anderson Farias de Melo

O que dizer do melhor disco da música nacional(minha opinião). Tive o prazer em ver eles como dupla e a volta como trio em um shopping da zona leste de sampa. Lançamento do disco outra vez na estrada. Espero poder voltar a vê-los novamente, já que o Sa hoje mora fora do Brasil. E essa Pandemia, que isolou muito as pessoas. Obrigado por vocês existirem como músicos, poetas e instrumentistas. Vocês são F..., Obrigado, abracos

- Luiz antonio Rocha

Que maravilha Querido Paulinho Paulo Farat!! Obrigado por dividir conosco momentos tão lindos , pela maravilha de pessoa e imenso talento que Vc sempre teve, tem e terá, sempre estará no lugar certo e na hora certa ! Emocionante! Tive a honra de trabalhar muitas vezes com Vc, em especial na época do Zonazul , obrigado por tudo, parabéns pela brilhante carreira e que Deus Abençõe sempre . Bjbj

- Michel Freidenson

Mais uma vez um texto sensacional sobre a história da música e dos músicos brasileiros. Parabéns primo e obrigado por manter viva a memória dessas pessoas tão especiais para nós E vai gravar o vídeo desta semana! Kkkk

- Carlos Ronconi

Grande Farat!!! Bacana demais a coluna! Cheio de boas memorias pra compartilha!!!

- Luciana Lee

Valeu Paulo Farat por registrar nosso trabalho com tanto carinho e emoção sincera. Foram momentos profissionais muito importantes para todos nós. Inesquecíveis ! A todos os membros de nossa equipe,( e que equipe! ) Nosso Carinho e Saudades ! ???? ???????????????????? Guilherme Emmer Dias Gomes Mazinho Ventura Heitor TP Pereira Paulo Braga Renato Franco Walter Rocche Hamilton Griecco Micca Luiz Tornaghi Carlão Renato Costa Selma Silva Marilene Gondim Cláudia Zettel (in memoriam) Cristina Ferreira Neuza Souza

- Alberto Traiger

Depois de um ano de empresa 3M pude fazer o bendito carnê e comprei uma vitrolinha (em 12X) e na mesma hora levei Pirão, Quatro (Que era o novo), Es´pelho Cristalino e Vivo do Alceu, fiquei um ano ouvindo e pirando sem parar, depois vi o show do Quatro em Campinas. Considero o mais equilibrado de todos, sendo que sempre pendendo pro rural e nem tanto pro urbano, um disco atemporal podendo ser ouvido em qualquer situação, pois levanta o astral mesmo. No momento, Chuva no campo é ''a favorita'', mas depois passa e vem outra, igualzinho à aquela banda de Liverpool, manja????

- Ademilson Carlos de Sá

B R A V O!!! Paulo Farat não esqueça: “Afina isso aí moleque!” Hahahaha Tremendo profissional, sou teu fã, Grande abraço!

- Dudu Portes

Show é sensacional. Mas a s sensação intimista de parecer que a live é um show particular, dentro da sua casa, do seu quarto, é impagável. Parabéns família, incluindo Guarabyra e Tommy...

- Ricardo Amatucci

Paulo Farat vai esta nas lives do Papo Na Web a partir de amanha apresentando "Os Albuns Que Marcaram As Nossas Vidas"" Não percam, www.facebook.com/depaponaweb todas as terças-feiras as 20:00 horas

- Carlos Ronconi

Caro Luiz Carlos Sá, as canções que vocês fazem são maravilhosas, sinto a energia de cada uma. Tornei-me um admirador do trabalho de vocês no final dos anos 1970 com o LP Quatro e a partir de então saí procurando os discos de vocês, paguei um preço extorsivo pelo vendedor, os LP's "Casaco Marrom" do Guarabyra e "Passado, Presente e Futuro" (primeiro do Trio), mas valeu. tenho todos em LP's e CD's até o Antenas, depois desse só em CD's e o DVD "Outra Vez Na Estrada" exceto o mais recente "Cinamomo" mas em breve estarei com ele para curtir. A última vez que vi um show da dupla (nunca vi o trio em palco), foi no Recife no dia 16/04/2016 na Caixa Cultural, vi as duas apresentações. Levei dois bolos de rolo pra vocês, mas o Guarabyra não estava. Quero registrar que tenho até o LP "Vamos Por Aí", todos autografados, que foi num show feito no Teatro do Parque, as apresentações seriam nos 14,15 e 16/10/1992 mas o Guarabyra perdeu o voo e só foram dois dias, no dia do seu aniversário e outro no dia 16. Inesquecível. Agora estou lendo essas crônicas maravilhosas. Grande abraço forte e fraterno e muita saúde e sucesso pra vocês, sempre. P.S. O meu perfil no Facebook é Xavier de Brito e estou lá como Super Fã.

- Edison Xavier de Brito

Me lembro de ter lido algumas destas crônicas dos discos quando voce as publicou no Facebook em 2013, Sá. Muito emocionante reler e me emocionar de novo. Voces foram trilha sonora importantíssima dos últimos anos da minha vida. Sou de 1986, portanto de uma geração mais nova que escuta voces. Gratidão e vida longa a voces!

- Luiz Fernando Lopes

Salve!!! Que maravilha conhecer essas histórias de discos que fazem parte da minha vida. Parabéns `à Backstage e ao Sá! E, claro, esperando a crônica do Pirão. Esse disco me acompanha há mais de quarenta anos! Minhas filhas escutaram desde bebês e minha neta, que vai nascer agora em setembro, vai aprender a cantar todas as músicas!

- Maurício Cruz

com esse time de referências musicais (exatamente as minhas) mais o seu talento, não tem como não fazer música boa!!!! parabéns!!! com uma abraço de um fã que ouve seus discos desde essa época!

- nico figueiredo

Boa noite amigo, gostei muito das suas explicações, pois trabalho com mix gosto muito mesmo e assistindo você falando disso tudo gostei muito um abraço.

- Rubens Miranda Rodrigues

Obrigado Sá, obrigado Backstage, adoro essas histórias, muito bom, gostaria de ouvir histórias sobre as letras tbém, abç.

- Robson Marcelo ( Robinho de Guariba SP )

Esperando ansioso o Pirão de Peixe e o 4. Meu primeiro S&G

- Jeferson

DEIXE SEU COMENTÁRIO

Escreva sua opinião abaixo*