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COLUNISTAS

Farat por Farat (updated)

02/11/2023 - 10:19h
Atualizado em 02/11/2023 - 10:56h


 

Alooooô Srs. da coluna... Nossa história conta muito sobre o que fizemos e como chegamos até aqui, mas hoje vou ter meu momento de compartilhar como virei habitante do Universo do Áudio. Vem comigo...

 

 

Atualmente faço parte do crew da Falamansa, pela paz que essa gig proporciona, pelos bons textos das letras e pela música de raíz... Não que o Rock & Roll tenha saído do sangue, jamais, mas é uma tranquilidade sem tamanho no stage. Posso falar com os artistas, posso entrar no camarim, jogamos games no busão e temos nosso público fiel... Mas isso é conversa pra uma próxima coluna, ok???

 

 

Eu nasci com a música no sangue, dentro de mim, tão necessária quanto a comida e o ar… Como é bom, 63 anos depois, ainda poder me dedicar com muito foco e ainda aprendizado aos muitos e diferentes sons & tons!!!…

 

 

Quietinho aqui nos meus pensamentos durante essas breves férias do stage, pós uma maratona insana de São João, e ouvindo o novo álbum dos Stones (que por sinal é muito legal, apesar das críticas sobre a mix, compressão extrema, etc...), no talo, resolvi publicar essa coluna.. Já me disseram que minha paranoia em não errar (by Pena e a nossa Stage Brainz) ainda vai me levar pro túmulo, hahahaha. Mas é assim que eu gosto. Se nos anos 80 eu já era assim, imaginem hoje, com toda essa informação digital, comprometimento em cumprir as agendas no tempo, de lapidar nossas consoles e por aí vai!!!

 

 

É música 24 horas por dia… De Queen até Tower Of Power no iPod, saio do palco já pensando no próximo, nos riders, nos equipos novos, nas histórias… Entro no busão e lá vem Alan Parsons Project, Genesis & (claro) AC/DC no ear… Sou o maluco que adora chegar pra passagem de som e ficar no local até o final do show conversando com minhas máquinas, sacando a entrada do público, tomando aquele suquinho no camarim. Hotel e tira do foco. É coisa de louco mesmo. Sou muito questionado por esse procedimento, mas é assim que eu sou feliz.

 

 

 

 

A janela do busão é uma telinha de cinema… Passam todos os filmes… Do “Porão da Casa do Mané”, onde tínhamos uma banda ridícula, com três guitarras base e um pandeirinho sem pele, tocando Fio Maravilha, achando que iriamos pegas as Vandinhas, Sandrinhas, Marias e Aninhas, até o show do dia anterior, não passa nada em branco… As grandes tours, as pequenas, as vitórias, as derrotas, os erros que não foram poucos, as lições não aprendidas… Enfim, sou do tipo que deixar de abrir um canal na hora certa do show me derruba imediatamente, como bom Canceriano que sou… Hahahaha.

 

 

Depois do susto que foi ouvir “The Dark Side Of The Moon” e “A Night At The Opera” e claro, o primeiro do Guilherme Arantes (que me direcionaram pro áudio e radicalmente mudaram a minha vida), ter um pouco de sorte e estar no lugar certo na hora certa, com “padrinhos e mestres” certos foi fundamental e um empurrãozinho sem preço… As pedras fundamentais na minha jornada foram, sem dúvida nenhuma, as portas que o Maurício de Sousa e o seu irmão Márcio abriram nos estúdios MSP pra esse boy de construtora metido a besta aqui…

 

 

 

Sou eternamente grato, porque depois de ser despedido do antigo emprego por passar a maior parte do tempo tocando Hammond na máquina de escrever e Moog na calculadora em dia de concorrência - sim o John Lord tinha Mini Moog na fase Mark IV do Deep Purple (dublando John Lord no disco, ops, na Basfita K7 46 “Come Taste The Band”) no escritório da empresa - a casa caiu pra mim!!! Naquele momento acreditei que seria menos doloroso trilhar novos caminhos do que tentar explicar ao patrão, o inigualável Sr. Geraldo, um cara extremamente gente fina, na verdade um mix de Cristopher Cross & Mike Tyson na “máquina da mosca”, o que era Deep Purple ou quem era John Lord!!!

 

 

O próximo passo depois da Turma da Mônica, onde eu era músico e técnico coringa, e tinha um equipamento de sonhos, composto por um Revox A700, um Sony não lembro a marca, um mixer Quasar e dois microfones, no estúdio da Black and White, apadrinhado prlo Márcio e pelo Maurício, foi entrar no Vice-Versa e contar todas as mentiras possíveis ao Luiz Botelho (cada um tem o “mestre Yoda” que merece, e esse é o maior deles!!!) que, graças a Deus, não acreditou em nenhuma e apenas na minha vontade de ser alguém no áudio…

 

 

Lá no Vice (em 1979), fora meus mestres Marcus Vinícius, Wilson “Relax” Gonçalves, Ricardo “Franja” Carvalheira e Nelsinho Dantas, tive também a sorte de conviver e trabalhar com dois dos meus grandes ídolos na música: Sá & Guarabyra. O que eu vi (e ouvi) sair daqueles violõezinhos, pedaços de papel e fitinhas cassete foi uma verdadeira aula de criatividade e bom gosto!!! Junto com aquela paciência toda com a minha “ansiedade de principiante” sempre vinha um toque ou outro, que me abriram muito os olhos e ouvidos muito mais rápido sobre o que era aquele mundinho do áudio e o que era fazer parte dele.

 

 

E as bandas de Sá & Guarabyra??? A Ponte Aérea (Nonato, Constant, Pedrão e Beto), Paulinho Calazans, Alaor Neves, Ruriá Duprat, Sérgio Kaffa, Pedrão (do Som Nosso), Rui Motta, entre outros… socorro!!! Era uma festa qualquer show dos caras, numa garantia absoluta que quase todos os engenheiros de som que não estivessem na estrada ou no estúdio circulariam pelo backstage. Da música de Sá & Guarabyra não preciso falar nada (cada um coloca o que desejar na sua Cdteca e azar de quem não ouve Sá & Guarabyra), mas eu gostaria de deixar explícito nessa matéria que são dois caras que eu aprendi a “amar de paixão” e vou levar isso pro resto da vida!!! Sabe aqueles amigos que quando você encontra e abraça passa um filminho muito bom das coisas???… Então… E olha que lá se vão mais de trinta anos… Thanks maninhos, e muito obrigado por tudo até aqui!!!

 

 

 

 

E a minha primeira sessão de gravação oficial no Vice-Versa então??? Foi com o Rogério Duprat… Lá estava eu, um ex-boy frente a frente com o gênio no estúdio!!! Lembro-me muito bem do frio na barriga quando chamei o Rogério pra ouvir a mix na técnica… A frase de foi essa: “Farat, nunca ouvi um som tão lindo desse estúdio B, só que eu não estou vendendo bateria moleque… Esse jingle é para uma empresa de adubos, por favor, remixe isso com mais critério para o que a peça foi feita!”… Hahaha. Imaginem ouvir isso do mago Duprat, logo na primeira sessão de mixagem!!!... Depois vieram Nossoestúdio, Artmix, Mosh da Pompéia e KLB Studios. Pode ser que um dia eu volte ao indoor.

 

 

Agradeço a Deus por ter padrinhos desse porte na minha vida profissional… A humildade de todos foi extremamente proporcional as suas genialidades e minha estrada não seria a mesma sem aqueles valiosos conselhos e uma infinita paciência! Quem sou eu pra falar desses caras insanos e sensacionais???!!! Ficarão eternamente nos nossos ouvidos e na minha história pessoal e profissional!!!

 

 

E o stage??? O boy de construtora metido a besta que jamais tinha imaginado o que seria o mundo digital hoje, com suas consoles bárbaras, sistemas in ear, e recursos infinitos, chegou ao mundo do monitor frequentando a Universidade Livre de Monitor Gabisom (seria injusto não citar as grandes escolas by Loudness, Transasom, Roberto Ramos, Tukasom entre outras...) e de lá pra Milton Nascimento, Ivan Lins, Maria Bethânia, Rita Lee, Fabio Jr., Ritchie, Capital Inicial, Maurício Manieri, Guilherme Arantes, Chrystian & Ralf, Charlie Brown Jr., RPM, Free Jazz, Blues Festival, Projeto SP, A Chorus Line, entre outros… Depois da primeira picada da mix ao vivo eu nunca mais me curei. Da Tour “Voo de Coração” do Ritchie, até a atual tour fa Falamansa, lá se vão 43 anos de monitor. Espero continuar por muitas mixes, porque ainda tenho muito o que aprender no mundo do áudio e sair da zona de conforto é a regra para uma carreira de verdade!!!… É uma delícia sermos desafiados pelo job, suas características musicais e técnicas, e como já disse o comprometimento e foco na entrega, onde fiz, e ainda faço grandes amigos. Chega, estou falando muito!!!

 

 

Foi mais ou menos, pra não dizer exatamente, isso que aconteceu… Vem muito mais histórias, aprendizado e personagens por aí!!! Mês que vem volto aos papos técnicos...

 

 

Que assim seja!!!… Let’s mix Music!!!

 

 

Abraço e até a próxima!!!

 

 

Farat por Farat (updated)
Paulo Farat

COMENTÁRIOS

O capacitor envelhece em um equipamento pouco usado também? Ou ele degrada principalmente com o uso? Por exemplo, um equipamento da década de 80 muito pouco usado precisaria de recap por desgaste do tempo?

- Henrique M

Ótimo, vai ajudar muito! Cesar é fantástico, ótima matéria!

- adriano vasque da

Saudades da Paranoia saudável que tínhamos no Freeeeeee Jazzzzzz Festival (imitando Zuza em suas apresentações magnificas) Parabéns Farat Forte abraço

- Ernani Napolitano

Artigo incrivel! Extremamente realista e necessário, obrigado mestre!

- Jennifer Rodrigues

Depois de 38 anos ouvindo o disco, eis q me deparo com a história dele. Multo bom!! Abrss

- Fernando Baptista Junqueira

Que maravilha de matéria, muito verdadeira é muito bem escrita, quem viveu como eu esta época, só pode agradecer pela oportunidade que Deus me concedeu. Vou ler todas, mas tinha que começar por esta… abraços…

- Caio Flávio

Só li verdades! Parabéns pela matéria Farat

- Guile

Ótimo texto Zé parabéns !!!!! Aguardando os próximos!!!

- Marco Aurélio

Adoro ver e rever as lives do Sá! Redescobri várias músicas da dupla valorizadas pela execução nas "Lives do Sá". Espero que esse trabalho volte de vez em quando. O Sá, juntamente com o Guilherme Arantes e o Tom Zé, está entre os melhores contadores de casos da MPB. Um livro com a história da dupla/trio escrito por ele seria muito interessante!

- Bruno Sander

Ontem foi um desses dias em que a intuição está atenta. Saí a caminhar pela Savassi sabendo que iria entrar naquela loja de discos onde sempre acho algo precioso em vinil. Já na loja, fui logo aos brasileiros e lá estavam o Nunca e o Pirão de Peixe em ótimo estado de conservação, o que é raríssimo. Comprei ambos. O 2º eu já tinha, meio chumbado. O Nunca eu conhecia de CD, e tem algumas das músicas que mais gosto da dupla, p. ex. Nuvens d'Água (acho perfeita), Coisa A-Toa (alusão à ditadura?), e outras. Me disseram que o F. Venturini é fã do Procol Harum, e realmente alguns solos de órgão dele fazem lembrar a banda inglesa.

- João Henrique Jr.

Que maravilha de matéria. Me transportei aos anos de ouro da música brasileira

- Sidney Ribeiro

Trabalho lindão. Parabéns à todos os envolvidos!

- Anderson Farias de Melo

O que dizer do melhor disco da música nacional(minha opinião). Tive o prazer em ver eles como dupla e a volta como trio em um shopping da zona leste de sampa. Lançamento do disco outra vez na estrada. Espero poder voltar a vê-los novamente, já que o Sa hoje mora fora do Brasil. E essa Pandemia, que isolou muito as pessoas. Obrigado por vocês existirem como músicos, poetas e instrumentistas. Vocês são F..., Obrigado, abracos

- Luiz antonio Rocha

Que maravilha Querido Paulinho Paulo Farat!! Obrigado por dividir conosco momentos tão lindos , pela maravilha de pessoa e imenso talento que Vc sempre teve, tem e terá, sempre estará no lugar certo e na hora certa ! Emocionante! Tive a honra de trabalhar muitas vezes com Vc, em especial na época do Zonazul , obrigado por tudo, parabéns pela brilhante carreira e que Deus Abençõe sempre . Bjbj

- Michel Freidenson

Mais uma vez um texto sensacional sobre a história da música e dos músicos brasileiros. Parabéns primo e obrigado por manter viva a memória dessas pessoas tão especiais para nós E vai gravar o vídeo desta semana! Kkkk

- Carlos Ronconi

Grande Farat!!! Bacana demais a coluna! Cheio de boas memorias pra compartilha!!!

- Luciana Lee

Valeu Paulo Farat por registrar nosso trabalho com tanto carinho e emoção sincera. Foram momentos profissionais muito importantes para todos nós. Inesquecíveis ! A todos os membros de nossa equipe,( e que equipe! ) Nosso Carinho e Saudades ! ???? ???????????????????? Guilherme Emmer Dias Gomes Mazinho Ventura Heitor TP Pereira Paulo Braga Renato Franco Walter Rocche Hamilton Griecco Micca Luiz Tornaghi Carlão Renato Costa Selma Silva Marilene Gondim Cláudia Zettel (in memoriam) Cristina Ferreira Neuza Souza

- Alberto Traiger

Depois de um ano de empresa 3M pude fazer o bendito carnê e comprei uma vitrolinha (em 12X) e na mesma hora levei Pirão, Quatro (Que era o novo), Es´pelho Cristalino e Vivo do Alceu, fiquei um ano ouvindo e pirando sem parar, depois vi o show do Quatro em Campinas. Considero o mais equilibrado de todos, sendo que sempre pendendo pro rural e nem tanto pro urbano, um disco atemporal podendo ser ouvido em qualquer situação, pois levanta o astral mesmo. No momento, Chuva no campo é ''a favorita'', mas depois passa e vem outra, igualzinho à aquela banda de Liverpool, manja????

- Ademilson Carlos de Sá

B R A V O!!! Paulo Farat não esqueça: “Afina isso aí moleque!” Hahahaha Tremendo profissional, sou teu fã, Grande abraço!

- Dudu Portes

Show é sensacional. Mas a s sensação intimista de parecer que a live é um show particular, dentro da sua casa, do seu quarto, é impagável. Parabéns família, incluindo Guarabyra e Tommy...

- Ricardo Amatucci

Paulo Farat vai esta nas lives do Papo Na Web a partir de amanha apresentando "Os Albuns Que Marcaram As Nossas Vidas"" Não percam, www.facebook.com/depaponaweb todas as terças-feiras as 20:00 horas

- Carlos Ronconi

Caro Luiz Carlos Sá, as canções que vocês fazem são maravilhosas, sinto a energia de cada uma. Tornei-me um admirador do trabalho de vocês no final dos anos 1970 com o LP Quatro e a partir de então saí procurando os discos de vocês, paguei um preço extorsivo pelo vendedor, os LP's "Casaco Marrom" do Guarabyra e "Passado, Presente e Futuro" (primeiro do Trio), mas valeu. tenho todos em LP's e CD's até o Antenas, depois desse só em CD's e o DVD "Outra Vez Na Estrada" exceto o mais recente "Cinamomo" mas em breve estarei com ele para curtir. A última vez que vi um show da dupla (nunca vi o trio em palco), foi no Recife no dia 16/04/2016 na Caixa Cultural, vi as duas apresentações. Levei dois bolos de rolo pra vocês, mas o Guarabyra não estava. Quero registrar que tenho até o LP "Vamos Por Aí", todos autografados, que foi num show feito no Teatro do Parque, as apresentações seriam nos 14,15 e 16/10/1992 mas o Guarabyra perdeu o voo e só foram dois dias, no dia do seu aniversário e outro no dia 16. Inesquecível. Agora estou lendo essas crônicas maravilhosas. Grande abraço forte e fraterno e muita saúde e sucesso pra vocês, sempre. P.S. O meu perfil no Facebook é Xavier de Brito e estou lá como Super Fã.

- Edison Xavier de Brito

Me lembro de ter lido algumas destas crônicas dos discos quando voce as publicou no Facebook em 2013, Sá. Muito emocionante reler e me emocionar de novo. Voces foram trilha sonora importantíssima dos últimos anos da minha vida. Sou de 1986, portanto de uma geração mais nova que escuta voces. Gratidão e vida longa a voces!

- Luiz Fernando Lopes

Salve!!! Que maravilha conhecer essas histórias de discos que fazem parte da minha vida. Parabéns `à Backstage e ao Sá! E, claro, esperando a crônica do Pirão. Esse disco me acompanha há mais de quarenta anos! Minhas filhas escutaram desde bebês e minha neta, que vai nascer agora em setembro, vai aprender a cantar todas as músicas!

- Maurício Cruz

com esse time de referências musicais (exatamente as minhas) mais o seu talento, não tem como não fazer música boa!!!! parabéns!!! com uma abraço de um fã que ouve seus discos desde essa época!

- nico figueiredo

Boa noite amigo, gostei muito das suas explicações, pois trabalho com mix gosto muito mesmo e assistindo você falando disso tudo gostei muito um abraço.

- Rubens Miranda Rodrigues

Obrigado Sá, obrigado Backstage, adoro essas histórias, muito bom, gostaria de ouvir histórias sobre as letras tbém, abç.

- Robson Marcelo ( Robinho de Guariba SP )

Esperando ansioso o Pirão de Peixe e o 4. Meu primeiro S&G

- Jeferson

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