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SUMÁRIO / Sumário

Rio das Ostras Jazz & Blues Festival

09/07/2023 - 11:30h
Atualizado em 04/08/2023 - 00:26h

 

Reportagem: Miguel Sá | Fotos: Divulgação / Miguel Sá / Cezar Fernandes / Weverthon Manhães

 

Entre os dias 8 e 11 de junho a cidade de Rio das Ostras foi, novamente, a sede do evento  que deu origem ao Circuito Sesc de Jazz: o Rio das Ostras Jazz & Blues Festival. 

 

 

As milhares de pessoas que ocuparam os hotéis e pousadas da cidade puderam ver um elenco musical de alto nível. Entre as atrações, nomes como o já conhecido e reconhecido Stanley Jordan, que tocou com o baixista brasileiro Dudu Lima, e a revelação de 23 anos, o pianista e organista Mattew Withaker, passando ainda pelo ganhador de grammy Bill Laurance. Como sempre acontece, esse ano também teve uma atração que foi considerada o “xodó” da plateia: Rick Estrin and The Nightcats, banda da qual o baterista Derrick “D’Mar” Martin protagonizou uma história daquelas que só a música proporciona.

 


O Festival teve quatro palcos: Praça São Pedro, Lagoa de Iriry, Boca da Barra e o centro das atividades, o Palco Costazul, que fica na Cidade do Jazz, onde também há o Espaço Arthur Maia. Cada um dos palcos tem horários e uma marca própria: na Praça de São Pedro, em uma região mais central da cidade, acontecem os shows da manhã. O palco da Lagoa de Iriry é o espaço dos shows que acontecem no início da tarde, por volta das 14 horas. O formato de arena e a beleza do lugar o fazem ser um dos preferidos tanto da plateia como das atrações. O da Boca da Barra veio substituir o palco da Praia da Tartaruga, inviabilizado por questões de logistica. Mudou o palco, mas a beleza do pôr do sol continua a mesma, e com muito mais segurança e possibilidades técnicas. No Costazul aconteciam as apoteoses jazzísticas diárias, com o Espaço Arthur Maia tendo alguns shows memoráveis, trazendo a plateia para as novidades. 

 

 


Stanley Jordan no palco Boca da Barra

 


As atrações foram Stanley Jordan & Dudu Lima, Jefferson Gonçalves com Big Joe Manfra o saxofonista Bill Evans e a banda;  Alabama Mike acompanhado pela banda brasileira The Simi Brothers; The Walking Band; o gaitista Rick Estrin and The Nightcats; o guitarrista Alexandre Borges e seu quinteto; o trombonista Joabe Reis; o pianista e organista Mattew Withaker; a saxofonista e cantora Vanessa Collier; Back2Blues; Jamz; Laretha Weathersby; SoulshineJamBand  e a OrquestraVoadora. 

 


Bill Evans e banda no palco

 

O áudio do Festival
Jerubal Liasch foi o responsável pela coordenação da sonorização do festival em Rio das Ostras. O sistema foi basicamente o mesmo dos outros anos com algumas pequenas mudanças. “A cada ano estamos melhorando mais. A disposição dos subs cardioides mudou um pouco e estou com um grande controle sobre os graves. Outra mudança é que nos outros anos eu só tinha os front fill, mas agora temos um cluster central porque a asa do P.A é muito aberta. No mais, tudo o mesmo do ano passado e fiquei muito feliz com esse sistema”. Explica. No palco Costazul, foram usadas, na housemix, a console Digidesign Venue Profile. Para a sonorização direcionada ao púbico, foram usados 16 elementos do FZ J08A em cada lado, seis subs J212A suspensos em cada lado e mais 24 subs FZ 218 A.

 

 


Jerubal Liasch

 


No monitor, Marco Antônio Liasch comandou os faders de todas as atrações. Uma característica marcante do palco de um festival de jazz como o de Rio das Ostras é a presença de monitores de chão e sidefill, com bem menos mixagens in-ear do que acontece em um show ou um festival de música pop atual. “O Joabes, que tem bastante coisa eletrônica e tem in-ear também. Mas basicamente só o batera e o baixo que usaram para poder ter a referência do click. Os outros usaram o monitor de chão mesmo”, reforçou Marco Antônio. 

 


Marco Antônio Liasch

 


O técnico de monitor explicou ainda que, em um festival onde as bandas não levam seus próprios engenheiros de monitor, é mais rápido fazer a passagem de som com o formato mais tradicional, usando as caixas. “Com o in-ear precisa fazer uma mixagem detalhada para cada um dos músicos. No de chão a gente levanta a voz ali pra quem precisa, batera para quem precisa, os instrumentos mudos que vão em linha, como teclado e dá para começar”, explica. 

 

 


Jefferson Gonçalves

 


Este ano Jerubal mixou todas as atrações do palco Costazul com a exceção de Jefferson Gonçalves, que teve Hugo Lima pilotando a mixagem para o público. Hugo está com Jefferson há sete anos “Ele sempre usa amplificador, que pedimos no rider ou podemos levar quando sabemos que pode não ter. Costumamos usar microfones como SM 57, 58, Sennheiser MD 421... Usamos Kits básicos de Shure, ou Sennheiser”, detalha o engenheiro de som. Na gaita de Jefferson, foram usados o microfone Sennheiser RT-10 (pode ser também o SM58) plugado em um pedal Live Stage com válvula 12 AU-7 feito por Fábio Fernandes. O amplificador usado foi um AER transistorizado. 

 


Palco Costazul

 

 

Sonorização e equipes nos palcos
No palco Costazul, foi usada, na housemix, a Digidesign Venue Profile.Para o FOH, foram 16 elementos do FZ J08A eseis subs J212A suspensos em cada lado e mais 24 subs FZ 218 A. No monitor foi usada a Yamaha PM5D RH . As caixas usadas pelos artistas na monitoração foram as FZ 102, os SM 400, um sub de bateria FZ218 e os sides com quatro elementos FZ 112 e mais quatro FZ 218. Entre os microfones disponíveis estavam os Shure Beta 91, SM 81 Beta 52, Beta 58, Beta 57, SM 57 e 58, AKG D112 e C1000 e Sennheiser 604.

 


Em Iriry, cobertura sonora também nos lados do palco

 


Na sonorização do palco Iriry foi montado um sistema line array LS Audio com seis elementos no L&R principal mais três elementos em cada lado do palco e dois subs no chão de cada lado. Foi usada uma Digi Venue para o P.A. e uma Yamaha LS9 no monitor. No palco Boca da Barra, foram usados 16 elementos SPL – oito de cada lado – mais 16 subs. As mesas de P.A. e monitor foram as Yamaha M7CL com monitores SM 400 e um sub de bateria FZ 218. No palco da Praça São Pedro foram usados sistemas com oito caixas FZ 112 e oito FZ 218. Para gerenciar monitor e P.A, foram usadas mesas LS9. Entre backline e microfones, todos os palcos tiveram kits de microfones similares ao do palco Costazul. 

 


Digidesign no P.A. de Iriry


A equipe dos três palcos teve 16 pessoas entre os que vieram de São Paulo trabalhar com Jerubal Liasch e os funcionários da empresa de som contratada pelo Festival, a SS Produtora de Eventos, dirigida por Hélio Figueira Junior. De São Paulo, vieram Jerubal Liasch; Marco Liasch; Maurício Costa (Mau Mau), Albertino Salles (Betinho), Artur César Colares Ribeiro e Andrew Taylor. Da empresa de som trabalharam, no Costazul, Gustavo (auxiliar P.A.), Gustavo Balla (auxiliar Monitor), Alessandro (auxiliar Monitor) e Inderson (auxiliar Monitor). No Boca da Barra, trabalharam Joy Maia no P.A. e Luiz Henrique no monitor e na Lagoa de Iriry, Matheus e Lucinho cuidaram, respectivamente, do P.A. e do monitor. 

 

 


Fabiano cuidou da iluminação do palco Costazul

 

 

Logística e instrumentos
Uma das características bem específicas deste tipo de festival são os instrumentos usados. Pianos, órgãos Hammond, caixas Leslie, amplificadores e baterias: tudo fica disponível para os músicos. No segmento do jazz, os artistas não tem um nível de estrutura que os permita levar os instrumentos pelo mundo, então é necessário que a produção forneça estes instrumentos e toda a estrutura para o bom funcionamento deles, incluindo, por exemplo, a contratação de Guthemberg, um dos afinadores de piano mais famosos do Brasil, que ficou à disposição dos artistas que usaram o instrumento.  

 


A caixa Leslie formando a dupla imbatível com o Orgão Hammond

 


Big Joe Manfra tocou com Jefferson Gonçalves mas também foi responsável pela pré-produção e a parte da logística de transporte entre os palcos dos instrumentos. “Estamos fortes este ano em teclado: trouxemos um Hammond e o sub dele, que é um teclado Nord C2, porque nos palcos menores é difícil. Também temos teclados subs de piano, de Fender Rohdes... No mundo do jazz hoje em dia é difícil viajar com as coisas. Mesmo com os bateras conhecidos, às vezes tem que oferecer até os pratos. Eles nos mandam os contratos, porque os riders fazem parte do contrato, e atendemos a todos da melhor maneira possível, mas também tentando ver a equação para usar, durante o Festival, um equipamento que possamos usar para várias bandas”, explica Manfra.

 


Amplificadores de primeira disponíveis para todas as atrações

 


Entre os casos específicos, Manfra cita o de Matthew Withaker, que é cego. “Ele está acostumado a tocar em certas posições, então não pode mexer muito no setup dele. Estudamos uma forma de botar o Hammond no palco menor pra ele. Vai ser um desafio”. Vale dizer que o desafio foi prontamente superado. 

 


Órgão Hammond

 


Um dos responsáveis por colocar a mão na massa na logística dos instrumentos e deixar tudo pronto para o transporte deles foi o roadie Andrew Taylor, que atuou principalmente no palco de Iriry. Ele Maurício Costa, Betinho, Antonio e Wesley, faziam a separação dos equipamentos para o translado. Andrew destacou o cuidado que tinha de acontecer para manusear tanto o órgão Hammond como a caixa Leslie. “O Hammond é um instrumento, mas é quase um móvel. Tem que tomar muito cuidado, e o case dele é bastante reforçado”, indica. 

 

 

O evento e a cidade
Além de música, o Festival traz muitos benefícios à cidade, mostrando que a arte e o desenvolvimento econômico caminham juntos. De acordo com dados da Prefeitura de Rio das Ostras, a 19ª edição trouxe R$ 8,4 milhões para as redes hoteleira e gastronômica. Em entrevista coletiva, Stênio Mattos, da Azul Produções, responsável pela realização do Festival; Marcelo Ayres, presidente do Sindicomércio de Rio das Ostras, Casimiro de Abreu e Silva Jardim; Aurora Siqueira, secretária de Desenvolvimento Econômico e Turismo;  Cristiane Regis, presidente da Fundação Rio das Ostras de Cultura e Alexandre Couto, diretor do Sesc Nova Friburgo e representante da entidade no Festival deram declarações a respeito do evento.

 


Aurora Siqueira ressaltou a oportunidade de assistir os grandes músicos e os palcos espalhados pela cidade de dia, atendendo a quem não gosta de sair à noite. “É realmente uma maratona importante não só para Rio das Ostras como para todo o Brasil. E nós ficamos conhecidos lá fora. Ficamos muito feliz de ver que o munícipe tendo esse pertencimento com esse evento já na 19ª edição. É um evento que toca a alma do munícipe e do turista. São várias secretarias se empenhando para entregar essa coisa maravilhosa que estão vendo. E o festival traz um turismo realmente família”, destacou. 

 

 


Equipe completa rio das ostras

 


Cristiane Regis destacou o caráter democrático do festival. “Rio das Ostras já era um grande celeiro musical e o festival traz uma experiencia democrática. Abrangemos muita gente da periferia e da galera que vem conhecer. Conseguimos proporcionar tanto a população como a classe artística, tudo está presente no nosso espaço. Esse é o nosso carnaval de rio das ostras. Estamosacreditando nessa parceria da Fundação com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo. Queremos democratizar e abranger todo o tipo de público”, finalizou.

 


Alexandre Couto destacou que esta foi a segunda edição do Circuito Sesc de Jazz & Blues. “Existe uma sinergia [do circuito] com a proposta de trabalho do Sesc. Quando você participa de um evento grandioso como este, de dimensão nacional e internacional, com artistas internacionais, isso mexe com toda a cadeia produtiva do município, e o Sesc tem como objetivo fortalecer os municípios e democratizar a cultura”. 


Marcelo Ayres destacou a qualidade do turismo que o evento traz. Em conversa com Nelson Cardoso, diretor da Revista Backstage, também ressaltou a sua afinidade com o evento. “É uma oportunidade única que soubemos apresentar. Eu apoio o festival de jazz há mais de 15 anos, então isso aqui é a minha realização. Todos os anos estou aqui. Nesses 21 anos Rio das Ostras cresceu e se desenvolveu. Acho que temos de aproveitar isso e trazer essa cultura do jazz para dentro de rio das ostras, isso traz algo maravilhoso para a cidade”, se entusiasmou o dirigente. 

 


Stenio Mattos e Nelson Cardoso

 


Também em conversa com Nelson Cardoso, Stênio Mattos destacou o fato de que a próxima edição será a vigésima. “Ano que vem que é o vigésimo ano e será inesquecível, não só pelo projeto mas também porque consolidou o circuito Sesc. Os estão conscientes da importância da vigésima edição, então é de se esperar uma edição forte. Com relação ao Circuito de Jazz & Blues, tivemos a edição em Buzios no final de maio, no começo do mês tivemos em Paraty e agora em Rio das Ostras, que foi o detonador de todo esse processo do circuito, porque tudo começou aqui em Rio das Ostras”, finaliza citando ainda os eventos que estavam por acontecer em Niterói, Casemiro de Abreu e Barra do Piraí entre junho e julho. 

 

 


Alexandre Borges

 


O Rio das Ostras Jazz & Blues é uma realização da Prefeitura de Rio das Ostras, Fundação Rio das Ostras de Cultura e Governo Federal – Ministério da Cultura. A  correalização é do Sindicomércio; com apresentação do SESC tendo o apoio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura; o patrocínio é do Governo do Estado do Rio de Janeiro através da Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa, das epresas Sapura, Vallourec, Oceânica, Paiol, Supermercado Azul,  Rio+ Saneamento e Suga Tudo com apoio do SAAE – Serviço Autônomo de Água e Esgoto e Alternativa Internet. A produção é da Azul Produções Artísticas.

 

 

A música
Do Alexandre Borges Quinteto a presentando o virtuosismo do guitarrista, ao blues brasileiro de Jefferson Gonçalves, passando pelo fusion R&M do trombonista Joabe Reis, do blues de Rick Estrin and The Nightcats, passando pelo saxofonista Bill Evans, chegando ao consagrado Stanley Jordan e o super pianista, organista e revelação Mattew Withaker,as atrações musicais nacionais e internacionais entregaram a qualidade de sempre que faz o Festival se preparar para a vigésima edição, no ano que vem, mesmo com todos os contratempos que vão desde crise econômica até a pandemia. 

 


Ricky Estrin no palco Costazul


Vale destacar o acontecido com a cantora e saxofonista Vanessa Collier, que teve diversos problemas com voos e aeroportos, o que a fez quase não conseguir chegar para a passagem de som e ainda perdeu o baterista, que não conseguiu chegar para a conexão do voo. A solução foi chamar o baterista da banda de Rick Estrin, Derrick “D’Mar” Martin. Vanessa, formada em Berklee, escreveu as partituras para o baterista, que já tocou com Little Richards e também é professor de música. O músico aprendeu em uma tarde as partes, entrou no palco com Vanessa e resolveu o problema não só tocando enquanto lia as partituras como oferecendo a performance artística que já havia eletrizado a plateia que viu os shows de Rick Estrin. 

 


Vanessa Collier no Palco Iriry

 


Durante o show, Vanessa expôs a situação ao público e agradeceu ao baterista. No final, a expressão de alívio da musicista enquanto falou com a Revista Backstage era evidente. “Nós nunca havíamos tocado juntos, e ele fez tudo muito bem”, comemorou a cantora. No fim, tudo pode ser resumido no comentário de Jefferson Gonçalves sobre o baterista ao observar a situação: “É isso aí, quem está na chuva é para se molhar. Tem que estar preparado para tudo”.

 

 

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