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SUMÁRIO / Sumário

Setor de eventos finalmente com horizontes abertos

13/12/2022 - 17:08h
Atualizado em 18/12/2022 - 23:09h

 

De acordo com dados de novembro coletados pela Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape) divulgados em novembro de 2022, existe uma recuperação do setor de eventos e cultura. Dos mais de 2 milhões e 100 mil gerados entre janeiro e setembro, cerca de 230 mil foram  no hub setorial que engloba 52 áreas incluindo hospedagem, agências de turismo e empresas de segurança, entre outros.

 

Especificamente no setor de eventos, foram criadas 14.262 novas vagas nas cinco atividades específicas dele:  organização de eventos, Atividades artísticas, criativas e de espetáculos, Atividades ligadas ao patrimônio cultural e ambiental, Atividades de recreação e lazer e Produção e promoção de eventos esportivos. Um resultado 337% maior que o total de igual período do ano anterior, com 3.265 novos empregos nessas áreas.

 

Os números dão sustentação à percepção de vários atores deste mercado. No entanto, depois de anos intensos, com economia em declínio, pandemia e desorganização no setor cultural, essa é uma história que vai além dos números. Para entender o que acontece efetivamente é preciso ouvir as histórias dos profissionais da área cultural.

 

Elsa Costa, diretora do Instituto de Artes e Tecnologia (Iatec), Raphael Pulga, produtor de Lulu Santos e também de Milton Nascimento , Vladimir Ganzerla, da GSB Pro Audio, que vende equipamentos de áudio; Uirá Fortuna, responsável pela gestão da Fundição Progresso e Carlos Alberto Xaulim, da Cadoro Produções, explicam de que forma agiram para driblar as dificuldades dos últimos anos e o que fazer para que o segmento tenha um crescimento constante.

 


 


Raphael Pulga e Elsa Costa

 

Elsa Costa

Elsa Costa conta, feliz, que em agosto foi aberta a primeira turma presencial de produção do Iatec desde 2019. “Os outros cursos (sonorização ou iluminação) em algum momento tem que ter acesso ao equipamentos. Mas no caso do curso de produção ele ficou inteiramente online”, afirma. Além da função no Iatec, Elsa também trabalha como produtora e, de maio ao meio do ano de 2022, já sentia um retorno das atividades de forma mais consistente. “Dirigi três eventos: o Tim  Music Festival na Praça Mauá agora, o Festival  Tim Music Mulheres Positivas no Theatro Municipal e  uma convenção para 2500 pessoas”.

 

A demanda reprimida foi um fator da profusão de eventos que aconteceu no meio de 2022. “Havia coisas que já estavam vendidas. Sei de amigos meus que tinham evento de bilheteria que já estava vendido. Tem também projetos que são incentivados (por leis de incentivos fiscais, como a Rouanet) e não puderam acontecer porque não foi possível transformá-los em eventos online. Estes tiveram que acontecer até dezembro”, pondera Elsa.  

 

Ainda que tenha havido, efetivamente, um aumento de eventos, Elsa coloca que, sem políticas públicas para a área de cultura, este crescimento pode não ser sustentável, e critica a forma como a cultura tem sido abordada por parte dos agentes públicos nos últimos seis anos, principalmente os federais. “A cultura é uma identidade. A Lucélia Santos (atriz) diz que (no Brasil, como país) poderíamos viver de cultura. Falei na Escola de Música da Rocinha, em uma palestra, que o Brasil não tem um projeto de entretenimento. Tem que ter um projeto, porque se não fica à mercê de quem entra ou quem sai. E não adianta colocar pessoas (em cargos executivos da área de cultura) que não são desse lugar”. Reforça.

 

Na busca por um mercado da cultura forte e sustentável, Elsa também fala sobre a forma como o debate sobre leis de incentivo tem acontecido, com muita briga e poucos argumentos que possam ajudar a aperfeiçoá-las. “Se na lei tem uma fresta, vamos ver como a gente pode melhorar. Agora, pegar e derrubar tudo dizendo que tem um monte de marginal se lambendo nisso? Aí não. Se me colocarem em uma mesa para conversar sobre o que precisamos melhorar, tenho uma virgulinha para ajudar. Mas não tem outra forma de fazer que não seja colaborativa. Cultura tem que ser trabalhada colaborativamente nos níveis municipal, estadual e federal”, determina.

 

Elsa Costa aponta também outra questão que ocorreu durante a pandemia: o êxodo de mão de obra no setor. Para resolver isso, ela sugere o apoio das empresas para a renovação dessa mão de obra. “Nesse momento, alguns profissionais da área descobriram que conseguiam viver, pagar as contas, ver os filhos e ter uma vida menos enlouquecida. Eventualmente ganhando igual, ou mais, ou um pouco menos, mas com uma outra qualidade de vida, e tem gente que não quer voltar. Tenho conversado com várias pessoas de empresa que estão precisando de mão de obra porque temos uma procura pelos cursos, mas o poder aquisitivo dos que nos procuram não está chegando, mesmo com a gente facilitando de todas as formas. Tivemos um curso de iluminação que começou em setembro com o apoio da Cia da Luz”.

 

Ainda que tenha desafios importantes no setor, Elsa vê o futuro com otimismo. “Temos que falar das perspectivas com alguns festivais que voltaram. Isso demanda muita mão de obra e temos hoje um mercado com pessoas mais preparadas. Estamos no patamar de poder receber Lollapalooza, Rock in Rio, feiras, convenções e congressos. Só precisa ser verdadeiramente incentivado. Tem que haver uma política de apoio”.

 


 

Raphael Pulga
 

O produtor lembra bem de quando tudo começou a “desabar”. “Foi logo antes de iniciar a turnê com o Lulu Santos, e aí teve a notícia da quarentena. Não sabíamos ao certo o que estava acontecendo, imaginávamos que fosse breve, e demoramos a tomar as decisões porque meio que não acreditamos no que estava acontecendo, né? Começamos adiando os shows mais próximos e jogar para uns dois meses mais tarde. Mas foi ficando cada vez mais grave. Aí teve cancelamento de shows, devolução de dinheiro e então você tem a equipe que estava contando com aquele show e que não podíamos simplesmente largar. No caso dos artistas com quem trabalho todo mundo recebeu dois cachês. Estávamos achando que iria ser uns 40 dias, mas depois vimos que ia demorar muito. A primeira preocupação foi ajudar a todos”, comenta Raphael.

 

Logo, com as redes sociais, aqui e ali começou a se delinear o caminho das lives. Mas não era o tipo de coisa com o qual Lulu Santos e Milton Nascimento iriam se envolver sem saber como fazer bem feito. “Como poderíamos fazer as Lives com qualidade? Tinha que entender o funcionamento, assistir muita live e se informar bastante para tomar as decisões. Mas, em um primeiro momento, as marcas ficaram desesperadas para ter as lives e colocar o dinheiro. Então começou a chover propostas de marcas para fazer lives. Fizemos duas tanto com o Lulu quanto com o Milton. Foi interessante porque abriu uma maneira de arrecadar fundos para ajudar o artista e a equipe. Naquele momento, com as lives, nós pagamos muito melhor os nossos colaboradores e montamos uma rede de solidariedade para arrecadar fundos e ajudar o nosso setor.  Conseguimos dar uma força para outras pessoas que não trabalhavam diretamente com a gente” lembra o empresário. Nessa altura, houve profissionais do backstage que começaram a tentar se estabelecer em outras áreas e, quando acabou a pandemia, nem todos voltaram para a área de shows. “Algumas pessoas voltaram, mas outras ficaram nos novos negócios, até porque a instabilidade é uma realidade no nosso meio. Tenho amigos que acabaram enxergando que talvez fosse melhor uma coisa mais estável ali, com a família. Eu soube que depois teve evento com dificuldade para conseguir mão de obra”, diz Raphael.

 

Em dezembro de 2020 chegou a haver uma espécie de “ensaio” de volta. Era uma época que o mercado começava a procurar alternativas para a situação. Foi marcado um show de Lulu Santos no Teatro Multiplan, no shopping  Village Mall, na zona oeste do Rio de Janeiro. “As pessoas eram obrigadas a usar máscara e a sentar separadas, com a capacidade do lugar pela metade. Era um teatro pequeno e as condições eram bem controladas, mas vimos que não ia melhorar. No fim de 2021, já com as vacinas, teve a expectativa da melhora e anunciamos turnê nova para o Lulu, mas aí veio a ômicron, e aí fomos os primeiros a adiar os shows. Achamos que era o certo em entendimento com os nossos parceiros, mas de certa forma você balança o mercado inteiro. Quando cancelamos os shows todo mundo estava na dúvida, mas aí o Lulu parou... Hoje enxergamos que foi a melhor situação. Quando voltamos mesmo, em abril, as coisas estavam melhores, já tinha controle e a variante era menos grave. Aí foi liberando até chegar no ponto em que estamos hoje, com movimento normal”, conta Raphael Pulga.

 

A demanda reprimida estava grande, e a quantidade de shows explodiu no meio do ano, conforme conta o empresário. “Tinha muito um público querendo sair, se divertir e está todo mundo na rua fazendo turnê. Não estava tendo aquela coisa de ficar um tempo sem fazer tal cidade, mas depois as pessoas já começaram a sentir no bolso e, com o país do jeito que está, já começam a escolher mais, porque não dá para ir em todos os festivais, todos os shows”.

 

Raphael cuidou também, com a equipe de Milton Nascimento, da turnê Última Sessão de Música, que foi um grande evento pensado para acontecer, justamente, antes da pandemia. “Essa turnê já ia acontecer.  Quando surgiu a pandemia já estava no final da turnê Clube da Esquina, que ainda tinha cinco shows. Conseguimos cancelar dois, mas três tiveram que ser adiados. Então ficamos adiando eles a pandemia inteira. Com o Milton, só voltamos quando já estava com três doses de vacina. Então a gente atrasou essa turnê porque tinha shows para pagar e, finalmente, conseguimos, fazer os shows e foi uma catarse, já vendendo logo até os 50 mil ingressos para o encerramento da turnê, 30 de novembro”.  

 

A turnê de Milton Nascimento indicou um novo caminho para Raphael. O primeiro show, em 11 de junho, foi uma sessão especial restrita a amigos e aos compradores do NFT Ticket Pass que deu direito a duas entradas, participação no coquetel de lançamento com convidados, kit exclusivo e ativo digital colecionável. NFT é a sigla em inglês para Non-Fungible Token. Em português significa token não fungível, ou seja, que não pode ser trocado, se tornando um objeto digital colecionável. Este tipo de token criptografado já é usado em formas de arte digitais.  “Durante a pandemia fiquei pensando nas coisas novas que estavam rolando e em como estar atualizado não para gerar um futuro, mas um presente. Então foi uma das coisas que estudei e coloquei em prática e foi super bem-sucedido. Isso que fizemos com o Milton é inédito no Brasil, a primeira vez que só entrou em um evento quem tinha o NFT. Fora do Brasil já tinha acontecido e acontece muito em festival”, conta Raphael Pulga. Esses NFTs podem ter benefícios específicos para quem compra, como acesso a algum tipo de área restrita ou bebida liberada, por exemplo.

 


 

 

Vladimir Ganzerla
 

O manager de vendas da GSB para a Waves eMotion LV 1 lembra bem da perplexidade no momento em que tudo começou a fechar justamente no momento em que começava a apresentar o novo equipamento para o mercado brasileiro. “O impacto foi brabo, derrubou a gente legal na venda de consoles, tanto que empresas de locação fecharam. Só  ficou de pé quem tinha a grana para segurar. Mas como a gente tem variedade de negócio não paramos. O maior faturamento da empresa foi em 2020, mas por causa de plug-in, essas coisas. Mas equipamento para evento parou. Nós fizemos todo o trabalho de apresentação do produto e quando ia dar o ‘boom’ veio a pandemia e tivemos de tirar o pé. Já tinha uns dez pedidos que, no final, se tornaram dois.  No início da pandemia fechamos tudo e foi todo mundo para casa, mas depois de 15 dias eu e o Batata (Ivan Cunha, especialista em produtos) olhamos um para o outro e começamos a falar com as locadoras. Algumas queriam conhecer a mesa e começamos a fazer apresentações”.

 

A partir daí, começou a rolar o boca a boca até que as impressões sobre a mesa chegaram às igrejas justo no momento em que elas começavam a entrar nas lives. E foi o que levantou a venda do produto em um momento desfavorável. “Ficamos postando nas redes sociais, eu e o Batata, trabalhando, falando com as locadoras, mas teve essa mudança de perfil (dos clientes). As locadoras estavam paradas, porque ninguém estava fazendo shows, então fomos para o negócio de igreja, em que estava todo mundo fazendo live. Isso segurou legal a gente”, diz Vladimir, aliviado.

 

No começo de 2022 já começou a melhorar a procura da mesa, com vários futuros clientes pedindo preço. No entanto há outros problemas além da pandemia com os quais Vladimir teve que lidar. “Teve um grande aumento por causa de matéria prima para o microchip, mas mesmo assim deu uma melhorada boa e continua. Estou com fila de espera aqui e estou toda hora viajando para apresentar a mesa”. Vladimir também comemora, com a melhora do ambiente por conta do fim da pandemia, a inauguração da GSB Audiovisual no Rio de Janeiro.

 


 


Uirá Fortuna é o quarto da esquerda para a direita na foto de parte da equipe do projeto #estudeofunk. Também na foto estão Vanessa Damasco, André Izidro, Taísa Machado e Cris Nogueira

 

Uirá Fortuna
 

O dia em que a terra parou para a Fundição Progresso foi 13 de março de 2020. “Havia tido uma roda de samba só de mulheres, dia 8 de março, com a Nilze Carvalho e mais uma galera, e a gente entrou nessa história achando que ia ser um mês e virou o que virou. Seguramos a equipe seis ou sete meses e depois não teve mais jeito. A Fundição passou um sufoco. Todo mundo passou pelos sufocos, mas como temos uma área de 14 mil metros quadrados de área construída, o problema  foi grande”, fala Uirá Fortuna.

 

Ainda que os shows sejam a atividade mais lucrativa no local, a Fundição Progresso é, além de casa de shows, um centro cultural que tem desde oficinas de instrumentos musicais a cursos ligados à parte tecnológica da música, além de uma parte de escritórios. “Na, sobrevivemos mais porque não somos só uma casa de shows. Aqui é um centro cultural que tem mais de trinta grupos trabalhando. Se fosse só um negócio de casa de show,  ia embora e acabou, fecha e vai fazer outra coisa. Mas por aqui circulam 300, 400 pessoas por dia. Isso sem a pegada do turismo, só com essa coisa de aulas, oficinas... Essa escola cultural que é a Fundição. Mas a casa de shows continua sendo o trem pagador, porque é o trabalho mais comercial que temos”, define o produtor.

 

E foi essa pegada do centro cultural que fez a Fundição crescer ao invés de encolher durante a pandemia, mesmo com os problemas financeiros que aconteceram. “Saiu um (do prédio de escritórios) e chegaram uns dois ou três. E falando em centro cultural, fizemos uma parceria com a Maracatu Brasil que trouxe um monte de oficinas de percussão para cá, e nesse momento a Fundição está maior do que antes da pandemia. O pessoal conseguiu, até pelas dificuldades, olhar para a fundição com um outro olhar, e também conseguimos construir essas novas parcerias nesse momento de desafio e dificuldade”, comemora Uirá.

 

Nos momentos em que houve a possibilidade de abertura antes das vacinas, a Fundição optou por ficar fechada. “Só voltamos em dezembro (de 2021), depois da vacina. Tomamos a decisão de não ficar fazendo sanfona. Naquele momento, por volta de agosto de 21, que teve alguns eventos, não abrimos. Mas a partir do momento em que abriu, em dezembro, teve um verão bem complicado, voltou a ter a ômicron, um monte de gente cancelou evento, e tivemos que administrar essa história. Mas só paramos quando o artista estava infectado ou algo assim, não ficamos mais adiando evento porque seria uma loucura completa ali. Durante todo o verão cobramos vacina. Era um inferno, atrasava muito a entrada com a solicitação do comprovante. O primeiro evento grande foi o show do Planet Hemp em dezembro de 2021”, relembra Uirá.

 

A estabilidade de verdade veio após o segundo carnaval, em abril, quando os números efetivamente começaram a descer após o repique da ômicron.  A partir daí o horizonte começou a se mostrar novamente, mas Uirá conta que foi preciso administrar a sobreposição de agendas pós pandemia. “Tivemos um ‘boom’ de eventos no verão, com o pessoal comprando ingresso por impulso, o que foi bom. Depois teve esse movimento de festivais, o que acaba atrapalhando um pouco a programação de casas, mas ao mesmo tempo conseguimos construir algumas programações internas da Fundição, que é o caso do Samba Independente dos Bons Costumes (Sbic), toda a quinta feira, que foi o maior sucesso desde o verão, o que ajuda a gente. Tem também a programação do centro cultural, com peças de teatro, e eventos menores. Nos grandes shows nacionais, ficamos com dificuldades porque tinha muito artista devendo show de ano anterior e as agendas ficaram um pouco complicadas. Vamos ver como vai ser esse verão”.

 

Para Uirá as perspectivas se mostram boas a partir de situações em que a Fundição sempre investiu, mas a confusão reinante nas polítocas públicas de cultura ainda se mostram um empecilho. “Falamos de sustentabilidade há 30 anos, e hoje as empresas fazem esse discurso. Essa relação com as marcas está acontecendo e o maior projeto social cultural que a gente tem hoje é o projeto #estudeofunk, que é um sucesso, que possibilita à galera de comunidade passar por aulas de escrita criativa, filosofia, além de aulas técnicas de estúdio, como fazer um beat... Construímos um estúdio a partir do patrocínio da Beats, da Ambev. Isso é uma porta aberta em 2022 que já era um projeto antigo e que esperamos ser um embrião de projetos perenes”.

 

 


 

 

Carlos Alberto Xaulim
 

Com mais de 40 anos de experiência no mercado de shows, Xaulim viu o ano passar no ritmo da retomada. “Vivemos um momento especial, com um mercado extremamente aquecido, como reflexo desse represamento que aconteceu na pandemia e a vontade das pessoas se encontrarem, se abraçarem. Então essa equação está trazendo um resultado muito bom”, comenta, comemorando a chegada de shows como o Encontro Marcado – que junta os integrantes da banda 14Bis, Flávio Venturini e Sá & Guarabyra no mesmo palco – em lugares onde não havia sido apresentado antes, como Florianópolis.

 

Xaulim acompanhou de perto, durante a pandemia, a discussão sobre o apoio ao setor de eventos em tempos muito difíceis. “Essa realidade foi muito dura. Tenho que registrar que não teve nenhuma atividade econômica que passou o que o setor de eventos passou. A maioria das atividades não chegou a fechar totalmente. Tiveram sazonalidade, abriram, fecharam, abriram, fecharam... O setor de eventos não. Fechou e ficou fechado. Muita gente, infelizmente, ficou pelo caminho. Saímos muito enfraquecidos. Foram dois anos e não foi uma travessia fácil, mas não tem nenhuma atividade nesse país que tenha profissionais com tanta esperança como os produtores. Nós sempre acreditamos que alguma hora vai virar, às vezes não dá certo, mas mesmo  assim a gente continua insistindo. Temos uma esperança que ajuda e isso contribuiu muito para que pudéssemos acreditar em dias melhores”. No entanto, o produtor ainda se preocupa com um desaquecimento. “Há uma lei de mercado: o que está lá no topo, a tendência é de cair. Isso me preocupa. Tem muita esperança, mas muito pragmatismo também. Alguns sintomas já começam a se tornar visíveis, com possível saturação do mercado”.

 

O empresário acredita que o fato de a Cadoro estar há muito tempo no mercado o ajudou a passar pelo período de dificuldades, e comenta a importância de uma atuação coletiva do setor de eventos, principalmente após um período difícil como o da pandemia.  “A Cadoro tem 42 anos. Temos muito tempo com profissionais com bastante rodagem. Somos os mais antigos de Belo Horizonte. O momento é muito bom, mas é preciso entender que tem a sazonalidade. Entretenimento é uma coisa muito subjetiva. Uma coisa importante é a representação. Foi preciso que viesse a pandemia para mostrar que, na tempestade, todo mundo vira marujo:  artista, empresários de artista, dono de empresa de som, de palco... Para conseguir sair fora da tempestade, isso se fortaleceu. Mesmo em um segmento que, historicamente, sempre foi muito individualista”, declara Carlos Alberto.

 

 

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