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SUMÁRIO / Colunas

A História e o funcionamento da gravação magnética

24/08/2022 - 06:48h
Atualizado em 24/08/2022 - 06:48h


 

Caro leitor.

Hoje vamos falar sobre um dos meus assuntos preferidos. Desde os primórdios o homem tem a necessidade de contar e registrarhistórias. No inicio de tudo os homens das cavernas desenhavam nas paredes para registrar ou informar algo.  Anteriormenteà escrita, as pessoas passavam o conhecimento contando histórias, dos mais velhos para os mais jovens. O registro de uma imagem ou som só pôde ser sonhado depois de milhares de anos.

 

Adiantado nossa fita para o século 19, chegamos à Dinamarca, onde Valdemar Poulsen em 1898 desenvolve o Telegrafone. A primeira mídia magnética. O gravador usava um fio de aço como suporte de gravação.

 

 

Os estudos do Poulsen e do seu assistente Peder O. Pedersen continuaram.      E na primeira década do século 20,já estava disponível comercialmente um gravador de uso prático, mas com custo muito elevado. Isso o fez perder mercado em face ao melhor custo e qualidade sonora dos discos graváveis. Entretanto houve um crescimento no interesse para uso militar epor parte das empresas de radiofusão em função da possibilidade de um longo tempo de gravação.

 

 

 

Em 1937 o Marconi-Stille steel ribbon recorder era a melhor solução em temos de qualidade e duração de programa para a BBC de Londres. Mas na verdade o uso de fio ou fita de aço não era nada conveniente.

 

 

 

Nos anos 40, o uso do gravador de fio estava popularizado. O equipamento também conhecido como Electronic Memorytinhauso principalmente em escolas e escritórios da época.

 

 

 

O gravador de fita magnética

 

A ideia de usar uma fita de material macio com um pó de ferro impregnado na superfície foi proposta desde os anos 20 por A. Nasavischwily na Alemanha e Joseph A. O'Neill nos Estados Unidos, mas nenhum deles coseguiu pôr em prática. Foi então que, em 1928, o engenheiro alemão Fritz Pfleumer desenvolveu uma fita de papel revestida com oxido de ferro e fez o primeiro gravador de fita (não metálica) de rolo do mundo chamado de “Sound Paper Machine”. Mas ele falhou no resultado, não conseguindo produzir uma boa qualidade de som. O maior problema é que a camada de oxido não aderiu bem e soltou partículas nas cabeças e todos os guias. Devido a isso, tornou-se conhecida como“Sandpaper Machine”a Lixadeira.  Que maldade...

 

Em 1930 Pfleumer recebeu os direitos de patente e tentou comercializar com os principais fabricantes na Alemanha, mas não despertou muito interesse. Isto porque apesar do potencial da tecnologia, faltava o resultado prático. No entanto, em 1932,o presidente da Allgemeine Elektricitäts-Gesellschaft(AEG) mostrou interesse e comprou os direitos de patente do Pfleumer. AEG montou imediatamente um laboratório de pesquisaem gravação magnética e começou a melhorar o som. A AEG precisava de especialistas em química para melhorara fita magnética e procurou aIG Farben, (mais tarde BASF) que desenvolveu o projeto da fita magnética. Enquanto isso a AEG colocou seus esforços em pesquisa e desenvolvimento para melhorar a maquina do gravador. Então nasceu o “Magnetophon”. O gravador de fita como conhecemos.

 

 

 

 

Naqueles dias, os Estados Unidos e o Japão também desenvolviam pesquisas para melhorar os dispositivos de gravação. Seja para uso de radiodifusão ou comunicações militares. O exemplo disso: em 1936 os japoneses desenvolveram um fio mais eficiente para gravação chamado “Sendai Metal”(40% aço, 40% níquel e 20% cobre). Nos Estados Unidos, a Bell Labs realizava pesquisas sobre o efeito AC BIAS com o objetivo de melhor o desempenho dos gravadores de fio e fita de aço. A Bell Labs lança na Feira Mundial de Nova York de 1939, um gravador com transporte de fita em Loop, dotado de circuito AC BIASe estereofônico. A patente foi registrada em 1941 nos EUA.

 

Em meados 1945, poucos meses após a rendição da Alemanha,John Mullin do US Army Signal Corps encontrou ogravador modelo Magnetophon em uma estação de rádio nos arredores de Frankfurt.  Mullinestava pesquisando a tecnologia de comunicação alemã e ficou surpreso com o desempenho daquela maquina. Ao final do ano, ele havia recolhido vários gravadores e dezenas de fitas. O material foi enviado imediatamente para os Estados Unidos.

 

Chegando a San Francisco, com a ajuda de um amigo, Mullin começou a modificar o circuito dos gravadores para AC BIAS, pois se tratava de um modelo K4 que ainda usava DC BIAS. Com isso melhorou os MagnetophonsK4 confiscados. Após fazer testes com musica, Mullin ficou impressionado com a fidelidade do som e decidiu apresentar o equipamentoem uma reunião da IEEE na Califórnia.Com a acessória técnica do Mullin, a então pequena empresa Ampex Co. Ltd. conseguiu desenvolver em 1948 um novo gravador chamado Ampex 200. Dotado com uma cabeça de reprodução mais eficiente, circuito AC BIAS e cabeça de apagamento.

 

 

A era da gravação com fita magnética.

A partir de então se estabeleceu uma nova forma de produzir na indústria do entretenimento. Chegava ao fim da era do 100% ao vivo nas transmissões de radio. Agora os programas podiam ser gravados e distribuídos para todas as emissoras. Nas gravações, o erro não significava mais a perda de todo trabalho. Bastava só voltar a fitae retomar de onde errou. No cinema foi o grande salto com a edição de som. E claro, na produção musical, revolucionou a história e, por muitos, ela é usada até hoje.

 

Para finalizar o artigo, não poderia deixar de mencionar os grandes desenvolvedores que fizeram a História da gravação em fita. Na Europa com a Nagra,BASF, Studer, Philips e AEG. No Japão com Institute for Materials Research e Akai company, e nos Estados Unidos, com a Ampex. Na verdade não podemos creditar uma grande invenção a uma só pessoa, empresa ou povo. É fato que existe muita gente genial ao redor do globo buscando soluções para problemas e necessidade de cada época.

 

Na segunda parte do artigo falarei sobre o funcionamento e características dos gravadores e fitas magnéticas.

 

 

 

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