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Áudio & Eletrônica: A História do 1176

13/02/2023 - 23:31h
Atualizado em 13/02/2023 - 23:31h


 

Caro leitor.

Como muitos sabem, sou fã do compressor 1176LN em especial a revisão F. Tanto é que há uns anos resolvi lançar minha própria réplica, hoje descontinuada, de um dos mais reconhecidos compressores de áudio da indústria fonográfica. Por isso resolvi contar a historia do equipamento, falar das versões e detalhar um pouco dos aspectos técnicos de cada revisão desse versátil compressor.

 

Em 1958 Milton Tasker Putnam, mais conhecido como Bill Putnam, fundou a Universal Audio.  Posteriormente adquiriu a  Studio Supply Co. e a renomeou para Studio Electronics Corporation (SEC). No ano de 1967 a Studio Electronics comprou a divisão de Broadcast da Babcock Electronics, que incluía a Teletronix e os direitos de patente do  LA-2A. Logo depois a SEC foi rebatizada como Universal Recording Electronics Industries ( UREI ).  Putnam também  adquiriu a National Intertel; de onde saiu a tecnologia para desenvolver os famosos 1176 e o pré-amplificador 1108 em 1968. Em seguida fez os  UREi Teletronix LA-3A  e  UREi  LA-4. 

 

No inicio dos anos 70 a fábrica  mudou-se de North Hollywood para Sun Valley, Califórnia. Finalmente em 1983 Putnam vendeu a UREI para a Harman, e a UREI tornou-se uma divisão da JBL Professional. Até o final dos anos 80 a empresa usou o logo “JBL-UREi” em produtos destinados à uso em estúdio.

 

Em 1959  a  Audio Engineering Society concedeu a Bill Putnam um Fellowship Award. E em 1983,  um título de membro honorário por suas contribuições a indústria do áudio em projetos  de estúdio e por projeto e fabricação de equipamentos de áudio.

 

 

 

Em 2000, Putnam recebeu um Grammy Special Merit/Technical póstumo por sua contribuição para a indústria da musica.

 

 

A evolução do 1176

O compressor/limitador começa sua historia em 1967 quando o Field Effect Transistor (FET) ainda era uma novidade. Poucos equipamentos usavam tal componente. O compressor equipado com FET como “ajustador de sinal” e amplificador de saída em classe A proporcionava um ganho muito alto 45dB e um Attack muito rápido 20ms.  Foi um grade salto tecnológico em face aos “antigos, caros e pesados” compressores a válvula.

 

 

As primeiras revisões:

Depois de muito trabalho em laboratório para acertar a melhor curva de compressão, a Universal Audio lança em 1968 a primeira versão projetada por Bill Putnam do 1176.  A primeira revisão REV. A. contava com o painel em alumínio escovado e uma faixa azul  Bluestrip  sobre o VU meter. O circuito pré-amp era o mesmo do 1108 com a topologia em darlinton. A configuração se repete no estágio de saída porém usando um transistor bipolar 2N3053 operando em classe A e um transformador de saída com realimentação negativa.  Mas ainda assim com um nível de ruído alto e uma distorção acentuada. “Muitos adoram essa característica das primeiras revisões”

 

As revisões AB e B, sofreram poucas alterações. Basicamente perceberam que seria mais indicado usar transistores bipolares (2N3391) no circuito do pré-amp e drive. Com isso foi necessário alterar valores dos componentes e parte do projeto inicial. A partir de 1970 ( revisão C)  foi feita a primeira grande modificação do 1176 projetada pelo novo diretor de engenharia da UREi, Brad Plunkett ( O cara que conhecia do negócio ). Daí por diante o 1176 ganhou o sufixo LN (Low Noise). Não só o baixo ruído como melhor nível de distorção. Também houve a mudança no painel, passando a ser na cor preta com o logo UREi acima do VU meter. Mr.Plunkett projetou todas as melhorias até a ultima revisão. Como informação extra, também foi ele que inventor o famoso pedal Wah.

 

As revisões D e E basicamente não sofreram grandes alterações. Houve a mudança de fornecedor dos FETs, mudança de transformador de força, a adição da chave 115/220v no painel traseiro e cabo de força com fio terra.

 

 

A Revisão F.

Em 1970  surge a revisão que se tornou a mais desejada. A famosa revisão F. Posso afirmar que não se trata de fetiche nem de opinião do cardume. O circuito de pré-amp foi melhor ajustado com apenas alteração de valores nos componentes resultando em menor distorção. Mas a grande mudança ficou por conta do novo projeto do estagio de amplificação de saída. O output drive passou a ser em classe AB, usando um arranjo com dois transistores em push pull, o que trouxe maior corrente na saída. Alem disso, baixou a temperatura e consumo do circuito, logo maior eficiência. Para completar o novo desenho foi usado o transformador de saída do LA3a. Também houve uma pequena modificação na fonte e uma atualização no circuito drive do VU meter que agora contava com um amp-op (coisa moderna na época!) para substituir o circuito a transistor. Isso melhorou muito a estabilidade e o ajuste do Zero no VU meter. O resultado de tudo isso é um som limpo e colorido (na medida certa) que até hoje encanta a todos.

 

 

Revisão G

A ultima grande mudança do 1176LN aconteceu  na nova fábrica em Sun Valley, CA. Com a intenção de modernizar o aspecto visual do produto foram feitas mudanças estéticas. O cabo de força foi removido, dando lugar a um conector IEC, o painel frontal mudou para alumínio escovado, o logo da UREi, que às vezes aparecia como o emblema com fundo azul e às vezes apenas impresso em preto. Na versão H a marca Universal Audio abaixo do VU meter já não mais aparecia. A tecla OFF foi modificada para a cor vermelha. Mas as mudanças de maior impacto comercial foram a substituição do transformador de entrada fabricado pela UTC por um circuito diferencial usando um IC NE5532. Muito provavelmente a opção foi feita visando resolver o problema de fornecimento e custo. Com a venda da UREi para a Harman International, em 1983, os 1176LN deixaram de ter a etiqueta do serial# com a marca “Urei” no painel traseiro para exibir a marca da Harman. E foi assim até a última unidade produzida pelo grupo.

 

 

Minhas considerações

Em minha opinião como projetista as revisões F e G foram as melhores de toda história do equipamento. Alguns têm preconceito quanto ao uso do amp-op na versão G, mas posso afirmar que, em teste de laboratório usando um analisador de áudio HP8903B e em teste A/B com monitores BW802, não houve diferença em as revisões.   A revisão F. também ostenta o título da mais replicada das revisões. O mercado está cheio de réplicas que não chegam aos pés do original dos anos 70. Esses nem merecem comentários...

 

 

 

 

 

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