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REPORTAGENS / Colunas

Muita calma nessa hora - Um dia de fúria! hahahaha

14/08/2023 - 12:29h
Atualizado em 14/08/2023 - 12:48h


 

Aeeeeee hoje tem show!!! Mais um dia de tour da sua banda predileta e lá vai você pro aeroporto cheio de vontade de fazer um belo som e se divertir um pouco… maravilha!!!… (nem sempre…). Quando chega no aeroporto descobre que não tem teto pra voar e que o seu aviãozinho vai sair com duas a três horas de atraso!!! Bom, o remédio é tomar um café (e os preços inacreditáveis dos cafés nos aeroportos???!!! Não estamos longe de parcelar em 12 no cartão nosso apetitoso pão de queijo...) e aguardar pacientemente o horário de embarque.

 

Quando finalmente o vôo decola - e deixando de lado o “conforto” das nossas pernas e o bebê chorando como um perfeito Ian Gillan (Deep Purple) ao nosso lado - normalmente a cabeça já está trabalhando a mil pra montar o esquema da passagem de som, porque provavelmente vai rolar aquela “ficada direta” no local do show compensando o atraso da viagem… Sem falar nos nem sempre apetitosos lanches servidos durante o vôo, atualmente chegamos ao limite e de um biscoitinho no pacote, um suquinho sem graça e balinhas...Mas vamos direto ao assunto…

 

Tudo certo no local do evento, palco bonito, ainda existe tempo pra montar tudo, aquele Sol maravilhoso, todo mundo de bom humor na equipe… Aí começa o show de horror: quando o gerador é ligado (“o” gerador, pois não existem dois naquele dia), parece que o caminhão está em cima do palco… socorro!!! Vamos lá, ver quantos metros de cabo os caras tem pra levar o gerador pra muito longe, dependendo do atoleiro, pois como está teremos mais som de motor do que nossas mixes nos ears dos nossos artistas… Bom, depois de uns quarenta minutos de trampo pra levar o gerador pra longe (que teve que passar pelos bois, é claro), na primeira palavra no microfone depois de tudo montado você toma um susto de alguns volts na boca e descobre que tem 120 (ou muito mais) volts na estrutura do palco, porque o aterramento é deficiente ou simplesmente não existe (a famosa frase “o palco ta ‘enterrado’ sim”, é, além de clássica, verdadeira)!!!… hehehehe…

 

PS: não se esqueça de conferir se o gerador está abastecido para durar o show todo e jamais, jamais mesmo, peça uma garapa com abacaxi (dependendo da máquina), pois corremos o risco do responsável correr atrás de nós com um caibro!!! Hahahaha.

 

Ok, depois do atraso do vôo, do gerador e do primeiro choque, você fala (depois de uma breve reflexão sobre estar ali naquele momento): é hoje, muita calma nessa hora… E na verdade o problema do técnico de monitor não é nada, é só olhar pra house mix e ver o desespero do cara do PA porque o equipamento está no local mais surreal possível… A “novela” é sempre a mesma: a versão da mesa está desatualizada e não leu a cena, aquela tremedeira nos faders, oito caras em volta de um maluco com um laptop em uma mão e a malinha na outra, mandando um discurso incrível pra convencer a galera a mudar a mesa de lugar, pelo menos para onde ele consiga ouvir sua mixagem, cortar o volume dos subs pela metade, menos 12 em 600 a 800 Hz e garantir o sucesso técnico do evento…rs.

 

Em todos esses anos de estrada, a infra-estrutura dos eventos está cada vez melhor, mas sempre esteja preparado para em algum momento da tour ter “um dia de cão” (ou “um dia de fúria”, como queira) e passar por isso se divertindo. É incrível, mas sempre dá certo no final… A fórmula “conheça muito a banda + coloque tudo que aprendeu na vida + tenha uma equipe unida + seja o cara mais calmo do mundo = um show como todos os outros” é importantíssima num momento desse tipo (não me lembro de muitos shows cancelados, por mais problemas que tivéssemos que enfrentar no dia)… É claro, terremotos, dilúvios e desabamentos não contam…

 

Pra completar nosso papo, eu ainda sonho com o fim de um dos últimos pesadelos da estrada: “O Mundo Horroroso e Irresponsável da Desmontagem…” Todo mundo cansado querendo ir pra casa, os carregadores ainda ser receber, chovendo, show no mesmo palco no dia seguinte com montagem as oito da manhã, cases passando por cima dos nossos cabos de antena, lanterna na boca porque não rola luz de serviço, microfones perdidos, in-ears embaraçados, etc… É na desmontagem que equipamentos pifam, perdem-se componentes, ponteiras, pedestais, etc… Mas confesso que a coisa aos poucos vai melhorando!!!

 

Converso sempre com os caras de monitor pela estrada e o roteiro é o mesmo, por mais que pareça, e de certa forma, seja errado: nos dias em que não se passa som, cheio de problemas, chovendo e etc, o show sempre é bom!!!… Quantas e quantas vezes rola aquela passada linda e quando chega a hora do show muda tudo, as pessoas enlouquecem (e te levam junto…rs), fica todo mundo olhando pra você e perguntando porque a mixagem está toda alterada…!!!.

 

Na verdade, muitas bandas trabalham no plug & play hoje em dia, e depois dos in-ears (e de uma certa maneira um bom padrão e unidade das empresas de áudio) essa maneira de trabalhar ficou muito mais tranqüila, pois o resultado é sempre parecido na mix final de monitor, e com a banda descansada um mês de oito shows pode na boa, virar um mês de dezesseis ou vinte!!!…rs.

 

 

E pra encerrar essa longa coluna, aí vai o ABC do stage:

A – “Aqui no monitor tem…!” (o cara do monitor pro PA…)

B – “Bem que eu avisei…!” (em qualquer situação de pânico…)
C – “Camarim da técnica???” (da coitada que monta os camarins…)
D – “Deixa que eu arrumo…” (um cara que vc nunca viu no stage…)
E – “Eu juro que o aterramento ta certo…” (hahahahaha…)
F – “Fui eu???” (geralmente do cara que fez a besteira…)
G – “Gerador, que gerador???” (o produtor local no dia do show…)
H – “Hahahaha… (quando vc pergunta sobre voltagem estabilizada)
I – “In ears , side line array e center fill pra dentro do palco…
J – “Já fiz tudo o que podia, só não troquei as pilhas…” (o roadie…)
L – “Liga o DJ no Side enquanto vc faz o line check”… (socorro!!!)
M – “Meu in-ear ta falhando…” (do seu artista entrando no palco…)
N – “No PA ta tudo certo…” (o cara do PA pro Monitor…)
O – “O sub ta uma coisa horrível…” (do roadie de bateria…)
P – “Prepare-se porque o ginásio é enorme!!! (vc pro teu artista…)
Q – “Quando lotar melhora a reverberação do ginásio…” (hahahaha…)
R – “Relaxa, é só uma chuvinha…” (o assistente do contratante…)
S – “Sumiu o baixo… (do cara do PA…)
T – “Tem um canal sobrando aí?” (sempre na hora do show entrar…)
U – “Ué???” (de qualquer um pra qualquer um no palco…)
V – “Virgem Maria, a roda gigante ta piscando!” (passando o bumbo…)
X – “Xiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii…” (de qualquer um pra qualquer um também…)
Z – “Zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz…” (o cara da empresa de som…)

 

Grande abraço!!!

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