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#tbt Lollapalooza Brasil

02/04/2020 - 15:15h
Atualizado em 30/07/2020 - 09:11h

 

Parceria entre RP Lighting e T4F traz inovações na iluminação do festival

 

Luiz de Urjaiss
redacao@backstage.com.br
Fotos: Rodrigo Sevilio / Vanessa de Natale

 

A edição de 2018 do Lollapalooza aconteceu entre os dias 23 e 25 de março no autódromo de Interlagos e trouxe para o Brasil shows de grupos como Pearl Jam, Red Hot Chili Peppers, The Killers, Imagine Dragons; entre outros. Com cerca de 20 anos no mercado de iluminação nacional e internacional, a RP Lighting estreou como principal empresa no fornecimento de luz do festival. Além dos quatro palcos do evento, a locadora atuou também nas ativações e ambientação, responsabilidade esta que, no ano passado, ficou dividida entre seis empresas de iluminação. 

 

 

O  convite surgiu a partir de uma parceria selada, em 2017, com a T4F (“Time For Fun”) – responsável pela edição nacional do festival – que visava melhorar seus resultados no mercado do entretenimento e tinha iniciado, há cerca de cinco anos, um processo de expansão da marca”, como explica o proprietário da RP Lighting, Ronaldo Passarelli, que percebeu uma oportunidade no mercado de shows ao vivo.
“A RP sempre foi especializada em broadcast e eventos corporativos. Inicialmente não tivemos interesse em estabelecer parceria com a empresa pela inserção numa área que nunca tivemos tanto contato. Todavia, diante do panorama econômico do país, avaliamos que seria propício fazer uma proposta de compra dos equipamentos da AuroLights em troca de exclusividade nos serviços em todos os shows e casas de espetáculo da T4F – incluindo o Lollapalooza”, afirma.

 


Para Ronaldo a parceria com a T4F gera uma expectativa de crescimento da RP Lighting. O crescimento está baseado na agenda deste ano, que já conta com vinte shows internacionais fechados. “Estamos dobrando os ganhos em um ano. O segmento de shows é muito grande e não teria percebido sua dimensão senão pela parceria. Vejo a T4F como a empresa mais consolidada na área, por possuir casas de espetáculos próprias”, comenta o proprietário, cujo contrato de parceria firmado tem validade de cinco anos, com renovação prevista para mais cinco.

 

Equipamentos 
Segundo Ronaldo, a aquisição dos equipamentos da AuroLights foi tal qual a compra de uma empresa cinco vezes maior, apesar de grande parte do material adquirido, atualmente, não ser mais aceito em riders internacionais. “Foram cerca de dois meses de viagens para colocar todo o equipamento em nossa sede”, explana ao pontuar os cerca de oito mil metros de espaço do galpão da organização. “Dentre eles, destaque para 210 motores elétricos, cerca de 1600 cabeças de moving lights/ heads e mais de mil elipsoidais”, explana.

 

 

Estrangeiro x brasileiro 
Reconhecido internacionalmente através de serviços como os prestados à FIFA no período de Copa do Mundo, em 2014, ao serem responsáveis por toda iluminação e ativação da federação, Ronaldo diz ser inevitável apontar como pontos de melhora a questão tributária e organizacional do mercado no Brasil.
“Pagamos 100% a mais no valor de um equipamento em comparação ao americano e europeu. Por mais que importemos, não é possível absorver o custo. Outro ponto é a maneira que o mercado se organiza por aqui. No exterior, as locadoras trabalham com percentual de investidor. Dificilmente haverá uma empresa entregando a mão de obra em paralelo. No mercado brasileiro, o que determina a continuidade do evento é o dinheiro, então fazemos o projeto baseado no valor da contratação, adaptando as demandas com a realidade, por mais que haja necessidade”, complementa. “No estrangeiro, a locadora só é responsável por disponibilizar o material, enquanto as demais mão de obras são contratadas de forma separada, fomentando melhor a cadeia e deixando o mercado mais organizado, respeitando valores”, compara.

 

 

Lollapalooza e RP Lighting
Com público estimado em 300 mil pessoas, a edição de 2018 do Lollapalooza contemplou maior espaço físico em Interlagos além de um dia a mais de shows – no ano passado foram dois dias de evento. Um grande diferencial foi a contratação de um dia exclusivo para a GM (“General Motors”) na véspera do festival. Na ocasião, houve shows das bandas LCD Soundsystem, Liam Gallagher e de Wiz Khalifa, no Palco Onix. “O festival que tinha apenas dois dias de duração, mudou para quatro. O início da montagem foi no dia 15, e fomos até 22 de março. Para desmontagem, necessitamos de três dias”, diz Ronaldo reiterando que todas as ativações tiveram os projetos fechados pela RP Lighting e, mesmo diante da sublocação de alguns equipamentos, não foi necessário terceirizar outra empresa para dar suporte em quaisquer demanda.

 


“Nos palcos todo o material foi 100% da RP Lighting. Por exemplo, houve um investimento de cerca de meio milhão de reais só em cabos. Claro que se trata de uma compra pontual. Contudo, quando comprei os ativos da AuroLights, a empresa já estava pouco defasada em termos de tecnologia. Fechei um planejamento junto à Harman do Brasil (Martin) de dois anos na casa dos R$ 20 milhões, dos quais R$ 6 milhões já foram entregues em equipamentos novos, pensando no mercado de shows. Em vez de terceirizar, resolvi comprar. Em outras palavras, o que a AuroLights não fez em dois anos, fiz em um dia. A RP Lighting começou sua história com uma traffic e seis cyberlights. Se colocarmos trinta carretas abarrotadas de equipamentos, ainda sim não conseguiremos mensurar todo o material que temos”, contabiliza. 

 

 

Iluminação
De acordo com o diretor técnico da RP Lighting, Marcelo Sevilio, o sistema de iluminação escolhido para o festival foi o MA Lighting, levando em consideração a sua versatilidade e solicitação comum nos riders em geral. “É o mais robusto e confiável do mercado. Usamos duas MA Fullsize (uma de backup) e uma MA Lighting 2. A divisão do sistema foi feita pela área do espaço do festival. Na parte de programação, os lighting designers receberam todo o showfile do Lollapalooza para programar suas plantas e percebê-las com a réplica exata do que encontrariam no palco, em estúdio disponível com layout view de cada”, fala. 
A respeito das exigências dos headlines, Marcelo destaca o desafio em adequar a planta de luz do festival com a do Pearl Jam. A banda de Seattle viajou com material próprio e necessitou içar as luzes, posicionando-as com as já existentes do mapa do festival. 
Segundo o lighting designer responsável pela compatibilização das plantas dos artistas, Michel Pinheiro, foi necessário caber todo o projeto de luz do festival no modern grid do Pearl Jam que, por conta de seu tamanho, teve que ficar livre para não atrapalhar os demais shows do palco principal. “O Red Hot Chili Peppers também precisou de adaptações para caber tudo. Destaque para os círculos grandes que ocasionaram preocupação por parte da produção geral, que não queria afetar a logística de palco de outros artistas; e a utilização exclusiva de seis canhões de frente e oito contra (que foram de lateral), colocados exclusivamente para o show”, elucida.
“Essa edição foi atípica, pois quase todas as bandas quiseram toda a planta de luz deles, sem adaptações. O Brasil está num patamar em que os lighting designers estrangeiros percebem condições em atender as demandas grandes e complexas, logo as exigências são, cada vez, maiores. Em outros palcos rolaram shows como do Imagine Dragons e Lanna Del Rey, cuja iluminação contou com seis carrinhos de luz exclusivos, de fabricação nossa”, destaca o lighting designer que há cinco anos atua no Lollapalooza e fez caber três mapas distintos num palco só – Pearl Jam, Red Hot Chili Peppers e do festival em si. “O processo de criação começou em janeiro. Tínhamos o line up dos gringos e vinha conversando com eles para alinhar exigências”, explica.

 

 

Montagem
Como se tratou da primeira vez que a RP Lighting fez a cobertura integral do Lollapalooza, Marcelo aponta o planejamento como o maior desafio na não sobrecarga de funções ao longo do processo de montagem. “Todo o material que saiu da empresa foi programado e esperado. Houve um laboratório destinado para qualquer eventualidade. A parte de infraestrutura, cabeamento e motores, além da parceria com a Martin, em que 80% do equipamento mais robusto, como os moving lights e acessórios”, completa. 
Foram cerca de 1.750 aparelhos instalados, sem contar a ambientação. Complementando o discurso do diretor técnico, Michel explana que o passo a passo iniciou na parte de motores, usando cerca de 70 destes apenas no palco principal, fora os demais. “Este foi mais complexo por conta de todo o aparato que o Pearl Jam trouxe. Foram noites sem dormir para realizar adaptações e fazer funcionar com o solicitado”, recorda. 

 

 

Ativações
Responsável pelo desenvolvimento das ativações dos patrocinadores no festival, o lighting designer Diego Lima desenvolveu o conceito de luz de cada estande presente no evento, fidelizando seu layout e aspecto, apesar de sugerir caminhos de construção. 

 


“Cada patrocinador tem uma referência de seu produto e cenografia. Eles compartilham a ideia, imagem e layout e, como lighting designer, deixo o projeto mais fiel possível ao planejamento. Com a Budweiser, por exemplo, houve uma ação inspirada numa estação ferroviária dos anos 60, o que impeliu trabalharmos com uma luz mais quente, vermelha, valorizando as cores da marca, inclusive. No slackline da Axe, por outro lado, houve um movimento mais arrojado, descontraído. É diferente de trabalhar com a luz para canções em situação de show, pois o feeling do profissional deve respeitar a cor da marca e sua tendência. Não dá para fazer muito ‘a sua cara’, senão entra em concorrência com cliente”, resume.

 


 

 

Por mais um ano consecutivo a Gabisom foi a responsável pela sonorização do Lollapalooza. De acordo com o técnico de som da empresa, Peter Racy, o sistema utilizado no festival foram o L-acoustics K1, d&b GSL, Martin Audio MLA e JBL VTX, nos palcos Bud, Onix, Axe e Perry, respectivamente.

 

No palco principal, foram usados (modelos) 80 K1 e 20 K1-sub no PA; 48 subs KS28 no chão à frente do palco, enquanto que no delay usamos 48 K2 distribuídas em oito torres com seis K2 em cada. As mesas disponibilizadas para o festival foram um par de Profiles no PA e um par de PM 5D no monitor. Houve algumas locações específicas de SD-10 e Pro-9. A maioria dos artistas headliners trouxe suas próprias consoles”, explicou.

 


Peter destaca que a configuração do line e estrutura do palco Bud (principal) se mantiveram praticamente iguais à edição do ano passado, enquanto que nos demais houve sistemas diferentes. “O desafio maior foi a meteorologia. Enfrentamos várias tempestades, que ocasionariam a interrupção do trabalho durante a montagem. No mais, é fundamental compreender a estrutura de ganho dentro de um sistema, e ainda mais importante, dentro da sua console. Vemos inúmeros absurdos operacionais em festivais. O mais frequente é tentar fazer o som ensurdecedor, mas ninguém ganha”, coloca. 


Segundo Racy, um bom som começa com equilíbrio e timbragem entre canais, entendendo-se que puxar o ganho em qualquer frequência significa diminuir o headroom do sistema naquele parâmetro, aproximando-o do acionamento dos limitadores. “Volume ensurdecedor não é equacionado com bom som. Use e abuse de equalização subtrativa. Em vez de puxar as altas, veja o que você pode tirar das médias e das baixas para ter o mesmo efeito”, complementa.

 

 

 

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