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REPORTAGENS / Matérias Completas

Full Sail University e Revista Backstage

07/12/2020 - 14:52h
Atualizado em 07/12/2020 - 18:09h

 

A Revista Backstage e a Full Sail University, com Carol Olival, começam uma parceria entrevistando personalidades ligadas à Universidade e o mundo da produção musical. A primeira entrevista é com o ganhador do Grammy Latino 2020, Arthur Luna.

 

Arthur Luna é engenheiro de som graduado pela Full Sail. Já trabalhou com artistas como Shakira, Carlinhos Brown, Nando Reis e muitos outros. Aqui ele compartilha sua trajetória profissional e suas experiências no mercado da música, incluindo detalhes sobre as mais de 10 vezes que foi indicado aos prêmios Grammy, tendo vencido nas categoria de Melhor Álbum de Samba/Pagode pelo disco Amor e Música da cantora brasileira Maria Rita, em 2018; e na categoria de Melhor Álbum de Rock/Música Alternativa com o disco AmarElo, do rapper brasileiro Emicida.

 

 

CAROL: Obrigada por estar conosco hoje! Muito bacana poder conversar com você, ainda mais para comemorarmos mais um Grammy Latino! Arthur, vamos começar com você contanto um pouco sobre a sua carreira e como tudo começou?

 

ARTHUR: Eu que agradeço pelo convite! Bom, minha família tem uma história intensa com áudio. Meu avô era músico e abriu o estúdio Haway, meu pai seguiu os passos, começou a gravar também muito cedo, ele coleciona 4 Latin Grammy. E eu meio que dei sequência ao trabalho da família.

 

Sempre gostei do ambiente de estúdio, desde pequeno. Comecei na Cia dos Técnicos, que foi onde me criei, daí fui para a Full Sail University, me formei em Recording Engineering, voltei e tive a oportunidade de trabalhar em vários lugares.

 

 

CAROL: Quando caiu a ficha para você que você queria trabalhar com música? Como foi essa descoberta para você?

 

ARTHUR: Sempre me interessei por música desde pequeno. Meu avô sempre me incentivou, me dava instrumentos. Meu pai já trabalhava com música, minha mãe sempre ouviu muita música e eu sempre tive bastante a influência musical dos gostos dela. Me lembro que em casa meu pai tinha uma interface com 2 canais e eu comecei a gravar bandinhas da escola, fiz o disco de vários amigos do colégio.

 

 

CAROL: Quantos anos você tinha nessa época?

 

ARTHUR: Tinha uns 13, 14 anos! Um dia meu pai foi dar uma aula de ProTools para um amigo e eu fiquei de canto, tentando entender e acabei tomando gosto.

 

 

CAROL: E hoje, com 28 anos você já tem várias indicações de Grammy Latino e já trouxe dois prêmios para casa. O que é sucesso para você, Arthur?

 

ARTHUR: Difícil essa pergunta! Meu ofício está muito ligado com o que eu gosto de fazer. Sucesso não é uma coisa que eu almejo, o melhor prêmio para mim é trabalhar com gente capacitada, gente que eu admiro.

 

 

Fazer um trabalho com alguém que eu admiro e essa pessoa gostar do meu trabalho é muito mais importante para mim do que qualquer prêmio.

 

 

Tem gente que mede o sucesso de um produtor ou engenheiro pela quantidade de plays que ele tem. Eu sei que é importante ter essa visualização, mas não é uma meta que eu tenho para mim. Eu desejo sucesso para os projetos que eu gravo ou mixo, e é isso.

 

 

CAROL Quais os maiores desafios que você enxerga que um profissional do áudio precisa superar?

 

ARTHUR Ah, a gente passa por muitos desafios, abrimos mão da nossa vida particular para oferecer essa dedicação ao nosso ofício. Os prazos estão muito mais acelerados do que deveriam ser, tudo é para ontem. Mas eu amo o que eu faço e isso me permite encarar esses desafios. Eu faço o que eu gosto e dou o meu melhor para poder manter a felicidade de trabalhar com o que eu amo. Mas desafios tem um monte! O disco da Melim que eu estava gravando em LA, por exemplo, foi bem no momento da pandemia e a gente estava todo mundo em um AirB&B, a galera do vídeo, a banda e os produtores, e tivemos que passar por isso lá. O estúdio da Capitol só não fechou pois sabiam do planejamento que foi, de um grupo do Brasil ir gravar lá. No geral é assim, corrido, sai de um show tarde, passa no hotel, toma um banho, entra na van para ir para o próximo show direto, em outra cidade. Sai do show e começa tudo de novo. É essa correria, tanto no ao vivo quando em estúdio.

 

 

CAROL E com essa rotina, como você faz para se atualizar?

 

ARTHUR A partir de um momento você começa a exigir tanto de si mesmo que você desenvolve o hábito de estudar naturalmente. Eu assisto muito os vídeos do Mix with the Masters, aprendo muito assim. A gente tem que estudar todo dia. Todo dia sai um microfone novo, uma mesa nova, uma tecnologia nova. A gente precisa estar por dentro, atualizado, informado, preparado.

 

 

CAROL A gente falou dos desafios, mas quais são as recompensas de trabalhar com engenharia de som? O que mantem essa chama acesa?

 

ARTHUR Hoje eu estava no carro com a minha mãe e ela colocou uma música que ela gosta e eu falei pra ela: “Eu que mixei!” e ela não sabia. É muito legal isso. Com o meu pai a mesma coisa, várias vezes quando ele estava ouvindo alguma música, curtindo, eu pude falar “Eu que mixei”. Para mim é isso que vale. É muito forte, porque não são só a horas de mixagem daquela canção em específico, é muito mais que conta, é toda a bagagem, as horas de experiência no estúdio, as horas de estudo na Full Sail, cada música é um conjunto de toda essa dedicação.

 

 

CAROL Falando em recompensa, você acabou de ganhar mais um Grammy Latino. Conta pra gente sobre esse prêmio?

 

ARTHUR Trabalhei no disco da Melim que foi indicado. Gravei e mixei o disco inteiro. É muito gratificante ver um disco que você fez inteiro ser indicado ao Grammy. O disco do Zeca, eu preciso explicar que é um evento que acontece no estúdio. Vem geladeira de cerveja, tem uma feijoada que é feita dentro do estúdio, é realmente um de um mês inteiro. A gente grava as bases, depois os complementos e depois o coro, que foi o que eu gravei, com Max Pierre e Rildo Hora. E teve o álbum do Emicida, que foi o que ganhou. Minha participação foi breve, mas muito significante para mim. Eu gravei a participação do Marcos Valle no álbum.  Marcos é uma pessoa que eu admiro muito, sou fã de verdade, como próprio Emicida, pelo talento musical que é e pelo engajamento social dele. O Nave, que é o produtor do disco, me chamou, e é engraçado porque meu pai gravou a participação do Zeca para o mesmo álbum do Emicida. Fico feliz pelo Nave por ele ganhar esse Grammy, porque ele merece demais, ele manda muito bem.

 

 

CAROL Qual é a sensação de ganhar um Grammy?

 

ARTHUR Poxa, é o maior prêmio da indústria, é muito emocionante. No dia que anunciaram os indicados eu fiquei super ansioso, buscando a lista dos indicados. Mas tão gratificante quanto ganhar o prêmio é saber que você gravou uma música ou um disco que ficou bacana, que o som ficou legal. É isso que vale.

 

 

CAROL Quem são suas referências no Brasil? Lista os top 5 pra gente?

 

ARTHUR Vou falar só de estúdio:

 

Flavio Senna, Luiz Carlos T Reis, - não posso esquecer de ninguém! -, William Junior, Marcelo Saboia, Marcos Saboia, Victor Farias. Quantos eu falei? Perdi a conta! Poxa, fui assistente de muita gente e aprendi muito com eles. A gente tem profissionais que batem de frente com a galera lá de fora. A nossa musicalidade é de outro mundo.

 

 

 

CAROL E sobre seus trabalhos, Arthur, foram quais os mais impactantes para você?

 

ARTHUR Los Hermanos, foi um show muito impactante para mim. Lulu Santos, poder trabalhar com ele é incrível – minha música favorita dele é de 92, que é o ano em que eu nasci. Imaginar que eu cheguei a gravar nos estúdios da Capitol Records, com o microfone do Frank Sinatra e o piano do Nat King Cole... A Full Sail também, foi incrível,

 

conheci o Bruce Swedien num evento no campus, tive a oportunidade de contar para ele que meu pai gravou um disco do Brown que ele mixou, foi demais. Tenho até uma tatuagem do autógrafo que ele me deu nesse dia. Conheci o Leslie Brathwaite, Phil Tan, Demo Casanova, Dylan Dresdow, Dave Pensado, Buford Jones. É muita gente, e é muito legal conhecer seus ídolos e ver que eles são acessíveis, que eles são reais.

 

 

 

CAROL E o futuro, o que você espera ou se prepara para encarar no futuro?

 

ARTHUR A gente sempre precisa estar pronto para o que for lançado amanhã. As coisas mudam muito rápido, não dá nem tempo de analisar tendências. São tantas tecnologias novas... Hoje tenho visto muita coisa sobre áudio imersivo, Dolby Atmos, mas não sei quanto eu aposto nisso. São tantas tecnologias que no Brasil não pegaram com tanta força, que eu não fico tentando prever. Cada dia lançam um sistema novo, um PA novo, a tecnologia joga do nosso lado e a gente precisa é estar atento, buscando informação, diariamente.

 

 

CAROL Para terminarmos, tem alguém que está na sua listinha de talentos, com os quais você gostaria de trabalhar?

 

ARTHUR Djavan e Ed Motta. E já trabalhei com tanta gente que eu nunca pensei que fosse mixar... Nando, Los Hermanos, Maria Rita, Zeca, Arlindo... Tanta gente que eu sou fã e nunca pensei que fosse mixar, é muito legal quando isso acontece!

 

 

Assista abaixo o vídeo na íntegra da entrevista da Full Sail com Arthur Luna:

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