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Rio Montreux Jazz Festival

17/11/2020 - 16:32h
Atualizado em 02/12/2020 - 15:12h


 

Reportagem: Miguel Sá
Fotos: Marcos Hermes

 

Foram 22 horas de música em mais de 20 apresentações entre os dias 23 e 25 de outubro. O Rio Montreux Jazz Festival foi o único da marca realizado este ano. O sucesso já faz a organização pensar em um formato híbrido em 2021.

 

Esta foi a segunda edição do Rio Montreux Jazz Festival, que aconteceu pela primeira vez em 2019. Durante quatro dias, foram mais de 40 atrações em oito palcos espalhados pelo Rio de Janeiro. Alguns deles gratuitos. Em 2020, o Rio Montreux foi transmitido pela internet e TV de quatro lugares diferentes: Rio de Janeiro (Hotel Fairmont Rio de Janeiro Copacabana), Minas Gerais (em Juiz de Fora, de onde se apresentou Milton Nascimento), Los Angeles e Nova York, de onde se apresentaram as atrações internacionais.   

 


Toquinho e Yamandú Costa
 

A qualidade do elenco e os encontros, parte tradicional do Festival, são importantes atrativos do evento.


Milton Nascimento se apresentou com Maria Gadu e Samuel Rosa. Tocaram no Hotel Fairmont o violoncelista Jacques Morelembaum; Jonathan Ferr; Yamandu Costa com Toquinho e o bandolinista Hamilton de Holanda com o pianista Amaro Freitas, entre diversos outros músicos.


 


O Funk Orquestra encerrou o festival

 

O Festival ainda teve nomes fundamentais da músca brasileira, como João Donato e  Roberto Menescal.


Destaque também para as atrações internacionais, como o coral gospel Sing Harlem, a cantora Macy Gray, Christian Scott e Stanley Jordan. O encerramento foi com o show dos músicos da Funk Orquestra,


que fizeram um passeio pela história do ritmo com clássicos de Bob Rum e MC Marcinho, indo ainda de Anitta até MC Kevin O Cris. A realização foi da Dream Factory e MZA Music.

 


João Donato: um dos grandes nomes da música brasileira estava presente no festival

 

Os bastidores técnicos

Por trás da bem-sucedida festa digital,


um esquema inédito deu sustentação ao festival de jazz que se tornou uma complexa live.


O hotel Fairmont, centro principal dos shows, se tornou uma espécie de estúdio de TV com três palcos. A equipe técnica era extensa, tendo Hugo Silva (MZA), Conrado Ruther (Direção de palco geral), Eduardo Hildebrandt (Stage Manager palcos do 4º andar), Dandara Povoas (Stage Manager palco do 6º andar), Marcos Ramos (Produtor infraestrutura e serviços), Leonardo Gontijo (Produtor infraestrutura, distribuição de energia e técnica), Carlos Jr. (infraestrutura, carga/descarga e operação) e mais produtores de diversas áreas.

 

 

Em um evento como esse, o papel de Paulo Januzzi, coordenador da parte técnica, infraestrutura e operacional, é fundamental. “É um ajuste que precisa ser pensado de acordo com as características de transmissão do evento. Inicialmente o planejado era transmitir para o canal do Rio Montreux Jazz Festival no Youtube, gerando o mesmo link para a Folha de São Paulo. Durante o processo de pré-produção foi negociada a transmissão para Claro TV, Canal BIS e Multishow”, coloca.

 

 

Por haver esta demanda variada pela transmissão, o cumprimento dos horários das atrações precisava ser milimétrico. “Como em qualquer grande festival, os horários foram respeitados o que contribuiu bastante com o cronograma do evento sem prejudicar a direção de transmissão comandada pelo Rodrigo Nascimento. Como transmitimos para o canal do RMJF no Youtube, gerando o mesmo link para a folha de SP e ainda Claro TV, Canal BIS e Multishow, a preocupação foi cumprir os horários da grade de transmissão dos canais em questão..Se a transmissão fosse apenas para o canal do RMJF no Youtube, não teríamos a necessidade de cumprir os horários tão metodicamente” reforça Paulo Januzzi. 

 


O Festival, que era um evento de rua, se tornou um programa musical a ser transmitido para internet e TV

 

Ainda que fosse preparado para a transmissão para a internet, o evento não deixava de ser um show ao vivo. Portanto, era necessário escolher profissionais com experiência tanto no segmento de sonorização como no de transmissão para internet.  

 


Paulo Januzzi

 

“No que diz respeito a sonorização para esse evento, contamos com a equipe da Lang Brothers, comandada pelo responsável Marcello Ferreira”, comenta Januzzi.

 


A sincronia entre som, luz e vídeo foi fundamental

 

A empresa cuidou de três palcos e um estúdio de broadcast, todos interligados em rede Dante com fibra ótica e todos os consoles Yamaha. a equipe de audio, teve profissionais como Conrado Ruther, engenheiro de áudio responsável pela direção de palco do evento como um todo. “Também contamos com os engenheiros de áudio Aurélio Kauffman, Marcelo Saboia, Renato Munoz e Rodrigo Duarte que contribuíram muito para a entrega final do audio dos shows com qualidade”, completa o coordenador técnico.  A luz ficou a cargo de Dinho Ventura Abravanel.

 


A iluminação foi projetada mais para filmagem que para efeitos cênicos

 

Havia ainda os shows externos. “Estes foram gravados antes em estúdio com a produção sendo feita diretamente pelo staff de cada artista. Recebemos as gravações alguns dias antes e soltamos para a transmissão de acordo com o line-up do evento. Foi um desafio colocar o backline de mais de 20 bandas dentro de um hotel com restrição de espaços”, diz Januzzi, agradecendo ainda toda a equipe do Festival e do hotel. “Por tudo que estamos vivendo, pela realização do festival com mais de 20 shows ao vivo em três dias, pelo envolvimento das equipes de produção, técnicas e fornecedores, sem dúvidas o balanço é muito positivo”, completa.

 

 

Iluminação

A parte de iluminação e painéis de LED, tanto para cenografia como no backstage, foi fornecida pela Inside, com a participação ativa dos sócios Bruno César, diretor comercial e coordenador de equipe durante todo período de montagem e evento, e Marcelo Gargaglione,  diretor de operações. A equipe de iluminação sob a chefia do light designer Dinho Ventura teve seis técnicos Iluminadores mais dois técnicos de Imagem (Tv / Painel de Leds) mais um técnico de TI para suporte sala de produção. “Esta é a primeira edição que participamos. Apesar da nossa parceria com a Dream Factory, por conta de outros eventos na mesma época, ano passado não tivemos como atender. Fomos convidados esse ano já em março ou abril. O Festival chegou a ter duas vezes a data adiada e acabou acontecendo agora em outubro, mas este ano estamos desde o início do projeto”, explica Bruno.

 


A Inside forneceu iluminação e estrutura dos palcos

 


No início do lock down ganhou força a ideia do cancelamento definitivo da edição deste ano, mas os organizadores chegaram ao formato de live e decidiram realizar o evento.


Inicialmente seria feito em vários hotéis espalhados pela cidade, mas no fim  as atividades foram concentradas em um local com vários palcos. “Havia várias atrações por dia. Não daria para fazer as trocas de palco todas, então ficamos com dois palcos internos e um na piscina (do hotel Fairmont). Um total de três palcos” comenta Bruno.

 

Aconteceram diversas reuniões virtuais entre Bruno, Marcelo e Dinho com o intuito de adaptar o rider do festival, concebido para shows convencionais nos palcos, para a situação de transmissão ao vivo, mais parecida com um estúdio de TV. “Dinho construiu um projeto consolidado. Nós fomos lá e montamos o que ele havia projetado”, diz Marcelo. “A preocupação era muito mais voltada para a transmissão. Então a preocupação era com os fresneis e elipsoidais. Dois dos palcos eram idênticos. O outro era na piscina, e os shows começavam por volta de dezoito horas. Tinha um início de por do sol e continuava noite adentro até por volta da meia noite. Então tinha que pensar que era uma luz que começava mais fria. A mudança entre as atrações era com os movings. De acordo com a banda, mudava para não ficar repetitivo, mas na luz de frente frente não tinha essa troca. O Dinho já tinha uma proposta muito pronta”, completa Bruno.

 

Entre as soluções postas em prática, teve um braço de 1,5m pra frente nas laterais dos palcos para colocar os fresnéis para luz de frente de forma a não colocar uma estrutura na frente do palco que atrapalhasse a parte estética das transmissões.

 

 

Logística

Nas visitas que fez ao hotel antes do evento, Marcelo Gargaglione percebeu que teria de solucionar diversos problemas para montagem e desmontagem. “O hotel não é preparado para evento. Então você imagina: encosta um caminhão de equipamento em uma entrada com um corredor de um metro de largura. Não tem uma porta para descarregar o equipamento, o elevador não passa...

 


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Você vai chegar no salão do evento em um elevador de um metro por um metro e tem que passar equipamento de som, de luz... Uma coisa interessante é que a estrutura de box truss de 4 metros não entra no hotel, porque não cabe no elevador. Esse foi o maior problema em logística. Sem contar que encostar um caminhão em Copacabana é sempre problema. Tivemos que usar estruturas menores. Mas aí dá um tremendo trabalho para montar, porque tem que colocar de pedacinho em pedacinho”, detalha o diretor de operações da Inside.

 


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A dificuldade extra eram os horários de montagem: o trabalho só poderia ser feito entre 10 horas e meio-dia – intervalo entre café da manhã e almoço do hotel – e, na parte da tarde/noite, entre 15 e 19 horas.


“Para um evento que começava na sexta, começamos a trabalhar no domingo anterior. Foi de domingo à quinta a montagem. Sexta foi o ensaio”,


detalha Bruno. Durante o evento trabalharam, na equipe, seis funcionários. Na montagem foram oito.

 


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“Tinha mais um rigger e um assistente de montagem, porque a estrutura foi montada 100% em cubos e ficou com mais de 4 metros de altura, então precisávamos de um rigger para poder fazer a subida do material. Durante o evento, dividimos a equipe de dois em dois nos três palcos. Dois nos palcos de cima, dois no palco da piscina, mais dois no painel de led e TVs”, finaliza Bruno.

 


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Áudio

A Lang Brothers foi a responsável pela sonorização, como fornecimento de toda infraestrutura de equipamentos de Áudio, TI e audio streaming do festival esse ano. Ano passado, na primeira edição, a Lang Brothers fez a sonorização do Palco Pixinguinha, no Parque de Madureira, e de mais quatro na Barra da Tijuca, Tijuca, Laranjeiras e Ipanema.

 

 

De acordo com Marcello Ferreira, sócio diretor da empresa, a configuração dos equipamentos foi escolhida em conjunto com os técnicos de mixagem do evento: Marcelo Saboia na transmissão das bandas ao vivo e Renato Munoz no broadcasting e apresentadores e conteúdo de Backup. “ Rodrigo Duarte e Juarez Barboza, o Bigu, foram responsáveis por toda infraestutura de TI e rede Dante e monitores dos Palcos 1 e 2 com o apoio do Matheus Madeira, da Yamaha do Brasil; Durval Barboza Engenheiro de TI .e Aurélio Kauffman,  responsável pelo P.A do Palco Principal na piscina do Hotel”, detalha Marcello.

 


Seis consoles, entre elas uma Digico, foram usadas no Festival

 

Durante o evento, foram usadas cinco consoles Yamaha e uma Digico SD8. Também havia dois computadores Mac Pro com Pro tolls HD 10 gravando multitrack e um terceiro computador monitorando toda a rede Dante com tráfego de dados no estúdio de Live Streaming com a operação de Wallace Mello”, conta Marcello.  A equipe de áudio ainda tinha Evanildo Oliveira, Marcos Azeredo, Arthur Oliveira e Naldo Pereira entre outros.

 


Os hóspedes do Hotel Fairmont Rio viram os shows da varanda de seus quartos (Hamilton de Holanda e Amaro Freitas).

 


O festival foi todo planejado para a transmissão ao vivo, mas no palco da piscina havia um pequeno público com 40 pessoas, mais 40 que se hospedaram no hotel especialmente para ver o Festival da varanda dos quartos..


“Sendo assim o que necessitávamos no palco principal era de uma distribuição ambiente homogênea escolhendo os melhores mais compactos equipamentos, pois também não podíamos interferir visualmente no cenário”, pondera Marcello Ferreira. No L&R e outfill foram usados sistemas da HK Audio, este último também para os apartamentos. Os subs foram os EAW JFX 88 A monitoração do palco da piscina ficou por conta monitores compactos Exo SM 16A da espanhola Idea Proaudio e sistemas de in-ears PSM 1000.

 

 

Áudio e TI em tempos de internet

Marcello Ferreira aponta a importância da parte de TI em um momento no qual as transmissões ao vivo pela internet ganham força. “Hoje em dia além de conhecedores e profissionais de áudio temos que ser imersivos em TI. O nosso sistema foi uma grande infraestrutura com todos os consoles e Racks interligados em uma grande rede Dante com Switchers Giga Bits profissionais com gerenciamento e conexões em Fibra óptica e cat 7, pois precisávamos receber nos nossos backbones de Live streaming e fazer o  broadcasting de todos os canais de todos os três palcos do evento. Para isso funcionar perfeitamente passamos quatro dias com todas as consoles, computadores e toda infraestrutura de fibra óptica rede Dante com cabos cat 7 que íamos usar no festival montadas no nosso galpão”, diz Marcello.

 


O cuidado com a qualidade de som para cada mídia foi uma das principais preocupações

 

No galpão da Lang Brothers foi feita toda a parte de configuração das consoles com as cenas dos artistas e todas as conexões primárias secundárias e de Backup que seriam usadas no festival. “Isso é uma coisa que não tem como se fazer no local porque, além de hora do gerador você depende de vários outros fatores físicos”, aponta Ferreira. O trabalho de configuração foi feito por Rodrigo Duarte e Juarez Barboza ( Bigú) com o apoio de Matheus Madeira, da Yamaha, e do engenheiro de TI Durval Barboza.

 

 

Durante a transmissão há padrões específicos a serem seguidos para manter a qualidade do som. “Para a masterização do som para a internet seguimos os padrões de lufs usados nas plataformas Multishow e canal Bis. Para isso tivemos mix separadas com os devidos Lufs utilizados em cada canal. Os Áudios pré gravados de Milton Nascimento e outros tinham seus players feitos pela Vmix plataforma de streaming e gerenciados pela central de Broadcasting para controle de qualidade e lufs com a operação de Renato Munoz”, finaliza Marcelo.

 


Mazzola é o idealizador do Rio Montreux Jazz Festival

 

 

 

 

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