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TBT Backstage: Acerte a microfonação no set de equipamentos

28/05/2020 - 17:03h
Atualizado em 30/07/2020 - 09:14h

No #TBT de hoje o assunto é microfone! Na edição 265, de dezembro de 2016, Clement Zular passa as coordenadas para o bom  uso  dessa  ferramenta fundamental.

 

redacao@backstage.com.br
Fotos: Divulgação

 

Do microfone de fita até aqueles que emulam o som de outros microfones, o equipamento, embora tenha sofrido algumas modificações ao longo do tempo, pouco mudou na sua essência. No entanto, a forma de usar esse equipamento é diferente em diversas situações e estar atento ao conceito ainda é a melhor forma de acertar na hora de microfonar. Em entrevista exclusiva à Backstage, Clement Zular, fala sobre o que levar em conta na hora da gravação.

 

 

Backstage – Quais os tipos e características dos microfones disponíveis no mercado?
Clement Zular -
Tem muita coisa nova, e os clássicos continuam sendo os clássicos. Cada vez mais valiosos, mas hoje também temos outros microfones fabricados em outros países de custo incrível que tem coisa muito boa e legais, como os microfones que emulam o note de outros microfones. Por exemplo, quero usar um 47, então ele emula, eu não testei isso, é uma grande novidade e teoricamente é bom. 

 

Backstage – Como eles se encaixam na demanda dos profissionais?
Clement Zular -
A vantagem é que se você tinha, é uma faca de dois gumes, o mercado está inundado com monte de microfones de tudo que é jeito, às vezes você pega 10 microfones de fabricantes diferente e ele é o mesmo, no caso de OM e tal, então você tem essa coisa de você não saber exatamente, está mais difícil saber o que é legal e o que não é, mas você pode ter microfones de preço alto ou de preço baixo, e cada um tem a sua aplicação.

 

Backstage – Quais são os tipos mais comuns para estúdio e para ao vivo?
Clement Zular -
Eu acho que microfone é microfone por enquanto não inventarem nada tão descrente e isso que acabei de falar de microfone que emula o próprio microfone é uma novidade. Já existiam coisas nesse sentido mas agora o cara fornece o microfone junto com o sistema, então quer dizer que a fonte é sempre a mesma e modifica a parte de uma fonte, não é só um plug-in que modifica alguma coisa. Então um microfone desses para estúdio você tem muitas possibilidades muito jogo de cintura para buscar sonoridade e etc e para palco você tem ao mesmo tempo uma série de microfones muito tradicionais, microfones de grife, subindo mais de valor, mas você tem outras coisas da mesma marca um pouco mais em conta que já começam a atender, quando você não precisa ouvir o refinamento ao extremo, tem muita coisa bacana.

 

 

Backstage – Qual a tecnologia em termos de microfones que está sendo mais usada nos dias atuais, tanto no ao vivo quanto para estúdio?
Clement Zular -
Olha, a tecnologia por exemplo não tem muita ambiguidade, então a maioria dos microfones são condensadores ou são dinâmicos, eu nunca parei de usar isso, mas felizmente descobri os microfones de fita, que são muito antigos, até mais antigos que os outros e alguns e você tem algumas versões desses microfones com modernizações também que são interessantes. Eu sempre achei que a grande inovação é o que já foi feito, que é o microfone que consegue emular o som de outros microfones e o custo é muito menor. 

 

 

Backstage – Quais os erros mais comuns em se tratando de microfonação, tanto em estúdio quanto em ao vivo?
Clement Zular -
Eu falo muito sobre microfones em muitos lugares e microfonação não tem forma. Então fazemos coisas mais inusitadas em termos de posicionamento de microfone, de utilização, e às vezes aquilo dá muito certo. Mas as regras básicas, se você quiser por exemplo não se dar mal microfonando alguma coisa, a melhor coisa é assim, vale aquilo que já é conhecido, vai nas regras básicas de posicionamento, de proximidade, tomando cuidados com fases, regras de 3 pra 1 por exemplo, e muitas técnicas conhecidas que já é um bom caminho para você não fazer besteira. Não só falando de microfones, mas cabo também é muito importante, que pode mudar completamente o som de um microfone, marca, modelo, a qualidade do cabo que pode realmente mudar muito isso, até com o que o músico estava querendo dizer com o que eles estavam compondo, tem que tomar cuidado com isso e os pré amplificadores também. Então é um conjunto de coisas o próprio conversor digital para gravar. Eu por exemplo estou testando uma novidade que nem está no mercado. Estou com um protótipo, uma coisa muito interessante, estou com um microfone que usa uma tecnologia, planar magnético, que é diferente de tudo isso que você vai ver no mercado. É um microfone americano da Audese, e ele estará em breve no mercado. Já está na minha mão, tive oportunidade com esse microfone, tive oportunidade com o primeiro digital da Neumann, que veio direto para a minha mão, então o privilégio de testar muita coisa, mas não tem muita coisa legal para comparar, então esse Audese é uma tecnologia bem interessante, diferente de tudo que tem aí.

 

 

Backstage – Quais os maiores problemas enfrentados na hora de captar o sinal?
Clement Zular -
Acho que o grande cuidado é o tipo de música que você está trabalhando. Certos tipos de músicas, o que você faz no meio do caminho, por exemplo, em rock, etc, fazem parte do processo criativo, até do processo de chegar no timbre da captação, então, o que você faz, olha que som legal que eu cheguei. Isso é uma coisa, outra é você gravar um instrumento acústico onde você já sabe qual o som daquele instrumento, tem que transferir o som daquele instrumento para a gravação que você está fazendo. Em uma gravação de orquestra que eu faço muito, é como se o cara estivesse sentado na plateia assistindo orquestra, então você quer exatamente o contrário, você não quer nenhuma modificação no som. Então acho que um dos maiores erros que você pode cometer é o erro de conceito. Você gravar uma orquestra sinfônica com som de sertanejo, ou o contrário, cada uma tem um conceito, um jeito de fazer, um tipo de microfone a ser usado, um posicionamento de microfone para usar, então acho que o maior problema é o conceito, o segundo é, falando de ao vivo, o grande problema que você tem por exemplo, que faz parte do meu trabalho é misturar banda com orquestra você tem um grande problema de bateria entrando nos microfones das cordas, em palcos menores, então vazamento por enquanto é um problema. Alguns acham que eu sou futurista de mais, mas daqui a alguns anos não vai existir mais vazamento de um microfone para o outro, ou a mesa de som, o software já vai ser entregue bonitinho para você. Acho que ainda é uma coisa meio visionária, mas que não vai demorar tanto para acontecer. 

 

 

Backstage – Como o ambiente influencia nessa captação e o que o profissional deve levar em consideração?
Clement Zular -
Eu quando gravo ao vivo uma orquestra, eu levo em consideração, eu também faço projeto de acústica, então na escolha dos meus microfones, eu levo em consideração a acústica do lugar. Se eu vou usar microfones omnidirecionais, as vezes o lugar não me permite isso, ou se vou usar microfones mais direcionais, então isso tudo a acústica é que vai me dizer muito sobre isso. Metade do som está em elétrica e acústica, então as vezes a pessoa vai fazer uma captação, ou então quer resolver um problema com o equipamento, o com equalização ou com outro tipo de coisa, então se você tiver com a acústica correta e com a elétrica correta, é só colocar o microfone certo e já está pronto. Acabei de dar uma palestra no Rio de Janeiro, no MAC, um evento comigo e o Tim Rescala sobre gravações para trilhas sonoras que temos feito, que é captação de orquestra como se faz lá fora, então é todo um conjunto, orquestra inteira, coro, solita, cantores, tudo em um só take. Então realmente tem que tomar muito cuidado onde você usa os microfones. Outra coisa que eu ia dizer para quem está iniciando é para tomar muito cuidado com o básico do básico. Quer dizer, microfone certo, lugar certo, e listagem de ganho, gravar com o nível correto no pré, e esse correto varia de equipamento para equipamento, mas tomar cuidado. Grava com um nível de sinal, não exagera no sinal, pode gravar mais baixo, estágio de ganho, nível de sinal, não deixar saturar, isso é muito básico, mas não deixar distorcer, gravar com o nível correto. Se isso for feito já não tem problema e gravar sem problema já é uma coisa ótima. 

 

 

Backstage – Como seria um microfone ideal, por que alguns artistas preferem determinada marca a outra?
Clement Zular -
Não existe microfone ideal, quando vamos gravar cantores em estúdio por exemplo, mesmo quando vamos fazer ao vivo, colocamos no ambiente oito microfones para o cantor, quando a produção permite, quando tem tempo, obviamente você já sabe o que vai funcionar ou não para determinado cantor. Mas isso é também uma maneira de aprender, usar oito microfones e pega uma hora para isso, faz teste cego sem saber qual a marca de microfone que está usando, tem microfone de 60 reais e tem de mil reais. Mas as vezes as surpresas são boas. Geralmente o que as pessoas preferem são sempre os mesmos, aquele que todo mundo gosta.

 


 
Backstage – Qual a importância de se ter um profissional capacitado em microfonação em estúdio e ao vivo?
Clement Zular -
Ao contrário dos meus colegas de profissão, quando eu comecei com home studio e todo mundo pode gravar em casa etc, todo mundo achou isso um absurdo, porque ia tirar o trabalho etc. Eu achava isso ótimo, de ter o processo criativo, das pessoas gravarem em casa, e o músico poder gravar qualquer hora do dia ou da noite, o mundo mudou, o curso das coisas mudou, então acho isso muito legal. Por outro lado, o cliente não sabe diferenciar isso, o músico, isso é uma discussão que temos, ouvido de músico e ouvido de técnico e ouvido de produtor são ouvidos muito diferentes. O que é outro lado dessa historia é a falta de conhecimento e de saber discernir. O que é um profissional muito experiente fazendo um trabalho, de uma pessoa que está fazendo na casa dela, pode ser que essa pessoa seja ótima, assim como existem técnicos de mão cheia hoje que fazem em casa e fazem com maestria. Então não é a condição, mas o grande problema é esse, que o músico não sabe mais discernir. 

 

 

Backstage – Qual seria a formação básica para que a pessoa vá pronta para o mercado?
Clement Zular -
Diferente de quando eu comecei, hoje existem cursos, mas acho que uma experiência de alguns bons anos é imprescindível. Para a pessoa saber realmente o que está fazendo, e adquirir experiência, um curso que além de fazer a pessoa aprender a microfonação na prática e principalmente entender o porquê. Eu brinco sempre que a pessoa precisa “pensar” como um microfone. Então é muito comum as pessoas me questionarem o meu posicionamento de microfones que eu faço, porque você quer uma coisa diferente. Eu uso muito para gravar orquestra, microfones subcardióides, para captar, mas a maneira como ele capta quando você posiciona não é igual a um microfone cardioide normal, direcional. Então, as pessoas as vezes não entendem e acham que o microfone está na posição errada, ou então um caso clássico é o trompista reclamar que o microfone está na posição errada, mas ele não sabe que em uma gravação de orquestra, o som da trompa dele não está ali no microfone que está perto dele, estará nos microfones que estão longe, e que o dele é apenas para dar foco e chamar para alguma coisa que precise eventualmente. Meus microfones são diferentes do que a maioria usa no mercado, ninguém usa um subcardioide num palco ou em uma gravação.

 

 

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