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SUMÁRIO / Matéria de capa

Gabisom e o carnaval no Rio de Janeiro

10/03/2024 - 19:00h
Atualizado em 22/03/2024 - 11:28h



Reportagem: Miguel Sá | Fotos: Riotur / Antonio Scorza / Marco Terranova / Alex Ferro / Thaís Espírito Santo

 

Na plateia, a atmosfera é de alegria. Entre os integrantes da escola é de concentração. Na equipe que faz o som da Marquês de Sapucaí, anos de prática e aprimoramento fazem com que todos saibam, de trás para frente, a sua parte no trabalho complexo que acontece nos mais de 600 metros da Avenida.

 

A montagem de todo o sistema começa por volta de cinco semanas antes do grande evento, como explica Peter Racy, da Gabisom. “Nos primeiros dias de montagem, a equipe é reduzida e todos fazem tudo: distribuição de equipamento, cabos, material etc. Em seguida chegam os reforços e começam as tarefas mais específicas. Aqui formam-se equipes para passar os cabos para as torres, montagem das caixas nas torres, passagem de fibras e cabos de sinal entre a central e as salas de rack, montagem das centrais, montagem das salas de racks, distribuição de energia, montagem dos carros de som e assim por diante. São aproximadamente 30 técnicos de áudio presentes na avenida, isso sem contar as equipes terceirizadas de câmeras, telemetria, carregadores, microfonistas, motoristas etc. Sem esquecer também do pessoal no depósito que separa, testa e carrega todo o material necessário”.

 

 

Precisão

Todo esse pessoal trabalha para que o som saia sem sobressaltos. Ao lado do último recuo da bateria, é possível ver a progressão das torres de iluminação acendendo a luz branca na medida em que as escolas de samba avançam nos mais de 600 metros da Marquês de Sapucaí. Tudo acontece em perfeita sincronia: enquanto abaixa o som amplificado da bateria na medida em que ela se aproxima do recuo, o som acústico fica cada vez mais presente. Essa transição não é percebida pelo público, que continua ouvindo um equilíbrio perfeito entre voz, harmonia e a bateria, esteja ela com som amplificado, acústico ou na transição entre um e outro. Quando esta entra no recuo, já não há o som dela amplificado nas caixas do setor. O que se ouve no local é o som acústico puro.

 

 

 

 

O caminho do sinal

Enquanto o caminhão de som progride na avenida, as vozes, os instrumentos de harmonia, e as baterias são captadas direto dos instrumentos ou pelos microfones. Na captação dos cerca de 300 membros da bateria, foram usados microfones Sennheiser, Audix e Shure. Os over são colocados em varas distribuídas em pares em cada naipe de instrumentos como surdo, caixa, repique e cuíca. Técnicos carregam os microfones acompanhando a progressão dos músicos na Avenida. O sinal sai dos caminhões para os estúdios montados no sambódromo tanto por meio de RF como pelos cabos de backup, que são fibra ótica e multicabo analógico.

 

As vozes - com oito intérpretes entre os principais e auxiliares - harmonia e bateria são enviados por transmissão sem fio e recebidos nos estúdios por uma Yamaha Rivage pilotada por Marcos Possato. Após a conferência da chegada dos sinais e a organização deles em grupos de voz, harmonia e bateria, eles são mandados para a mesa de mixagem - operada por Luiz Carlos T. Reis e Marcelo Saboia - e esplitados para a TV, que faz uma mixagem independente. A divisão dos canais acontece da seguinte forma: quatro são separados para cavaquinho, violão e mais outros instrumentos que a escola trouxer na harmonia, oito para as vozes e 12 para os microfones que captam a bateria, totalizando 24 canais por caminhão de som chegando no estúdio.

 

Após luiz Carlos e Sabóia mixarem, o som é mandado para a mesa do delay, operada por Valtinho. Nessa parte reside a alma do que o público ouve na Avenida. A referência para o delay é o caminhão de som. Quando ele entra em frente à primeira torre, já é acionada uma monitoração de posicionamento que acompanha a progressão dele pelos 37 pares de torres seguintes. O programa de delay é reajustado de acordo com o deslocamento do caminhão para que todos na avenida escutem o som amplificado sincronizado com a posição da bateria na Marquês de Sapucaí. Como o som do conjunto de instrumentos de percussão é muito alto, na medida em que ele chega mais perto de um determinado setor, as caixas de som localizadas nele ficam com o volume mais baixo, até que não haja o som da bateria amplificada, para que não fique “batendo” com o som acústico, causando problemas no que o público escuta. Por conta de todos os anos de experiência da equipe Gabisom na sonorização do carnaval, o equilíbrio entre o som amplificado e o acústico da bateria acontece de forma suave, sem sobressaltos.

 

 

 

 

 

O sistema de sonorização

Na Avenida Presidente Vargas, a chamada concentração, havia oito torres com três LS-9 (Norton) em cada. No Setor 1, havia cinco torres com 3 K2 da L-Acoustics em cada. Na entrada do Setor 1, na esquina da Marquês de Sapucaí com Presidente Vargas, fora usadas ainda duas torres com duas K1, da L-acoustics, em cada.

 

 

Nos recuos de bateria, que são dois, foram usados quatro Norton LS-8 com o suporte de amplifcadores Powesoft X4. No primeiro recuo ainda havia reforço para os Interpretes, com 3 ARCS II, da L-acoustics. No decorrer dos mais de 600 metros da Avenida, cada uma das 74 torres (37 por lado) tinha três caixas. “Atendendo à pista usamos uma L-acoustics K2.  Atendendo às frisas tivemos uma Kara (L-Acoustics) e servindo às arquibancadas, uma K1 (L-acoustics.)”, detalha Peter Racy.  

 

Para as arquibancadas da Praça da Apoteose, havia seis torres adicionais de cada lado, cada uma com três Norton LS-9, com suporte de amplificadores Powersoft X4. Os três carros de som usaram duas VTX (JBL) na frente e duas CQ-2 (Meyer) nas laterais. No total, foram usadas 311 caixas de som.

 

 

 

 

Poucas mudanças em um sistema complexo

O trabalho no sambódromo acontece há muitos anos e atingiu um estágio no qual as mudanças e aperfeiçoamentos acontecem em pequenos passos de ano para ano. “Trocamos os switches que gerenciam o tráfego de áudio digital e o controle e monitoramento dos amplificadores para unidades de 10Gb, contribuindo para melhora na estabilidade da rede. Também não houve mudanças de equipamento no sistema RF este ano. Apenas melhoras no posicionamento e distribuição das antenas e nas formas de conexão delas” aponta Racy.

 

Os anos de experiência da equipe no som do carnaval pode fazer com que tudo pareça muito simples, mas Peter Racy faz um relato que deixa claro a complexidade e o tamanho do sistema: “Considere que cada caixa foi posicionada independentemete - separada das outras, e não em array - ; que cada caixa teve de ser cabeada independentemente- separada das outras; que cada caixa precisou ter um amplificador para tocá-la; que cada caixa recebe um sinal individual e independente; que cada sinal individual corresponde a uma saída de uma enorme matriz de áudio e a um canal de saída de mesa, que segue instruções de diversas linhas de programação, tudo sincronizado no tempo, evoluindo conforme a posição física da bateria durante o desfile, e que tudo precisou ser montado, configurado, testado e estar funcionando 100% por 100% do tempo…. Aí começa a transparecer o volume da obra. E quando está tudo cem por cento montado e testado, montamos e testamos todos os sistemas de redundância, o que equivale a uma nova montagem completa de todo o sistema de sinal e transmissão” expõe o profissional da Gabisom.

 

 

 

 

Show no Desfile das Campeãs

O ano de 2024 foi o da comemoração dos 40 anos da inauguração do Sambódromo. Por conta disso, aconteceu o show Apoteose do samba – 40 anos, no qual Anitta, Zeca Pagodinho e Alcione cantaram um playback e percorreram a Avenida em cima de um palco antes do Desfile das Campeãs. “No começo da montagem, nos foi solicitado fornecer um sistema de IEM (in ear) que seria utilizado pelos artistas para ouvir o playback da trilha.  Para isto foram instaladas 12 antenas ao longo da avenida, a partir de três pontos centrais, onde boosters, combiners e conversores de fibra distribuiam as antenas.  Ficamos apreensivos com esta demanda de última hora, pois apesar de ser apenas um sinal de RF a ser transmitido, temíamos que, em se tratando de IEM, a reçepção seria mais complicada uma vez que os body packs não são diversity (A/B), e que as regiões que recebiam a cobertura de mais de uma antena, poderiam causar fugas”, explica Peter Racy. Não houve problemas durante o evento.

 

No desfile das campeãs, desfilaram as seis escolas melhores colocadas. A primeira da noite foi a Unidos de Vila Isabel, seguida pela Portela, Acadêmicos do Salgueiro, Acadêmicos do Grande Rio, Imperatriz Leopoldinense e a campeã Unidos do Viradouro.

 

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